Estamos assistindo no mundo e, nos dias de hoje (05.24), a calamidade no Estado do Rio Grande do Sul. Nas redes sociais em especial e, com menos ênfase e fakes News nas mídias corporativas, o assunto está em voga. Corremos os riscos, sem alardes, daqui a cem anos, não termos mais condições de sobrevivência no planeta. São vários os relatórios, documentários curtos ou longos e estudos que apontam os riscos de calamidade generalizada no mundo. Onde uma parte do mundo sofre com alagamentos, a outra parte sofre com o calor e secas, e vice-versa. Pior, o que antes acontecia de 10 em 10 anos ou mais, passou acontecer quase que anualmente.

Poluição do ar, da água e do solo são normalizadas pelo sistema capitalista (suas corporações), que nunca pensam 10 anos à frente, mas somente no lucro imediato. Sempre foi assim, desde seus primórdios feudais, na era das Grande Navegações, do mercantilismo, até sua versão atual, financista. Com o advento da aceleração das transformações tecnológicas e digitais, este impacto, que viajava de caravelas, passou a viajar de foguete. Encurtando e muito a vida no planeta, em consequência do crescimento geométrico da poluição e da escassez do que deveria ser bem público e não produto, como a água, o alimento e o próprio ar que, pelo “andar do foguete”, logo será vendido em latas, como as cervejas e sucos hoje. Mel Brooks, no filme SOS Tem um Louco no Espaço, sátira de Guerra nas Estrelas, denuncia a situação, quando seu personagem, caricato do Dart Vader, abre uma lata de O2 e dá uma “cafungada” nela. A Estrela da Morte, no filme do Mel, é um enorme robô de empregada doméstica (anos 50), com um grande aspirador de pó, sugando o oxigênio do planeta. Nossa água já virou commoditie, como nossos grãos e minerais. Nada mais é um bem público, mas bem de consumo, como nos vende o sistema capitalista a alto custo.

Os alarmes são emitidos pelos órgãos competentes, como ONU e organizações civis. Relatórios são pedidos por governos, mas não são divulgados para a população e, o maior e mais sentido aviso nos é dado pela NATUREZA. Que busca o equilíbrio do mundo, mesmo que este possa passar por nossa extinção no Planeta e, para aqueles afortunados (os donos das mesmas corporações) possam viver em plataformas espaciais ou, como o “meme” nas redes sociais, estudamos plantar árvores em Marte, mas não plantamos na Terra. O sistema cuida bem dos seus, o restante, 90% ou mais da população, são hoje considerados externalidades – problema dos governos, ou do que sobra para os governos mínimos (neoliberais).

Fato é… aqui em Maricá, o que fazemos ou discutimos, para além de garantir o mínimo de distribuição de renda entre a população empobrecida? O governo e a população têm consciência do que poderá vir a ser o nosso futuro no meio de tanta calamidade? Aqui vale uma observação: de minha parte, ignoro os negacionistas e a extrema direita reacionária, neonazista. Com eles não tem discussão, pois nunca nos ouvirão, mesmo em um deserto sem água, sedentos, não pedirão por uma chuva – vão negar o calor. Faz parte da sua índole a negação. Perda de tempo. Mas caso acordemos para o problema, mesmo negando, eles também serão beneficiados, pois nós acreditamos e insistimos na humanidade.

Em Maricá, temos a possibilidade de grandes projetos, de portos a megas condomínios, tudo nos é possível. Mas se o pensamento for só no crescimento financeiro, nosso futuro será o mesmo daquele pequeno país insular (arquipélago), Tuvalu, que pode ser o primeiro país a sumir, com a elevação do nível dos oceanos. Aqui adoramos cortar árvores e colocar “frondosas” palmeiras para dar sombra para a população. Nossas praças para exercício da terceira idade são a céu aberto, sem sombras. Transformamos a praça Orlando de Barros Pimentel, na praça Orlando de Porcelanato Pimentel, cheia de palmeiras e poucas remanescentes árvores. Em Niterói, como rápido exemplo, tem seus problemas também, hoje com o novo gabarito de construção, que a exemplo do Rio Grande do Sul, liberou áreas de preservação para construção. Lá, temos o Campo de São Bento, com suas árvores frondosas, e a sua temperatura é 2º mais baixa que do seu entorno. Aqui cortamos as árvores e cimentamos as calçadas, sem as devidas preocupações de mobilidade. A maioria das calçadas, são tobogãs horizontais.

Se não houver mais um golpe no Brasil, retornaremos ao crescimento de antes da fatídica Lava Jato. A especulação imobiliária que já existe, tende a aumentar. A possibilidade de empresas voltarem a pensar em se instalar no município pode virar realidade (mesmo com o problema da falta de água, saneamento e energia). O crescimento populacional deve continuar em proporção maior que a atual. Se não houver por parte do governo, preocupação maior do que a existente hoje, poderemos nos tornar um município riquíssimo, onde uma meia dúzia vai viver muito bem obrigado, enquanto o restante da população passará por um processo de gentrificação ainda maior.

Temos possibilidades de ser um grande município. O sonho de ser um cinturão verde é possível, basta organizar a população afim, pôr em prática os estudos de mobilidade e urbanísticos, que não ignorem as questões climáticas, de desenvolvimento humano e sustentável (para todos). Nosso investimento em Educação, Saúde e Cultura, deve ser para além de prédios, deve conscientizar a população das soluções e problemas, bem como da sua participação mais efetiva nas decisões de governo. Não nos interessa é…ventos, como nos dizia Délcio Teobaldo, nos interessa eventos que deixem rastro e heranças para a população.

Neste ano temos eleições municipais. No Brasil, como em Maricá, estarão em jogo dois projetos: um que tem o negacionismo, o retorno a idade média, como pressuposto de vida. Nesta visão de mundo, educação, ciência, cultura sequer são meros detalhes, e sua visão de mundo está voltada para aquela ínfima parcela de poucos privilegiados, mesmo que nunca venham a pertencer ao clube dos privilegiados; o outo projeto, pensa mais na sua população, na sustentabilidade dela e do ambiente em que ela vive. Deve ser um projeto que alie o melhor da ciência, da tecnologia e do digital, com o melhor dos saberes tradicionais. Sua visão de mundo, é a favor da humanidade e da sustentabilidade do planeta. São estas duas visões que estarão em jogo, em disputa no mês de outubro.

Na hora de votar, pense naqueles de seu entorno, imagine como ficariam suas vidas e de seus netos, a partir da visão de mundo de cada uma das propostas. Que venha outubro e o resto de nossas vidas com sustentabilidade, ética e desenvolvimento econômico e social.

Sérgio Mesquita
DM-PT Maricá


Link de alguns textos e matérias sobre o clima e cidades sustentáveis, etc…
https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/aopcao-da-europa-pelas-trevas/

https://www.instagram.com/reel/C6rfKNnvsv9

https://outraspalavras.net/terra-antropoceno/

https://outraspalavras.net/crise-brasileira/tragedia-gaucha-e-a-arte-de-cegar

https://outraspalavras.net/descolonizacoes/navegando-nas-aguas-da-agrobiodiversidade

https://outraspalavras.net/cidadesemtranse/cidades-esponja-resposta-da-china-as-tormentas

https://www.wribrasil.org.br/noticias/planejamento-integrado-de-solucoes-baseadas-na-natureza-e-essencial-para-resiliencia?gad_source=1&gclid=EAIaIQobChMI5cKsvP2ChgMVIEFIAB3hrA17EAAYAiAAEgKnqPD_BwE&utm_medium=cpc&utm_source=google&utm_campaign=Solucoes_Baseadas_na_Natureza&utm_content=Planejamento_integrado_de_solucoes_baseadas_na_natureza_e_essencial_para_resiliencia_urbana&utm_term=cidades%20sustent%C3%A1veishttps://www.abrainc.org.br/sustentabilidade-e-urbanismo/2023/03/01/solucoes-urbanas-sao-o-caminho-para-cidades-mais-eficienteshttps://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/artigos-e-estudos/a-agrossilvicultura-como-solucao-climatica/?gad_source=1&gclid=EAIaIQobChMI-aX_o_6ChgMVQ2JIAB0YPQOhEAAYAiAAEgKAXvD_BwE