Por Roberto Mistrorigo Barbosa*
A 3ª Marcha Mundial pela Paz e Não-violência propõe um mundo mais justo, democrático e pacífico, onde a educação desempenha um papel central na transformação social. Dois dos principais objetivos da marcha – a refundação das Nações Unidas com maior participação da sociedade civil e a promoção da Não-Violência Ativa na educação – nos chamam a refletir sobre a crescente precarização da educação imposta por governos neoliberais.
Dentro da proposta da 3ª Marcha de refundar as Nações Unidas com a democratização do Conselho de Segurança, encontramos ali a intenção de que o Conselho priorize várias áreas, dentre elas, a Educação.
No entanto, os governos neoliberais, ao desinvestirem em educação e promoverem a privatização, violam esses princípios. O corte de investimentos, a transferência de escolas para a gestão privada e a imposição de um currículo enxuto, focado em avaliações padronizadas, não só reduzem a qualidade da educação, mas também ampliam a desigualdade e a exclusão social, gerando mais violência. Violência que se traduz de todas as formas imagináveis.
Promover a Não-Violência Ativa na educação, como propõe a marcha, é reconhecer que a precarização educacional é uma forma de violência estrutural. O neoliberalismo, ao priorizar o mercado sobre o bem-estar social, introduz uma série de práticas que prejudicam profundamente o ambiente educacional:
Cortes orçamentários e subfinanciamento: Reduzem a capacidade das escolas públicas de oferecerem uma educação de qualidade, forçando alunos e professores a trabalharem em condições inadequadas.
Privatização e parcerias público-privadas: Transformam a educação em mercadoria, acessível apenas àqueles que podem pagar, marginalizando ainda mais os grupos vulneráveis.
Salários baixos e contratos temporários para professores: Desvalorizam os profissionais da educação, comprometendo a continuidade e a qualidade do ensino.
Currículo enxuto e avaliações padronizadas: Limitam o desenvolvimento crítico e humanístico dos alunos, preparando-os apenas para o mercado de trabalho, e não para a cidadania plena.
Para transformar a educação em uma verdadeira força de mudança, é essencial adotar práticas de Não-Violência Ativa. Isso implica rejeitar a lógica neoliberal e promover uma educação que valorize o diálogo, a colaboração e a solidariedade. Uma educação que empodere os estudantes, forme cidadãos críticos e comprometidos com a construção de um mundo mais justo.
A cultura da paz, que a marcha defende, exige um compromisso global com a educação pública, gratuita e de qualidade. Necessitamos de políticas que aumentem o financiamento, valorizem os professores e assegurem um currículo inclusivo e crítico. Só assim, poderemos superar a cultura da imposição e da violência, criando um futuro baseado na paz e na cooperação.
A 3ª Marcha Mundial pela Paz e Não-violência nos oferece uma visão de mundo onde a educação é central para a transformação social. Criticar o modelo neoliberal e suas práticas violentas é um passo crucial para alcançarmos essa visão. Que possamos nos unir nessa jornada, fortalecendo a luta por uma educação que, em vez de precarizar, emancipe e transforme.
*Roberto Mistrorigo Barbosa é um defensor da educação como ferramenta de transformação social e colaborador da 3ª Marcha Mundial pela Paz e Não-violência.