OPINIÃO

Por Eduardo Alves

 

A linguagem é inata, mas para conhecer o idioma originário é necessário aprender. É importante, quando pensamos e organizamos linguagem, idiomas, símbolos, conhecer ao menos um pouco de dois alfabetos, para, inclusive, reconhecer que o cérebro humano é o grande criador. O que se pode chamar de “alfabeto oriental”, na verdade uma forma milenar da escrita criada há mais de 4 mil anos que influenciou, entre muitos, China, Japão e Coreia, não usa letras (como é um alfabeto que nós latinos e latinas conhecemos) e sim símbolos e sinais chamados de ideogramas que representam mais ideias e conceitos.

O alfabeto latino, por sua vez, foi criado no século VII a. C e já sofreu várias modificações nos últimos 2500 anos. O cérebro é flexível e, mesmo sem que seja possível conhecer totalmente, mesmo nos dias atuais, cria e apresenta organizações múltiplas para a potência humana criativa. A origem é natural, mas não constante, pois mesmo o natural sofre alterações que se apresentam socialmente com criações humanas em um conflito contínuo de inteligências que se organizam para o poder que domina todos os tempos. A humanidade se divide em poderosos, organizadores do poder, dominados de múltiplas localizações ambientais.

Várias criações humanas existiram em todos os tempos, mesmo antes dos sapiens, mas foi na fase sapiens que tais criações foram marcantes. Muito presente na humanidade, passando pela ciência, pela tecnologia, tão presente em discursos e ideias do tempo atual (ainda que sempre existente nos sapiens), nas artes, nas múltiplas formas de mobilidades, na criação de vários pontos de apoio, na invenção de milhares pontos ideológicos que incentivam pessimismo e otimismo, nas diferentes organizações de fé e do sobrenatural, enfim, em tudo que há socialmente e que as pessoas pensam ou sentem como influências para além de universalmente reconhecido. Ou seja, os seres vivos humanos, no tempo atual sapiens sapiens, viveram e viverão grandes transformações, seja para reforçar dominação e opressão ou para superar com o amor e a liberdade. Os conflitos existirão sempre no ambiente humano, a questão é fazer com que a estética da inteligência seja predominante em todos os ambientes e não a estética da guerra.

Desde que criamos o bipedismo no nosso corpo, que se firmou como uma superação permitiu seres humanos enxergarem para além do horizonte, ao ponto de criar as falsas visões do futuro, esse pode ser almejado, desenhado, arquitetado no cérebro das inteligências … mas o que realmente existe é o tempo presente, que precisa beber do passado para superar os próprios desenvolvimentos conquistados.

Todos os tipos de fé sobre o desconhecido e o sobrenatural nutrem de inspiração para avançar no real, independente das diferentes crenças que colocam a humanidade com a possibilidade de ir além do que pode ser. Entre ilusão, mentira e nutrição espiritual, pode-se construir dissonâncias a favor da vida.

A humanidade naturalmente tem um cérebro que construiu a ciência e pode progressivamente se aproximar do real e transformar. Com isso não eliminou os vários saberes e sentidos que se amalgamaram no tempo, muito pelo contrário, a mistura dos sentimentos e dos sentidos colaboraram para o racional avançar do cérebro humano para o social. E sim, a Ciência criada pelo cérebro humano, explica o real e cria a possibilidade de organizar o social. E as inteligências coletivas precisam dos sentidos e sentimentos, com o impulso da solidariedade e da empatia, para avançar em inteligências coletivas que serão sempre superiores e podem articular o natural, o social e o artificial em favor da vida.

Estamos ainda na fase que as inteligências coletivas marinam a vida para organizar o natural, o social e artificial para o poder onde poucos podem ter muito para dominar e as multidões possam pouco para sobreviver e conviver nas múltiplas dimensões do viver. Já há acúmulo no aprendizado da neurociência para saber que as múltiplas singularidades podem se amalgamar e reforçar para ampliar a potência humana da criação pelo bem viver. A linguagem é um grande trunfo inato para desenvolver e superar os limites e todas as pessoas aprenderem socialmente os desenhos das comunicações que podem impulsionar o coletivo humano, defender a vida e ampliar a importância da sobrevivência. E já há como aprender que o cérebro se comunica dentro e fora do corpo e, ainda que seja natural, elaborou e elabora diversos conhecimentos para avançar com empatia e solidariedade para conquistar inteligências coletivas, que juntas as singularidades em construções sociais que formam a potência dos sentimentos e dos sentidos até a racionalidade em favor da vida. Assim se faz o futuro que queremos construir no presente, com sinapses sociais potentes em defesa da dignidade humana.

A questão é que a humanidade não é ainda um movimento de amor, conhecimentos, resiliência, acolhimento, mas existem formas de ódio, rancor, dominação, poder, controle que seguem disputando todo o tempo. Para construir a dignidade humana no mundo muita organização, empatia com simpatia, amor, será necessário existir, com a maior inteligência, que precisará ser coletiva, potente e criadora. Conhecer o que já foi acumulado e produzir com múltiplas inspirações da potência criativa em favor da vida é um desafio constante para nós que queremos um mundo contrário do que persiste. Um mondo sem dominação, organizado pelo sentido do amor e motivado pela racionalidade em favor da dignidade humana.