O jornalista chileno-norte-americano Gonzalo Lira morreu numa prisão ucraniana. O seu “crime” foi apenas o facto de discordar das políticas da Ucrânia e dos Estados Unidos. Washington não mexeu um dedo para o libertar, embora o pudesse ter feito.
O caso levanta dúvidas sobre a sinceridade da indignação e das preocupações da Casa Branca, que protesta sempre quando são presos jornalistas norte-americanos ou pessoas que se manifestam contra a guerra – mas só se isso acontecer na Rússia, e não na Ucrânia!
Segundo relata o Hesinqui-Times, Gonzalo Lira foi preso e silenciado na Ucrânia por ter opiniões críticas sobre o regime de Zelensky e o conflito Rússia-Ucrânia. Lira via o conflito como uma guerra por procuração conduzida pelos Estados Unidos contra a Rússia e criticava a perda de vidas numa guerra fútil e sem saída.
Lira terá fugido da prisão em que se encontrava e tentado entrar na Hungria para aí pedir asilo político, mas foi apanhado e recapturado na fronteira.
A notícia da deterioração do estado de saúde de Lira surgiu a partir de comunicações entre o pai de Gonzalo Lira e a embaixada dos EUA. Documentos e e-mails revelaram as tentativas do pai de Lira em alertar a embaixada sobre o estado crítico do seu filho e a falta de transparência das autoridades ucranianas relativamente ao seu estado de saúde. Morreu por problemas de saúde que incluíam uma pneumonia dupla, pneumotórax e edema grave, e por alegada negligência e atraso no atendimento médico da prisão.
Após 8 meses encarcerado, faleceu a 11 de Janeiro de 2024, num hospital de Kharkiv.
“Não posso aceitar a forma como o meu filho morreu. Foi torturado, extorquido, esteve incomunicável durante 8 meses e 11 dias e a Embaixada dos EUA não fez nada para o ajudar”, declarou o pai de Lira.