DANÇA

Por Alessandra Costa

 

Sesc Copacabana recebe o espetáculo Tudo é Natureza

Com cinco performers em cena, construindo uma instalação viva, o espetáculo Tudo é Natureza estreia dia 12 de setembro, no Mezanino do Sesc Copacabana, com oito apresentações, trabalhando com o encontro entre corpos e resíduos plásticos coletados e trabalhados por cada um.

Idealizado pelo Coletivo Objetos em Redes e realizado pela Companhia Os Dois, a montagem objetiva reimaginar um mundo mais sustentável, e fornecer espaço para diferentes perspectivas dentro da discussão de sustentabilidade, além de provocar um impacto local. No espetáculo são encenados movimentos e performances criados coletivamente, a partir da interação de cada bailarino acerca dos materiais “partners”.

Nesse espetáculo os materiais plásticos (sacos transparentes, sacos brancos e prendedores de cabelo) ‘atuam’ como parceiros nas coreografias, já que são eles que provocam a reflexão e a inspiração para a criação dos movimentos e das cenas. A instalação movente vai se constituindo num tempo lento, delicado, tornado potente pelo forte estado de presença de todos, o que prevalece sobre o alargamento do tempo”, explica Giselda Fernandes, diretora e coreógrafa do espetáculo.

Tudo é Natureza começa com os performers usando sacos plásticos no rosto, como se fossem véus que provocam o sopro, a respiração, ato tão vital à vida. A partir daí, começam a montar em seus corpos, imagens que remetem a colunas vertebrais humanas e estruturas de animais, logo depois desconstruindo as imagens criadas na cena anterior, seguindo para uma crítica ao consumo e ao super acúmulo. Por fim, o “desfile” culmina em uma escultura viva feita pelos cinco intérpretes.

“Trabalhamos com resíduos que os performers, oriundos de diferentes regiões do RJ, colecionam e investigam. A provocação foi feita aos 5 performers e suas experiências vividas a partir do olhar de cada um e as suas relações com o seu entorno. Entendemos isso como uma atitude política, a movimentação no ponto de diálogo com o objeto imerso num tempo alargado, na contramão do tempo acelerado e das demandas que vivemos”, pontua a diretora.

Giselda Fernandes é bailarina e coreógrafa, investiga o olhar humano sobre as questões ambientais há mais de 20 anos, reforça ainda que “o processo se baseia na eliminação de fronteiras entre arte e natureza, entre corpo e objeto, entre cidade formal e informal, entre hoje e amanhã: presencialmente ou on-line nos afetamos e queremos afetar a todos com os desafios de co-criar o mundo das futuras gerações”, reflete Giselda Fernandes.

O Brasil é o quarto país que mais produz lixo no mundo, segundo a Organização Não Governamental WWF, são 11.355.220 toneladas de lixo com apenas 1,28% desse montante sendo direcionado para o processo de reciclagem. A partir desses dados e uma conversa com o ambientalista indígena, filósofo e imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, que o Coletivo Objetos em Redes questiona a relação dos objetos plásticos e os humanos pertencerem ao mesmo ecossistema. Durante a conversa, o Coletivo foi surpreendido com a seguinte frase/resposta de Krenak: “Tudo é natureza”.

“Essa frase foi tomada como desafio para o novo espetáculo, pesquisar como pequenas formas borram o limite do corpo e objetos plásticos. Como dar um sentido dramatúrgico e coreográfico a esta frase e como colocar este desafio em cena? Assim, dando continuidade ao desenvolvimento do conceito de objeto-partner há mais de vinte anos, aplicado nos trabalhos da coreógrafa e da companhia é também na contínua insistência de dar uma resposta artística às questões ambientais”, afirma Giselda.

Ela explica ainda que, em função desse problema, uniu-se a pesquisa da Os dois com o objeto-partner, o conceito busca explorar e criar novos usos entre nossos corpos, com os objetos para a criação de produções artísticas. Com 20 anos de pesquisa, o objeto-partner também é motivado pelo estudo dos próprios artistas participantes.

“A própria performance está apoiada na reutilização dos objetos descartados. Desse modo, lixo, resíduo e inutilidades se tornam potências artísticas para expressões fora do cotidiano, enriquecendo o olhar das pessoas sobre as possibilidades dos objetos”, conclui Giselda.

SINOPSE

Tudo é Natureza, o quarto trabalho do Coletivo Objetos em Redes procura responder a um desafio que surgiu em uma conversa de Ailton krenak com o Coletivo, quando questionado a relação dos objetos plásticos e os humanos pertencerem ao mesmo ecossistema, o Coletivo foi surpreendido com a seguinte resposta de Krenak: “Tudo é natureza, pode ser natureza estragada, mas é natureza”. Para sensibilizar o olhar humano para as questões ambientais, cinco bailarinos performers, moradores de diferentes pontos da cidade utilizam em cena resíduos plásticos que são matéria prima para as apresentações.

 

 

FICHA TÉCNICA

Idealização / Concepção: Giselda Fernandes e Hilton Berredo (in memorian) Diretor e, Coreógrafa: Giselda Fernandes

Performers:

Diogo Nascimento

Lucas Silva Santos (Casul0)

Mana Lobato

Marlúcia Ferreira

Samy Raposa

Assistente de Direção e Coreografia: Tais Almeida

Iluminação: Lilian da Terra

Captação e edição de Imagens: Luís Guilherme Guerreiro

Música Original: Gabriel Matriciano e João Mello

Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa

Redes Sociais e projeto gráfico: Raquel Oliveira

Diretora de Produção: Cacau Gondomar

Realização: Os Dois Produções Artísticas e Coletivo Objetos em Redes

SERVIÇOS:

Espetáculo Tudo é Natureza

Dias : 12, 13, 14 e 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro de 2024

Quinta a Domingo

Horário: 20h30

Local: Mezanino do Sesc Copacabana

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira) Informações: (21) 2547-0156

Bilheteria – Horário de funcionamento: Terça a sexta – de 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.

Classificação indicativa: Livre

Duração: 55 minutos

Lotação: Sujeito à lotação

Gênero: Dança

CURRÍCULOS

OS DOIS PRODUÇÕES ARTÍSTICAS 

Fundada em 1992, para produzir seus próprios espetáculos, performances  de rua, exposições e oficinas sob direção de Giselda Fernandes e Hilton  Berredo. Até 2000, Giselda Fernandes, à frente da produtora, produziu e  dançou coreografias de Paulo Marques, Ana Vitória, Aírton Tenório e Roberto  Anderson. A partir de 2001, Giselda passa a produzir suas próprias criações  coreográficas. Principais projetos realizados: 2022 – Espetáculo Residual  (circulação em 6 unidades do Sesc Rio); 2022 – Performance / Espetáculo  Restar (circulação em 5 Lonas e Arenas Culturais Cariocas); 2021 –

Instalação Coreográfica Objetos em Redes (realizado de forma híbrida no  Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro e veiculado através do  Youtube); 2020 – Vídeo performance Objetos em Redes (gravado em  diferentes pontos da cidade durante a pandemia do coronavírus e veiculado  através do Youtube. Patrocínio Prince Clauss Fund e Instituto Goeth); 2019  – Lançamento do livro “Sobre Cisnes” com apresentação do espetáculo  homônimo no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro; 2018 –

Castelos e Redes: estamos em Obras (Sesc Copacabana) e a Performance  de rua Como Anda sua Água indicada ao prêmio CESGRANRIO de Dança  2018; 2016 – Sobre Cisnes / Ocupação Sobre Cisnes e Convidados; 2012 – ´Jogo sem Objetos`, 12 apresentações do espaço Sesc de Copacabana  agosto de 2012 e 12 apresentações no Teatro do Centro Cultural Justiça  Federal Outubro e Novembro de 2012; 2010 – Pet na Rede Performance e  Videodança várias intervenções no aterro do Flamengo; 2009 – ‘Jogo de  Objetos’ – Instalações e Performance inédita, apresentadas e realizadas no  Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica; 2009 – ‘Jogo de Garrafões’ – Na 2ª  Temporada de Ocupação do Teatro Cacilda Becker; 2009 – ‘Oãfarrag’ – apresentação deste espetáculo dentro do evento ‘Viradão Carioca’ no CCCRJ  em 6 de junho, e também, no evento ‘Semana Angel Vianna’ dia 20 de  junho; 2009 – Realização da 1ª ‘Temporada de Ocupação do Teatro Cacilda  Becker’; 2009 – Performances ‘Ataques ao Largo do Machado’ – Foram  apresentadas 4 Performances de intervenção urbana denominadas Ataques  1, 2, 3 e 4 ao Largo do Machado

COLETIVO OBJETOS EM REDES 

O coletivo nasce do projeto Objetos em Redes, iniciado em 2019/2020 com  apoio do Prince Claus Fund e Instituto Goethe, a partir de uma inquietação  da artista Giselda Fernandes com questões ambientais e sociais, quando  naquele momento convoca 8 performers para criação de uma  videoperformance estreada em novembro de 2020. Essa parceria se  consolidou em março de 2021, quando realizaram juntos uma Instalação  Coreográfica no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, com  patrocínio da Lei Aldir Blanc. O espetáculo foi filmado ao vivo e veiculado  através do Youtube; Em 2022 a parceria entre a Companhia Os Dois e o  Coletivo se consolidou e surgiram dois novos projetos: Espetáculo Residual  (vencedor do Sesc Pulsar, com realização de circulação em 6 unidades do

Sesc Rio); Performance / Espetáculo Restar (vencedor do edital FOCA 2021  para circulação em 5 Lonas e Arenas Culturais Cariocas).

GISELDA FERNANDES 

Bailarina, coreógrafa, produtora e professora, graduada em Licenciatura em  Dança pela Faculdade Angel Vianna (2004) com pós-graduação na  UniverCidade (2006), começou sua carreira como bailarina profissional em  1983 no Ballet Oficina do Rio de Janeiro, desde então tem atuado em várias  companhias de dança e espetáculos solo. Em 1993 funda Os Dois Companhia  de Dança e Os Dois Produções Artísticas Ltda. Produziu e dirigiu diversos  espetáculos, atuou na confecção e aprovação de projetos na área de Dança  e Artes Visuais. Em 2011 passa a representar o Global Water Dances no  Brasil e recebe o apoio através do Fundo de Apoio à Dança (FADA  2011/2012) da Prefeitura do Rio de Janeiro para manutenção da companhia.  Com sua premiada companhia, Os Dois Cia de Dança, produz espetáculos  para o palco e performances onde o corpo e o objeto se relacionam. Em  2014 Recebe o Fomento a Dança Carioca da Prefeitura do Rio de Janeiro  para o projeto de pesquisa Sobre Cisnes. E em 2015 recebeu o Prêmio Klauss  Vianna da Funarte para montagem do espetáculo solo Sobre Cisnes. Desde  sua inauguração em 2004 é residente para ensaios no Centro Coreográfico  da Cidade do Rio de Janeiro. Em 2019 lança o livro sobre o espetáculo Sobre  Cisnes. Em 2020 é contemplada no edital Prince Clauss Fond e Goethe  Institut com o projeto Objetos em Redes. Em 2021 realiza com o coletivo  Objetos em Redes uma Instalação Coreográfica pelo FOCA/RJ. Em 2022  circulou pelo SESC/RJ com o espetáculo RESIDUAL pelo Sesc Pulsar e pelas  arenas cariocas com o espetáculo RESTAR pela Lei Aldir Blanc/RJ. Tem larga  experiência como professora de Ballet Clássico e leciona em estúdio  particular, Dinâmica Muscular, método do Professor Ceme Jambay de quem  é aluna desde 1986. De 1998 a 2004 ministra aulas de Ballet Clássico e  Dinâmica Muscular no curso técnico da Escola Angel Vianna. De 2005 a 2009  cria programa de dança contemporânea para a Escola Estadual de Danças  Maria Olenewa. Desenvolve e aplica metodologia própria em oficinas de  dança com objeto, com o conceito próprio criado, objeto-partner.