A PRESSENZA chamou já muitas vezes a atenção para o papel não-defensivo mas preponderantemente ofensivo da OTAN. Por exemplo neste artigo, neste, neste, neste, neste, neste, neste ou neste.
O perigo atual da eclosão duma III Guerra Mundial, está estritamente associado ao papel expansionista da OTAN para o Leste da Europa, iniciado em 1999 com o brutal (e completamente ilegal) bombardeamento da Sérvia, continuado depois com a enorme expansão da OTAN desde então para mais 16 países do leste europeu (desrespeitando as promessas feitas pelo Ocidente a Gorbachev, após o desmembramento da União Soviética, de não expandir a OTAN um único milímetro nessa direção) e, por último, com a provocação e o apoio da guerra da Ucrânia (sobretudo sob o pretexto de a quererem integrar também na OTAN).


Como impedir a III Guerra Mundial

Na semana passada, completaram-se 75 anos desde que foi fundada a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) logo a seguir à II Guerra Mundial. Ela surgiu na sequência de alguns dos acontecimentos mais turbulentos da história da humanidade.

A União Soviética tinha perdido 27 milhões de vidas para derrotar a Alemanha nazi. A China perdera mais de 20 milhões numa guerra muito mais longa contra o Império do Japão. Os britânicos tinham sido arrasados: as suas colónias passaram fome, foram abandonadas e divididas. A Europa estava em ruínas.

Os Estados Unidos, por outro lado, emergiram dessa guerra economicamente mais fortes e, depois de Hiroshima e Nagasaki, protegidos pelo terrível poder da bomba atómica. Rapidamente usaram esse seu novo poder para lançar um projeto de hegemonia global. “O objetivo da política dos Estados Unidos deve ser o de manter a preponderância do seu poder“, dizia um memorando do Departamento de Estado (Ministério dos Negócios Estrangeiros) em 1947.

A OTAN era uma peça fundamental desse puzzle: foi fundada a 4 de Abril de 1949 com a missão explícita de “dissuadir o expansionismo soviético” e de estabelecer uma “presença norte-americana permanente no continente [europeu]”.

A OTAN afirma ser uma força a favor da democracia. Mas, desde o seu início, armou, protegeu e promoveu algumas das forças mais reacionárias da sociedade europeia: O regime brutal do Estado Novo de António Salazar, em Portugal, foi membro fundador da OTAN – e manteve-se como peça fundamental dessa organização durante toda a ditadura fascista; e Adolf Heusinger, um oficial nazi de alta patente e aliado próximo de Hitler, procurado na União Soviética por crimes de guerra, viria a tornar-se mais tarde presidente do Comité Militar da OTAN.

A OTAN insiste em afirmar ser um garante da liberdade. Mas não é preciso olharmos muito para trás para encontrarmos as suas impressões digitais em várias tentativas de esmagar as aspirações populares de soberania: Ao apontar para o apoio da OTAN ao regime de Salazar e às suas guerras coloniais em África, o primeiro-ministro indiano, Jawaharlal Nehru, criticou a Aliança na Conferência de Bandung em 1955, chamando-lhe “uma das mais poderosas protetoras do colonialismo”. De facto, todos os membros fundadores da OTAN eram grandes potências coloniais. E, na década de 1960, havia mais de uma dúzia de bases da OTAN no Norte de África, incluindo um local destinado a testes nucleares.

A OTAN jura que é uma aliança defensiva. Mas, ao longo da sua história, tem destruído e desmantelado Estados inteiros. De acordo com uma investigação levada a cabo pelo projeto “Costs of War” (Custos da Guerra) do Instituto Watson na Universidade de Brown, as guerras pós-11 de Setembro que foram impostas aos povos do Afeganistão, Iraque, Paquistão, Síria, Iémen, Líbia e Somália, custaram 4,5 milhões de vidas e forçaram dezenas de milhões de pessoas a serem vítimas da pobreza e da emigração involuntária.

Agora, a OTAN está a tornar-se global. A sua recente Conceção Estratégica refere-se à África e ao Médio Oriente como os seus “vizinhos a Sul”. E, na sua Cimeira de 2023 em Vilnius, a OTAN emitiu um comunicado em que reiterou a postura estratégica da organização anteriormente delineada: As “ambições declaradas da China (…) desafiam os interesses, a segurança e os valores [da OTAN]”, exigindo um pivot da OTAN do Atlântico para o Pacífico.

À medida que as ambições crescentes da OTAN aumentam, e com elas as tensões até ao ponto de ebulição em várias frentes, tornou-se imperativo desmascarar a sua missão violenta e desmantelar essa máquina de guerra.

É por isso que a Internacional Progressista trabalhou com parceiros de todo o mundo para apelar a um dia de ação global por ocasião do 75º aniversário da OTAN. Ao longo duma semana, ativistas de seis países diferentes – EUA, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Itália e Colômbia – levaram a cabo uma série de ações para desafiar a OTAN e desmascarar a sua propaganda.

No mês passado, juntamente com a revista Jacobin e Abby Martin, produzimos um vídeo sobre a história da OTAN. Por favor, veja-o abaixo e partilhe.

Solidariamente,
Secretariado da Internacional Progressista