ARTES VISUAIS
Por CWeA Comunicação
O artista português, convidado pela 35ª Bienal de São Paulo, em 2023, para criar uma obra especialmente para aquele espaço, e que em 2022 ocupou o Palácio de Cristal do Museu Reina Sofia, em Madri, com a intervenção “Contra la extravagancia del deseo”, irá mostrar em sua primeira individual na Nara Roesler trabalhos inéditos e recentemente produzidos no Brasil, e ainda instalações que criará no espaço expositivo. Ele chegará a São Paulo no dia 14 de fevereiro.
Nara Roesler, São Paulo
Abertura: 24 de fevereiro de 2024, das 11h às 15h
Carlos Bunga fará uma visita guiada à exposição às 13h
Até: 20 de abril de 2024
Texto crítico: Ivo Mesquita
Entrada gratuita
Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar a partir de 24 de fevereiro de 2024, das 11h às 15h, a exposição “Habitar Juntos”, com trabalhos recentes e inéditos produzidos no Brasil pelo artista Carlos Bunga, nascido em 1976 no Porto, em Portugal, e que vive e trabalha perto de Barcelona, Espanha. A mostra é acompanhada de texto de Ivo Mesquita, e apresenta elementos-chave da pesquisa do artista que há mais de 20 anos tem a pintura expandida como cerne de sua produção, traçando relações próximas com a arquitetura, a instalação, o vídeo e a performance. No dia da abertura, Carlos Bunga fará às 13h uma visita guiada à exposição. Ele chega a São Paulo, para montar suas instalações na exposição, no dia 14 de fevereiro.
Caixas de papelão e fita adesiva são materiais recorrentes da produção de Carlos Bunga, amplamente utilizados em trabalhos instalativos que conformam espaços híbridos, suscetíveis a serem modificados, como foi o caso da intervenção “Mausoléu”, realizada em 2012 e que ocupou o octógono da Pinacoteca de São Paulo, e, mais recentemente, da intervenção “Contra la extravagancia del deseo”, que ocupou o Palácio de Cristal do Museu Reina Sofia, em Madri, em 2022.
Na Nara Roesler, Carlos Bunga propõe dois trabalhos com esses materiais. Na vitrine da Nara Roesler estarão estruturas arquitetônicas construídas com papelão. E ocupando grande parte do espaço expositivo, caixas de papelão dispostas uma ao lado da outra precisarão ser atravessadas pelo público, para seguir o percurso da exposição. O trabalho se baseia na ideia de perda de territórios geográficos e sociais, e se assemelha a “Occupy”, uma recente instalação realizada no Museu de Arte Contemporânea de Toronto, em 2020. A partir desses materiais precários e efêmeros o público é convidado a ir além da contemplação do projeto, percorrendo as estruturas e integrando-se a elas.
Em “Habitar Juntos” o público verá também trabalhos com camadas de cores craqueladas. O artista inscreve camadas de tinta sobre tapetes coletados e tecidos locais, e nos quais acabam por se conformar não só novas texturas, mas também formas que se assemelham a mapas e cartografias, que podem suscitar questões relacionadas à territorialidade e pertencimento, bastante presentes na pesquisa do artista.
MUNDO POLARIZADO E FRATURADO
A instalação “Ilhas”, concebida especialmente para a exposição, e na qual uma cortina translúcida na sala mais alta da galeria cria espaços onde estão suspensos alguns objetos que desafiam a noção de gravidade e se aproximam do universo das ideias, é uma das obras escultóricas e instalativas, que fazem uso de peças de mobiliário.
Em um mundo polarizado e fraturado, Carlos Bunga nos convida a imaginar “Habitar Juntos”. O título da mostra também nos fornece pistas para compreender a poética e as temáticas que despertam o interesse do artista. Desde o início de sua trajetória, Bunga tem explorado em seus trabalhos a arquitetura, bem como a ideia de casa e domesticidade. Em seu entendimento, a arquitetura não se resume a uma experiência formalista, onde a forma segue a função. Para ele, espaços, invólucros e estruturas são projetados para abrigar relações entre os indivíduos e suas subjetividades, memórias e sentimentos. A partir dessa ótica, a casa é um espaço privilegiado para se compreender o aspecto humano e “vivo” da arquitetura.
Mesmo em trabalhos de caráter participativo, instalativo e performático, o elemento pictórico está quase sempre presente. De acordo com Bunga: “A pintura está, direta ou indiretamente, presente em todos os meus trabalhos. É a base do meu pensamento, um lugar multifacetado cheio de camadas, perspectivas e cheiros”. Esse processo pode ser visto nos trabalhos produzidos recentemente no Brasil, nos quais o artista faz uso de sobreposições de embalagens encontradas, cera de abelha, folhas de vegetação local e tinta acrílica sobre compensado de madeira.
As cores que utiliza em seus trabalhos, ainda que luminosas e vibrantes, têm aplicação descontínua e craquelada, evocando a transitoriedade, que se relaciona profundamente com a natureza e com a experiência humana, ambas efêmeras. A pintura craquelada em cores vibrantes de Carlos Bunga pode ser vista recentemente pelo público brasileiro durante a 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do impossível, na qual apresentou “Habitar el color”, obra comissionada site-specific que convidava os visitantes a uma experiência sensorial de caminhar sobre uma espessa camada de tinta craquelada e sentir com os pés a cor e a sua natureza efêmera.
SOBRE CARLOS BUNGA
Carlos Bunga (1976, Porto, Portugal) frequentou a Escola Superior de Arte e Design de Caldas da Rainha, em Portugal. Atualmente vive e trabalha perto de Barcelona, Espanha. Cria obras de componente processual em vários formatos: esculturas, pinturas, desenhos, performances, vídeo e sobretudo instalações in situ, que se relacionam e intervêm no espaço arquitetônico em que se inserem. Embora utilize frequentemente materiais comuns e despretensiosos, como papelão e fita adesiva, o trabalho de Bunga envolve um grau altamente desenvolvido de cuidado estético e delicadeza, bem como uma complexidade conceitual derivada da interrelação entre o fazer e o refazer, entre o micro e o macro, e entre a investigação e a conclusão. Situando-se na fronteira entre a escultura e a pintura, suas obras, enganadoramente delicadas e frágeis, caracterizam-se por um intenso estudo da combinação da cor e da materialidade, ao mesmo tempo em que enfatizam o aspecto performático do ato criativo. As obras sobre papel de Bunga, intimamente relacionadas com as suas esculturas e instalações, envolvem frequentemente sobreposições, quer de elementos compositivos nas pinturas, quer de folhas de papel translúcida nos desenhos. O resultado analítico/descritivo, como uma dupla exposição fotográfica, mimetiza a dupla experiência da memória e da imaginação subjacente à escultura.
Carlos Bunga vem realizando exposições individuais desde 2002, como: “Reassembling Split Light: An immersive installation” (Sarasota Art Museum, Sarasota, EUA, 2023); “Something Necessary and Useful” (Whitechapel, London, UK, 2020); “Carlos Bunga: Architecture of life” (MAAT, Lisboa, Portugal, 2019) e “Capella” (MACBA, Barcelona, Espanha, 2015). Participou também de coletivas, como: 35ª Bienal de São Paulo – “Coreografias do Impossível” (São Paulo, Brasil, 2023); “Meia Noite” – Bienal de Coimbra (Coimbra, Portugal, 2021) e “Quote/Unquote: entre apropriação e diálogo” (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2017). Integra também importantes coleções institucionais, como do MoMA (Nova York, EUA); Perez Art Museum (Miami, EUA); Museu d’Art Contemporani de Barcelona – MACBA (Barcelona, Espanha) e Museu Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal).
SOBRE NARA ROESLER
Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, representa artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; e apoiou seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.
Serviço: Exposição “Carlos Bunga – Habitar Juntos”
Abertura: 24 de fevereiro de 2024, das 11h às 15h
Carlos Bunga fará uma visita guiada à exposição às 13h
Até: 20 de abril de 2024
Entrada gratuita
Nara Roesler, São Paulo
Avenida Europa, 655
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h
Telefone : 55 (11) 2039 5454
info@nararoesler.art
Comunicação: Paula Plee – com.sp@nararoesler.com
Canais digitais:
Instagram – @galerianararoesler
Facebook – @GaleriaNaraRoesler