POLÍTICA

Por Carlos Contente

 

Inciativa do Brasil à frente da presidência do G20 que tem como objetivo atender a um dos principais objetivos da Agenda da ONU 2030 que é a eliminação da pobreza e da fome no mundo

Nesta quarta-feira 24 de julho de 2024 foi realizada a sessão de abertura da Reunião Ministerial da Força-Tarefa do G20 para uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, inciativa do Brasil à frente da presidência do G20 que tem como objetivo atender a um dos principais objetivos da Agenda da ONU 2030 que é a eliminação da pobreza e da fome no mundo.

Recebendo 30 ministros internacionais assim como as lideranças do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do Banco Africano de Desenvolvimento e do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), o local escolhido não poderia ser mais adequado: o galpão da Ação da Cidadania, ONG lançada pelo sociólogo e “irmão do Henfil”, Herbert de Souza, o Betinho, referência em ações da sociedade civil contra a fome no Brasil, situado na região do “Porto Maravilha” entre os galpões das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, os novos empreendimentos na zona portuária e o Morro da Providência. Sob um céu azul de dia ensolarado as cores e formas naturais só não contrastam mais do que a realidade social; repórteres e cinegrafistas da imprensa nacional e internacional buscavam o melhor enquadramento para capturar na paisagem, pobreza e riqueza em choque encaixadas em uma imagem.

Em discurso de abertura da reunião desta Força Tarefa do G20 chanceler Mauro Vieira fez alusão a um local próximo, o Cais do Valongo e sua triste história nos séculos passados como porto de chegada de africanos escravizados em contraste com o belíssimo legado do sociólogo Betinho e da Ação da Cidadania. O Ministro do |Desenvolvimento Social Wellington Dias comentou dados do último relatório da ONU, que foi lançado na reunião, sobre O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (#SOFI2024) de que a curva da pobreza extrema que vinha paulatinamente caindo no mundo voltou a crescer a partir de 2019. O relatório anual, adverte que o mundo está falhando gravemente em alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2, Fome Zero, até 2030.

Em discurso, o presidente Lula destacou que nada é tão absurdo quanto a persistência da fome e da pobreza e nenhum tema é mais atual para a humanidade; fez referência ao escritor brasileiro, cientista social, geógrafo, médico e ativista no combate à fome Josué de Castro – “A fome é a expressão biológica dos males sociais”. Lula afirmou que a fome decorre de decisões políticas e que o que falta é criar condições de acesso aos alimentos.

“A Fome e pobreza estiveram cercados de preconceitos e interesses. A globalização neoliberal agravou este quadro.” E, se referindo à dados do relatório anual, o presidente delineou: “A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo”

O Ministro da Fazenda Fernando Haddad ressaltou a importância de taxar os super ricos, criticou a falta de compromisso dos bancos internacionais com a liberação de recursos no combate à fome e à pobreza e defendeu a aplicação de um imposto de dois por cento sobre grandes fortunas que poderia arrecadar de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões por ano, equivalente a “cinco vezes o montante que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao enfrentamento da fome e da pobreza em 2022”, segundo o Ministro.

Deputada carioca Lúcia Marina dos Santos, a Marina do MST.

Presente no auditório e entrevistada pela redação da Pressenza no Rio de Janeiro, a deputada carioca Lúcia Marina dos Santos, a Marina do MST, considerou:

“É muito importante o Brasil estar aqui hoje como referência e com o presidente Lula lançando esta Aliança Global contra a Fome. Eu estou aqui como deputada e como presidente da Comissão de Segurança Alimentar da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, justo para aproveitarmos este potencial da gente articular as ações dos municípios, estaduais e federais, mas também fortalecer as iniciativas da sociedade civil, especialmente em um dos grandes pilares que o ministro do Desenvolvimento Social, acabou de falar, que é a produção de alimentos e a produção de alimentos saudáveis. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra /MST já demonstrou para a sociedade o seu papel importantíssimo no tema da produção de alimentos, tanto que hoje o MST é considerado o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Eu acho que este é o potencial que nós temos como conquistas dos movimentos sociais no Brasil. Então, também está aí a necessidade da democratização da terra no país e de colocar nesse bojo da Aliança Global Contra a Fome, políticas que fortaleçam essas iniciativas da agricultura familiar, das áreas de reforma agrária, de potencializar as áreas é dos quilombos e comunidades indígenas.”

Links externos:

https://www.acaodacidadania.org.br/

https://www.fao.org/brasil/noticias/detail-events/pt/c/1707863/

https://www.brasildefato.com.br/2024/07/24/a-fome-decorre-de-escolhas-politicas-diz-lula-em-reuniao-do-g20

https://www.un.org/sustainabledevelopment/hunger/