ARTES VISUAIS

Por Ludimila de Oliveira / Baobá Counica

 

A exposição “Carne Viva”, das artistas Karin Cagy e Paula Boechat, apresenta no Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas, a partir de 17 de agosto de 2024, 50 obras que abordam o corpo como mensuração do tempo no universo feminino.

Exposição “Carne Viva”

Paula Boechat e Karin Cagy

Abertura: 17 de agosto de 2024 (sábado), das 14h às 17h

Até 29 de setembro de 2024

Visitação: Quinta a domingo, 10h às 17h

Curadoria: Shannon Botelho

Entrada gratuita

Com forte carga expressiva, Karin Cagy problematiza o corpo em suas obras, enquanto Paula Boechat o utiliza como instrumento da pintura. As obras convidam à reflexão sobre a vida e a passagem do tempo, ressignificar a relação com o universo feminino e, sobretudo, a desconstruir preconceitos e estereótipos.

O Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Corpo Vivo”, das artistas Karin Cagy e Paula Boechat, no dia 17 de agosto de 2024 (sábado), das 14h às 17h, com curadoria de Shannon Botelho. A mostra, trará 50 obras que transitam entre desenhos, pinturas e instalações.

Em “Carne Viva”, Karin Cagy e Paula Boechat exibem os seus trabalhos mais recentes, nos quais exploram ideias sobre o corpo e o tempo, destacando como ambos imprimem suas marcas, limitações e finitude. A condição feminina em um contexto de pressões patriarcais, misóginas e do mercado da beleza ideal orienta os discursos das artistas. O tempo, antes visto como mera sucessão de horas, agora se destaca como marca da experiência, sagacidade e consciência.

“Ao contrário do que se poderia imaginar, todos os valores que poderiam ser negativamente abordados, aqui assumem um caráter positivo frente à própria existência. Tempo, corpo e vida, operam nesta exposição como ferramenta de sublimação da dor e terreno fértil para os desejos”, destaca Shannon Botelho no texto curatorial. 

Após anos trabalhando no mercado da moda, Karin Cagy agora se dedica a criar uma narrativa libertadora para os corpos femininos através de suas obras. Em pinturas e desenhos a artista utiliza peles, rugas, rendas e tecidos como elementos visuais e instrumentos de reflexão acerca do cruel etarismo imposto às mulheres. Os corpos fragmentados em seus trabalhos, rejeitam os padrões estéticos tradicionais, celebrando uma beleza que é um manifesto pela libertação do desejo autêntico.

Desde 2023, após uma meningite bacteriana, Paula Boechat ficou com surdez profunda, resultando em um intenso “zumbido de mar” no cérebro, similar ao som de uma praia deserta, como relata a própria artista. Apesar da reabilitação auditiva e dos implantes ainda sem sucesso, esse zumbido tem influenciado as abstrações da sua pintura, trazendo à tona tons de azul que serão apresentados em “Carne Viva”.

“Karin Cagy e Paula Boechat oferecem ao público uma oportunidade de repensar condutas, ressignificar a relação com o mundo feminino, e, sobretudo, de desconstruir preconceitos e estereótipos que interrompem os fluxos de vida e castram os sonhos”, reforça o curador.

AS OBRAS

Das 50 obras conjuntas apresentadas na exposição “Carne Viva”, Karin Cagy exibirá três instalações, desenhos e pinturas em pequenos formatos e em diversas superfícies, totalizando 38 trabalhos.

Instalação “Vestido”: “Quantas camadas cabem no seu corpo”

Criada a partir de uma moulage de 10 metros de diversos tecidos pregueados em algodão que “derretem” em várias direções. Esta peça é um mix de fazeres ancestrais femininos passados de mãe para filha, incluindo crochê, rendas, tingimentos de chá e costura à mão. Moulage é uma técnica de modelagem onde a construção é feita diretamente sobre o corpo de modelo vivo ou busto de manequim, respeitando as curvas do corpo.

Instalação “Trajetória”

Composta por 36 pés de madeira (o dobro do número cabalístico 18 que significa vida), formas de sapateiro antigas, garimpadas em feiras de antiguidade, onde a artista pintou em cada uma o pé de uma mulher madura em sua diversidade de cores, formas e ornamentos.

Instalação “Superfície”

A instalação inclui 15 espelhos nos quais a artista pintou um olho de uma mulher madura em cada um, acomodados em suportes feitos para objetos tecnológicos, como tablets e telefones celulares.

Além das instalações, serão apresentados 10 desenhos de partes do rosto de mulheres maduras em papel de renda; nove pinturas a óleo em pequenos formatos; duas pinturas em superfície de toalha plástica de renda; cinco desenhos com sanguínea em toalhas e lençóis antigos; seis pinturas a óleo e duas aquarelas.

Nas pinturas e desenhos de partes do corpo de mulheres maduras, há um paralelo traçado entre as rugas e as rendas, gerando um debate sobre a pele, a costura da pele, estética e intervenções.

Paula Boechat, cuja arte sempre se centrou no corpo e na sua matéria visceral, recentemente reposicionou sua abordagem artística. Agora, suas pinturas revivem todas as sensações e percepções, com o corpo – ainda em processo de reabilitação motora – como protagonista. Tendo o azul como cor predominante nas suas obras, Boechat apresenta em “Carne Viva” sete pinturas em médios e grandes formatos, de até 2 metros, como “Carne/ Corpo”, medindo 1,99m x 1,50m; “Nas Profundezas”, com 1,50m x 1,22m, ambas de técnica mista; e “Sentindo na carne”, acrílica sobre tela, de 1,50 x 0,83 cm, todas essas produzidas em 2024.

AS ARTISTAS

Karin Cagy, 1972. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. 

Através da pintura e do bordado a artista busca debater o ageismo e o lugar feminino no mundo, promovendo uma discussão sobre a força e a delicadeza, estética e padronização. O corpo da mulher sempre foi seu objeto de debate, buscando enfatizar a potência feminina através da passagem do tempo. A todo momento seu trabalho revisita a insubmissão com toques de humor e nos remete à sua vivência com a moda e com a liberdade. Há um paralelo sendo traçado entre costuras, rugas e rendas. Estudou Moda na Faculdade Cândido Mendes e Desenho Industrial na Faculdade da Cidade. Trabalhou por 27 anos como estilista na indústria de moda carioca. Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – RJ, onde estudou com Astréa El Jaick, Gianguido Bonfanti, Charles Watson, Luiz Ernesto e Bruno Miguel.

Paula Boechat, 1976, Rio de Janeiro. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Estudou desenho e pintura na Universidade da Califórnia em 1996. De 1997 a 2001 frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e em 2000 se formou em Desenho Industrial. Em 2002, frequentou l’École des Beaux Arts em Paris onde residiu por 3 anos. Desde 1998 desenvolve projetos em pintura, vídeo, instalação, fotografia e performance. Ganhou o “Prêmio Rio Jovem Artista” da RIOARTE em 2000. Na mesma época conheceu Gabriela Moraes com quem formou a dupla Paula Gabriela, realizando exposições no Brasil e no exterior. A dupla explorava a perda da identidade no mundo contemporâneo, suas conexões e desconexões, através de fotografias, performances e instalações. Trabalharam juntas por 10 anos e receberam diversos prêmios. Paula Boechat já expôs seu trabalho em diversas cidades no Brasil e no exterior.

SERVIÇO:

Exposição “Carne Viva” – Paula Boechat e Karin Cagy

Curadoria: Shannon Botelho

Abertura: 17 de agosto de 2024 (sábado), das 14h às 17h

Até 29 de setembro de 2024

Visitação: Quinta a domingo, 10h às 17h

Local: Centro Cultural Memorial Municipal Getúlio Vargas

Endereço: Praça Luís de Camões, s/n, subsolo – Glória – Rio de Janeiro

Entrada gratuita

Informações para a imprensa: 

Ludimila de Oliveira

75 99944-2223

ludimilaoliveira30@gmail.com 

(@ludimila_oliveira)