OPINIÃO

Por Eduardo Alves

 

O dia 12 de outubro, é feriado porque assim é instituído pelo Estado. Os três principais pontos de organização e disputa da sociedade, o Estado, o que chamam de Mercado e a Sociedade Civil, não são três pontos de apoios em disputa um com outro. Muito pelo contrário, os três pontos de apoio, se organizam motivados por ideologias que movimentam favoravelmente ao lucro ou para que todas as pessoas tenham condições materiais de sustento e manutenção da vida. O Estado é a principal organização, pois, pode determinar questões que interferem e organizam a vida das pessoas, como por exemplo os feriados.

Um ensaio com esses temas, para este espaço possui múltiplos limites, inclusive do tamanho, mas a colaboração aqui tem o singelo objetivo de impulsionar reflexões e não o de defender quaisquer das posições possíveis, que são múltiplas, mas que sejam quais forem, para serem defendidas é fundamental o conhecimento sobre elas.

Várias questões muitas vezes pulsam em pergunta. O dia 12 de outubro, que é Dia das Crianças e ao mesmo tempo Dia de Nossa Senhora da Aparecida, o Estado, que não é laico, prefere, majoritariamente se posicionar em favor de uma só religião. Não há dúvidas que por ser Dia da Criança, essa seria uma razão para feriado que impactaria ideologicamente favorável para todas as religiões existentes, inclusive para as pessoas sem religião, que chamados de ateus ou agnósticos, ou seja os que são convictos que não há Deus e os que avaliam que a afirmação da existência de Deus não é uma certeza.

A quantidade de pessoas ateias e agnósticas juntas é a grande minoria no país e perde para as várias religiões, sejam a monoteístas ou politeístas, mas agora não é hora de tratar de tal assunto, pois esse é mais complexo do que a fé. O fato é: a escolha do motivo do feriado ser o Dia de Nossa Senhora Aparecida, é mais um dos múltiplos elementos que constatam a inexistência do Estado Laico. Também não é esse o Espaço para pensar e elaborar sobre o Estado, pois, estamos tratando do que pode-se chamar de Estado Nacional e não do grande Estado Imperialista que existe em disputa no mundo.

Como o grande Estado não vive mais os impactos das disputas do modo de produção, o capitalismo é totalmente soberano, todos os elementos na organização da ideologia do Estado nacional atuam para manter a ordem predominante no mundo. Não há dúvidas que desde que a Europa, com prioritariamente, mas não exclusivamente, a ação dos portugueses, organizou para que o espaço, que já tinha povo originário, fosse chamado de Brasil e toda a superestrutura necessária fizesse valer a estrutura do poder dominante no mundo e a hegemonia em vigor.

Apenas um destaque, que talvez seja importante: os conceitos “dominante” e “hegemônico” não são sinônimos, mas esse também não é o espaço para tratar de conhecimentos e assuntos tão importantes, complexos e que demandam muitos conhecimentos. Sobre tal assunto pode-se fazer muitas indicações, mas para ajudar e ao mesmo tempo fazer suave provocação, três livros de Jacob Gorender são muito importantes de conhecer, que colaboram com vários conhecimentos, mais especificamente para esses dois termos conceituais aqui destacados (O ESCRAVISMO COLONIAL, COMBATE NAS TREVAS, MARCINO E LABORATORE) todos três livros foram escritos e produzidos no século passado.

Mas voltemos ao que mais importa nesse texto: Qualquer levantamento de informações no século atual, a grande maioria feita na internet, algo atual no tempo e que não ocorria até a metade do século passado, aparece mesmo no pós guerra na década de 60 e no Brasil somente na década de 90 com a criação da primeira rede acadêmica.

Para as chamadas redes comerciais, organizadas pelo que se chama mercado, já começaram existir em 1995 enquanto a sociedade civil ainda se movimentava em pequenos e particulares passos, ou seja, a internet possui pouco tempo de existência e não possui acesso universal, há desigualdades múltiplas. Aqui seguiremos sempre com a compreensão que há muitos assuntos importantes para conhecer, estudar e entender, para além do tema citado. Entre esses vários assuntos é possível destacar que o país, atualmente, já possui a quinta geração de celular (que já é o smartphone), o que se chama 5G.

O desenvolvimento das Gerações dos aparelhos móveis de comunicação que exige gastos que só os grandes empresários – os mais enriquecidos Estado Nacionais, e os blocos imperialistas dominantes ou em disputa – podem fazer, pois, já há quem diga que, por volta de 2030, haverá o 6G.

É importante conhecer e sempre lembrar que o 5G estava previsto para 2020, mas chegou no Brasil em 2023. Pode-se compreender que o antigo celular agora é o computador de mão com maior acesso à população levando-se em conta que o IBGE afirma em seus estudos que cerca de 85% da população faz uso deste aparelho. Deve-se levar em consideração ainda que já está prevista a implementação da rede 6G não será apenas com a venda de novos equipamentos como já acontece atualmente com 5G, mas sim o desenvolvimento da chamada da rede para as novas tecnologias e do que chamam de INTERNET DAS COISAS, com o digital cada vez mais presente e avançando na organização do real.

Agora sim, de volta à nossa reflexão, os assuntos se multiplicam na escrita e aparecem muitos conhecimentos para serem relacionados e entendidos em uma “simbiose de conhecimentos”, o que clama ainda mais para a importância da inteligência coletiva para todas as pessoas que atuam em favor da vida com dignidade.

Agora e somente agora, aqui nesta pequena contribuição que se pretende colaborativa, vale afirmar que as duas comemorações existentes em 12 de outubro é o Dia da Criança que ativa ateus, agnósticos, monoteístas, politeístas, com as várias multiplicidades existentes. Mas o que o Estado reafirmou com ideologia – afinal esse feriado nacional existe desde a LEI No 6.802, DE 30 DE JUNHO DE 1980 – é simples assim: existe uma padroeira no Brasil, o que vai além do envolvimento da fé, creia ou não é uma  decisão em forma de lei e pode ser imposta para todas as pessoas existentes em cada época.

É, razoavelmente complexo, pensar porque o feriado no Brasil, se precisa haver, seria mais abrangente para as pessoas se fosse feriado do Dia da Criança. Com toda a liberdade para as pessoas comemorarem seus santos, não é abrangente o Estado assumir como feriado e impulsionar a ideologia que predomina. Ainda mais porque pode haver vários feriados para o dia do evangélico, para o dia da umbanda, para o dia do candomblé, para o dia dos judeus, e assim seguiríamos com muitos feriados.

Feriados que poderiam ser um dos dias de descanso para quem vende a força de trabalho, mas está longe disso, pois, quem cuida das doenças, quem vende coisas nos mercados criados, quem vende a força de trabalho para várias ações realistas – que existem em múltiplas singularidades – não consegue descansar no feriado e, inclusive a fé muitas vezes não consegue se organizar nos limites impostos pela pelo Estado, por meio da ideologia. Ou seja, a ideologia dominante e hegemônica é sim um elemento que organiza as pessoas e impõe formas de vida e formatos possíveis para sobrevivência, superior que a fé ou que qualquer desejo.

Afinal, a grande maioria das pessoas não querem ser consideradas “criminosas”, aquelas que fazem ilegalidades que existiam antes da lei, como, por exemplo, soltar os balões (sem polêmicas é só um exemplo, que existem outros, afinal com os balões há superioridade do vetor para prejudicar as pessoas com suas buchas poderosas, e precisaram ser proibidos, como fez a Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605, de 1998, quando, no Brasil há muito já existiam atividades para soltar balões).

Muitas complicações pela falta de conhecimento, o que é hegemônico no mundo, principalmente em países com a formação social como a brasileira, organizam os preconceitos e as limitações para compreensão. Assuntos como esses são muito complexos para ser pensados, estudados e formulados em escala que envolva a maioria das pessoas, e nesse caso, inclusive os católicos, pois, afinal, a Teologia da  libertação já existiu mais potente e tem plantas de existência inclusive no tempo atual.

Longe de qualquer posição contra feriados que não prejudicam a vida das pessoas e podem ser dias de descanso, mesmo que para algumas e não todas, o que se pretende aqui é colocar a relação com os outros elementos que podem, mesmo no capitalismo fazer existir vidas melhores. Afinal, os países baixos, são lugares que as pessoas podem sobreviver em condições melhores e todos eles capitalistas. Afinal, todos os Estados Nacionais servem ao modo de produção capitalistas alternando as condições com as múltiplas formações sociais e com o impacto do Imperialismo para cada uma dessas chamadas “nações”.

Sobre o dia de hoje já foi possível pinçar elementos básicos para se conhecer e pensar, evidente não a totalidade de tais elementos, mas  alguns importantes. Mas como se pode pensar estamos muito distantes de avançar para outro vetor coletivamente. É possível construir um ponto de apoio coletivo mundialmente para se avançar no conhecimento, articulado para formação e divulgação das informações, que possam colaborar para fortalecer a sobrevivência.

Várias pesquisas no mundo são possíveis para demonstrar as diferenças da sobrevivência e doa impacto da democracia em todo o mundo. Como todo o mundo vive o vetor da barbárie com o capitalismo, pode-se sim construir pontos de poio para o vetor da dignidade, sem nenhuma ignorância de que no capitalismo seja possível alcançar a dignidade para todas as pessoas. As desigualdades são existentes em todo planeta e se alteram com muitas distinções de suas ênfases na vida.

Fé e ideologia para qualquer Estado Nacional são agrupados e ajustados para fazer valer o poder dominante, que tirando o lucro, como nos dias de hoje é possível constatar que são as indústrias que produzem equipamentos 5G estão na ponta dos lucros, como as indústrias de medicamentos (há muitas doenças e de vários tipos), os bancos, as múltiplas ações de vendas que colaboram para pequenos grupos acumular mais a mercadoria chamada de dinheiro.

Mas, vamos lá. Que a diversidade da fé possa seguir existindo e seguir, com os limites que são impostos pelo Estado, para que a vida das pessoas possa melhorar. Seja qual for a fé, mesmo a fé sem Deus ou do sobrenatural de ateus, precisa da garantia das condições materiais para sobrevivência de todas as pessoas. Assim sendo, sem dúvidas nesse caso, podemos afirmar que não há acúmulo de forças para se lançar na superar do modo de produção capitalista.

Mas há sim condições singelas para afirmar que há condições para avançar em organizações que possam construir conhecimentos, com formação e divulgação de informações, que colaborem com a potência humana criativa, em escalas mundiais, o que para nós a América Latina já seria um grande passo. São questões fundamentais para se avançar na superação das guerras e na construção da inteligência coletiva em favor da qualificação da sobrevivência, o que é possível nesse mundo e fundamental para que possamos progressivamente acumular forças em favor da vida.

Iniciamos com essa reflexão básica sobre um feriado, a razão do feriado, a ideologia e o Estado são questões que precisam de muitos mais elementos para serem aprofundados, não será aqui. Mas, podemos assim trazer lampejos de fagulhas que alimentem seres da humanidade como um germinal que siga para além da primavera que se diz que as pessoas no Brasil vivem hoje, onde essa pequena colaboração é escrita. Seguiremos aprofundando coletivamente, compreendendo que blocos coletivos e diversos em favor da vida de todos os seres, para além da humanidade é possível, mas que somente a humanidade pode atuar para avançar, limitar ou dominar, com ou sem a tal inteligência digital.

Vamos lá, por enquanto fiquem por cá.