ARTES VISUAIS
Por Marrom Glacê
Governo Federal, Ministério da Cultura, Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo apresentam “Casa Pública”
Ocupando praças com intervenções artísticas para a população carioca e ainda oferecendo um seminário, ação tem sua segunda edição formada por artistas mulheres que apresentam quatro trabalhos inéditos de artes visuais.
Pelo segundo ano consecutivo, o projeto “Casa Pública” adentra três praças cariocas para levar arte com acesso gratuito à população. Na primeira semana de abril a intervenção artística formulada, dirigida e executada por Mery Horta e Mariana Paraizo para renovar e ampliar o público de artes visuais adentra as Praça Afonso Pena (Tijuca, 05 de abril), Praça XV (Centro, 06 de Abril) e Praça de Realengo (Realengo, 07 de abril), sempre das 10h às 16h. Nestes dias, ações artísticas desenvolvidas apenas por artistas mulheres periféricas estarão ao alcance das mãos daqueles que se propuserem à imersão numa experiência artística a céu aberto. Unem-se à Mery e Mariana as artistas Andrea Hygino e Mariana Maia, esta última indicada ao 15º Prêmio PIPA (2024). A realização do projeto se dá graças à contemplação pela Lei Paulo Gustavo.
“Cada uma realizará uma intervenção artística inédita. Estamos com um corpo profissional quase inteiramente feminino, contando também com profissionais não-binários. Desde a nossa primeira edição convidamos artistas que trazem em suas pesquisas elementos em comum com nosso projeto: o fazer da arte ligado à esfera pública e comunal, o pensamento crítico sobre os modos de habitar o mundo. Agora, para nossa 2ª edição do Casa Pública, essa ideia continua. Convidamos duas artistas cujos trabalhos e pesquisa admiramos, e que já trabalham conosco como colegas de exposições em galerias e museus há anos. Mariana Maia e Andrea Hygino são grandes nomes da arte contemporânea brasileira, e antes disso, são companheiras de trabalho com uma admiração mútua já expressada anteriormente. É um grande prazer e privilégio trabalhar com uma equipe assim”, sintetiza Mery Horta.
A temática do evento passa por uma poética próxima à anterior, porém mais contundente sobre questões do doméstico e da divisão dos espaços na cidade. “Pensamos as diversas figurações de cercas, muros e fluxos, sejam eles sutis ou violentos. As distinções entre vida pública e privada, atividade doméstica e pública e fronteiras geográficas se tornaram mais indefinidas nas bolhas virtuais que frequentamos, por meio de aplicativos e redes sociais. É, no entanto, na presença dos corpos nas praças, ambientes comunais da cidade por excelência, que enxergamos uma oportunidade de transpor os repetitivos caminhos que os algoritmos nos oferecem até um ‘outro’ desconhecido”, adianta Mariana Paraizo.
Entendendo a importância de instituições como museus e galerias, que possuem uma estrutura mais tradicional para recepção e fruição de arte, a proposta do Casa Pública é ter nos trabalhos artísticos e na própria presença das artistas um contato direto com o espaço mais popular, da rua, da criança, do idoso, da pessoa em situação de rua, pessoas que muitas vezes não acessaram o museu ou a galeria de arte. Contando com quatro trabalhos inéditos de artes visuais, a ação de realizar intervenções artísticas nas praças dialoga com questões do público e do privado, do íntimo e do compartilhado, integrando e interferindo na paisagem cotidiana.
“Acreditamos que lugar de arte é na rua, criando vias para mais pessoas participarem de propostas artísticas, interferindo, interagindo e mutabilizando paisagens e estruturas. É ver a arte acontecer com vento, poeira, barulho, e qualquer interferência que passa a compor o trabalho no momento mesmo em que acontece. Um dos artistas que temos como referência é Marcelo Conceição, que teve por muitos anos na sua arte o lugar do artista camelô. Marcelo faz sua arte com materiais que encontra na rua, e costumava expor seus objetos e composições belamente em calçadas, feiras de praça movimentadas, entre outros lugares, sempre chamando a atenção de muitas pessoas por meio de panos avermelhados que destacavam os mais variados elementos de sua arte”, pontua Mariana.
Assim como na edição anterior, nesta o projeto Casa Pública lança mão de mais um seminário voltado ao público em geral interessados em crítica de arte e estudantes da graduação de cursos de arte da cidade do Rio de Janeiro. Coordenado pela curadora e crítica de arte Bruna Costa, o 2º Seminário Casa Pública levará discussão e produção de textos críticos acerca das intervenções artísticas realizadas, e acontecerá dia 04 de maio às 14h no Paço Imperial (Sala dos Archeiros).
“Esse encontro entre artistas e estudantes é extremamente fértil para ambos. Sentimos o interesse crescer coletivamente sobre a criação considerando reflexões sobre fatores sociais, econômicos, estéticos, enfim, de um grupo diverso, com experiências variadas. Durante o seminário os estudantes trazem suas pesquisas e reflexões críticas sobre o que ocorreu nas praças. Assim, se instaura um ambiente aberto para perguntas do público, falas das artistas, como uma grande conferência conjunta”, finaliza Mery Horta, reiterando que, após o seminário, os textos dos estudantes que participarem são publicados em um catálogo e lançado no site www.casapublica.com.br.
SERVIÇO:
“CASA PÚBLICA”
05 de Abril (6ª feira) – Praça Afonso Pena – Tijuca
06 de Abril (sábado) – Praça XV – Centro
07 de Abril (domingo) – Praça de Realengo – Realengo
Horário: 10h às 16h
Participação Gratuita
SEMINÁRIO:
04 DE MAIO (sábado)
Horário: 14h
Local: Sala dos Archeiros / Paço Imperial
Endereço: Praça XV de Novembro, 48 – Largo do Paço
Entrada Gratuita