TEATRO

Por Marrom Glacê

 

Idealizada por Natasha Corbelino, escrita por Cecília Ripoll e dirigida por Juliana França, montagem inédita leva ao palco 20 atrizes conversando com direitos e deveres de modo divertido e fluido tendo como base a Constituição de 1988.

 

“E quando a galinha é sua, mas bota ovo no terreno do vizinho? De quem é o ovo?”. A pergunta que abre “CONSTITUIÇÃO: o ovo ou a galinha?” já insinua os questionamentos aos quais a peça se propõe. Texto inédito de Cecilia Ripoll a partir de uma longa pesquisa de Natasha Corbelino, o espetáculo dirigido por Juliana França leva à cena 20 atrizes plurais a partir do dia 30 de maio às 20h na Arena do SESC Copacabana. A peça leva ao palco uma discussão sobre direitos e deveres de modo divertido e fluido, unindo o documento histórico com o saber fazer de artistas da cena.

No palco, muitos Brasis. Uma dramaturgia nacional inédita, escrita e dirigida por pessoas jovens e com percursos consistentes. Em cena, com maioria não-branca, estão atrizes negras, indígenas e brancas, não-bináries, transgêneras e cisgêneras. Na trama, só uma cerca separa os terrenos vizinhos, e um personagem adquire uma galinha bem peculiar: ela só consegue colocar ovos no terreno do vizinho. E aí, de quem são os ovos? Essa é a pergunta chave que move a ficção por caminhos surpreendentes, no desejo de promover reflexão e debate. “Constituição: o ovo ou a galinha”, é uma peça-debate-arena calorosa que traz para o centro da roda e para a boca do povo a Constituição Brasileira conversada com humor.

A peça teve sua origem em 2016 quando, no dia do golpe contra Dilma Rousseff, Natasha decidiu trabalhar com a Constituição Brasileira nos Arcos da Lapa. Desde então, a artista passou a pesquisar a Constituição Brasileira e performar artisticamente sobre o tema em muitos projetos como, em 2020, passou 7h falando a palavra “constituição” no YouTube do Museu da Maré no dia 7 de setembro daquele ano. Em 2021, foram 8h ao vivo no Oi Futuro Flamengo lendo a Constituição Brasileira como parte do projeto “Boleto em Cena”, cuja proposta era que boletos de pessoas trabalhadoras da Cultura fossem pagos enquanto a ação performativa acontecia. Alguns editais com projetos coletivos, um Mestrado na UFRJ e muitas ações artísticas depois, realizadas da Maré, Jacarepaguá e Japeri a UNICAMP e Museu da Mulher, em Bonn (Alemanha), um espetáculo teatral totalmente inédito chega à cena.

“O que o teatro faz, e nossa peça celebra, é um ato precioso de dar a ver camadas de Brasis em luta com uma linguagem estética que ilumina e é iluminada pela ética coletiva que só a cena partilha com o público. Com a criação, as pessoas na plateia podem bordar mais possibilidades de lidar com o real e a expansão de estratégias de manutenção da pulsão de Vida. Nossa peça evidencia o que falta e o que sobra na nossa Constituição como sociedade democrática. Nossa cena causa conversa plural ao mostrar e estimular que muitos pontos de vista tomem a palavra, o corpo, tomem uma posição em relação a uma questão aparentemente simples: de quem é o ovo?”, pondera Natasha.

Imaginar a Constituição do Brasil como matéria essencial da cena foi algo fundante para elaborar a peça como uma prática plural com protagonismo de mulheres plurais, com representatividade. “A Constituição de 1988 é tida como exemplo mundial enquanto avanço de conquistas sobre direitos das minorias. Mas, talvez pelo linguajar mais formal e institucional, pelas letras miudinhas ou por uma soma de fatores, há algo na Constituição que faz com que guardemos dela uma certa distância. Através da ficção e do humor estabelecemos uma troca franca e direta com o público, quebrando a ideia prévia de ser algo muito complicado. E, quando nos damos conta, estamos construindo pensamentos por uma via não elitizada, despida de pompas e cerimônias”, acredita Cecília Ripoll.

Para dar conta de uma encenação com elenco numeroso, o ponto de partida da diretora Juliana França, junto com a diretora assistente Jessyca Meyreles e Camila Rocha, responsável pela Direção de Movimento e Preparação Corporal, foi desenvolver características de um coletivo. “Bem como fora feito nas constituintes em 1987 e 1988, onde pessoas do Brasil inteiro pensaram, sonharam e idealizaram um futuro de Brasil. Assim, tivemos como base o sistema coringa proposto por Augusto Boal, entendendo que todas seriam as coringas-protagonistas responsáveis por contar essa fábula proposta pela Cecília. Uma história tramada e contada por 20 mulheres em plenária: apresentam-se propostas e reconstituem-se fatos, evidencia-se contradições e apontam caminhos. Na plenária, através da fábula, imagens surgem e fazem com que a teatralidade transborde”, finaliza Juliana.

 

 

SERVIÇO:

Temporada: 30 de Maio a 23 de Junho

Dias da semana: Quinta-feira a Domingo

Horário: 20h

Local: Arena do Sesc Copacabana

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro

Informações: (21) 2547-0156

Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)

Bilheteria – Horário de funcionamento:

Terça a sexta-feira – 9h às 20h / Sábados, domingos e feriados – 14h às 20h

Classificação indicativa: 10 anos

Duração: 80 minutos

Lotação: 245 lugares (sujeito à lotação)

FICHA TÉCNICA:

Idealização, Pesquisa e Gestão de Projeto: Natasha Corbelino

Direção Artística: Juliana França

Dramaturgia: Cecilia Ripoll

Elenco: Bárbara Assis, Carol França, Carolina Godinho, Clarisse Dessaune, Débora Crusy, Emili Lemos, Geandra Nobre, Larissa Siqueira, Leah, Leona Kali, Lívia Laso, Marcia do Valle, Marilene Oliveira, Milena Monteiro, Milu Almeida, Monique Vaillé, Natasha Corbelino, Nil Mendonça, Raynna, Renata Tavares.

Direção Assistente: Jessyca Meyreles

Direção de Movimento e Preparação Corporal: Camila Rocha

Direção Musical e Trilha Sonora Original: Marta Supernova

Direção de Arte: Daniele Geammal

Assistência de Arte: Bea Araújo e Lore Simões

Iluminação: Lara Cunha

Assistência de Iluminação e Operação de Luz: Tayná Maciel

Montagem de Luz: Juquinha

Acessibilidade Libras: JDL Traduções

Memorial Crítico: Gisa Monte

Orientação da Pesquisa (Mestrado Natasha PPGAC da UFRJ): Adriana Schneider

Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação

Foto e Vídeo: Renato Mangolin

Mídias Sociais: Patrick Lima

Programação Visual: Lucas Moratelli

Assessoria Jurídica: Silvia da Cunha Vieira _ Humana Arte diálogo e convivência

Alimentação: Malu Berlinck

Estágio de Produção: Clara Berlinck

Estagiários de Direção de Arte: Thácio SantAnna e Thiago Manzotti

Produção Executiva: Nuala Brandão

Direção de Produção: Aliny Ulbrich e Raissa Imani _ Kawaida Cultural

Parcerias institucionais: Fórum de Cultura UFRJ, FUTUROS – Arte e Tecnologia, Instituto Martim Gonçalves, Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), Museu da Maré, Coletivona e Grupo Código

Realização: Corbelino Cultural