ARTES VISUAIS

Por CWeA Comunicação

 

A crítica de arte e pesquisadora Daniela Name falará no dia 24 de outubro de 2023, às 18h, sobre as obras da artista Amelia Toledo (1926–2017) expostas em “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler Rio de Janeiro, que foi prorrogada até 4 de novembro de 2023.
Daniela Name foi curadora, juntamente com Marcus de Lontra Costa, da exposição “Forma fluida”, primeira grande mostra panorâmica dedicada à obra de Amelia Toledo no Rio de Janeiro, realizada no Paço Imperial, de 17 de dezembro de 2014 a 1º de março de 2015.

Com mais de 50 obras – entre pinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos – “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler, ilumina o período frutífero e experimental da produção da artista quando viveu no Rio, nos anos 1970 e 1980, que marcou sua  trajetória, reverberando em trabalhos posteriores.

Além de obras icônicas, como o livro-objeto “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), dedicado ao cantor e compositor, ou trabalhos que estiveram em sua impactante individual “Emergências”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1976, a exposição na Nara Roesler Rio de Janeiro traz pinturas e aquarelas inéditas, em que o público pode apreciar sua experiência com a luz, e a incorporação em seu trabalho de materiais como pedras, conchas marinhas e cristais.

Também estão na mostra obras da artista que integraram sua impactante individual em 1976, no MAM do Rio de Janeiro, “Emergências”: “Reunião” (1976), constituída por cinco painéis de 15 cm x 100 cm com moldagem em gesso; e as séries feitas com estampas de mãos ou pegadas de onça sobre páginas de jornal, que, ao mesmo tempo indicam rastros de uma presença, e obliteram a leitura das notícias.

A mostra, de modo geral, e essa série, em particular, dialogavam com os tempos sombrios da ditadura então em vigor no Brasil. Exemplos desses trabalhos são “Emergências” (1975), que deu nome à exposição, uma página de jornal com intervenções de várias mãos feitas com tinta de carimbo; e duas obras “Pegada da Onça” (1975) – uma serigrafia sobre jornal, e a outra com impressão de carimbo de pegada de onça em jornal.

MOLDES DE CONCHAS DO MAR – PEDRAS E MINERAIS

Outros marcos da produção de Amelia Toledo criados no período em que viveu no Rio de Janeiro são as obras “Gambiarra” (1976), “O Cheio do Oco” (1973) e trabalhos da série “Frutos do Mar” (1982), em que a artista expõe moldes de conchas produzidos em poliéster à ação do mar, até que ficassem cobertos por cracas e briozoários, conferindo a essas esculturas um aspecto vivo, e explorando o encontro entre o natural e o artificial. Esses trabalhos são resultado do aprofundamento de suas investigações sobre as relações entre arte e natureza, e
elementos naturais passam a ser incorporados às obras.

Nesse mesmo período, Amelia Toledo reinsere a pintura abstrata em sua prática, trazendo muitas de suas observações anteriores para o campo pictórico, que irá desenvolver até o fim da vida em séries como “Campos de Cor”, presentes na exposição com quatro pinturas em acrílica sobre linho ou juta; e “Pinturas de Horizonte”, três obras em tinta ou resina acrílica sobre linho. Nelas, a artista explora sobretudo a cor e a paisagem, presentes também em outras linguagens de sua poética, por meio de pinceladas gestuais delicadas.

É de sua autoria também o projeto premiado que fez para a Estação Arcoverde do Metrô, em Copacabana, inaugurada em 1998, com os 68 tons que revestem as paredes, e a fonte/escultura “Palácio de Cristal” (1998), um bloco de quartzo rosa sobre espelho d’água, no meio da mesma Praça Arcoverde.

SOBRE AMELIA TOLEDO

Amelia Toledo (1926, São Paulo – 2017, Cotia, São Paulo) iniciou seus estudos em arte no final dos anos 1930. Estudou com Yoshiya Takaoka (1909-1978) e Waldemar da Costa (1904-1982), e em seu período formativo tomou contato com algumas figuras-chave do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, de quem foi aluna, e o arquiteto Vilanova Artigas (1915), quando em 1948 trabalhou em seu escritório
fazendo desenhos arquitetônicos. Este contato com figuras chave da arte moderna brasileira, assim como sua experiência no laboratório de anatomia patológica de seu pai, possibilitaram o desenvolvimento de um trabalho multifacetado que faz uso de diversas linguagens como escultura, pintura e gravura. Essa produção floresce, ainda, no convívio com outros artistas de sua geração, tais como Mira Schendel
(1919-1988), Tomie Ohtake (1913-2015), Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Pape (1927-2004).

Ao longo de sua trajetória, a artista fez uso de variados meios e técnicas, transitando entre pintura, desenho, escultura, gravura, instalação e design de joias, sempre mantendo uma grande atenção às especificidades da matéria e à sua aplicação. Seu trabalho esteve alinhado, primeiramente, com a pesquisa construtiva, ecoando noções do neoconcretismo e as preocupações correntes na década de 1960, em
especial o interesse pela participação do público, assim como o entrelaçamento entre arte e vida.

Amelia Toledo participou de diversas exposições no Brasil e no exterior. Destacam-se entre suas mostras individuais mais recentes: “Amelia Toledo: 1958-2007”, na Nara Roesler (2021), em Nova York, Estados Unidos; “Amelia Toledo – Lembrei que esqueci”, no Centro Cultural Banco do Brasil SP (2017), em São Paulo; “Amelia Toledo”, na Estação Pinacoteca (2009), em São Paulo; “Novo olhar”, no Museu Oscar
Niemeyer (2007), em Curitiba; e “Viagem ao coração da matéria”, no Instituto Tomie Ohtake (2004), em São Paulo. Principais coletivas recentes incluem: “Radical Women: Latin American Art, 1960–1985”, no Hammer Museum (2017), em Los Angeles, Estados Unidos; no Brooklyn Museum (2018), em Nova York, Estados Unidos; e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018), São Paulo; “Modos de ver o
Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, na Oca (2017), em São Paulo; “30x Bienal: Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição”, na Fundação Bienal de São Paulo (2013), em São Paulo; “Um ponto de ironia”, na Fundação Vera Chaves Barcellos (2011), em Viamão, Brasil; e “Brasiliana MASP: Moderna contemporânea”, no Museu de Arte de São Paulo (2006), em São Paulo. Participou das bienais: 29ª Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo (2010); 10ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2015). Possui obras em importantes coleções institucionais como: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; entre outras.

SOBRE DANIELA NAME

Crítica de arte e curadora, pós-doutoranda no Instituto de Artes da UERJ, onde se dedica à pesquisa sobre trânsitos de imagem, em especial no que diz respeito ao carnaval como arte visual e narrativa literária. Curadora e coordenadora de pesquisa e conteúdo do futuro Museu do Comércio, projeto do qual assina o plano de implantação e será realizado pelo Sesc Rio de Janeiro. Curadora da plataforma Caju, que mantém a revista digital homônima, dedicada à crítica de arte e ensaios, e um banco de projetos expográficos e editoriais. Doutora em Comunicação e Cultura, mestre em História e Crítica da Arte, os dois títulos pela UFRJ. Atua em curadoria de arte desde 2004, e publicou os livros “Espelho do Brasil” (2008), “Almir Mavignier” (2012) e “Celeida Tostes” (2012) entre outros títulos. Pela Caju, é curadora do projeto Livro Labirinto/Maré e da plataforma Teia Crítica. Atuou ainda como crítica da Veja Rio, da revista “Bravo!” e do jornal “O Globo”, e neste último veículo iniciou a sua trajetória profissional como jornalista – 1994 a 2005, nas áreas de literatura e artes visuais.

Fez curadoria de exposições como: Diálogo concreto – Design e construtivismo no Brasil (Caixa Cultural, 2008), Daniel Senise (Gallery32, Londres, 2010), Delson Uchôa (Ludwig Museum, Alemanha, 2015) e Angelo Venosa — Catilina; (Paço Imperial, 2019). Foi pesquisadora do Museu da Língua Portuguesa (SP,  2005), diretora do Museu do Ingá, em Niterói-RJ (2012-13), consultora do novo Museu da Imagem e do Som/MIS (RJ, projeto curatorial de 2012-14, museu em construção) e curadora-adjunta da 5ª edição do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça (2012-15). Iniciou sua trajetória profissional como jornalista, e trabalhou no jornal “O Globo” entre 1994 e 2005, nas áreas de literatura e artes visuais.

SOBRE NARA ROESLER

Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea do Brasil, representando artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; apoia seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em
exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012, e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.

Serviço:

Visita comentada da crítica Daniela Name à exposição “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”

24 de outubro de 2023, terça às 18h.

Exposição até: 4 de novembro de 2023

Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro

Entrada gratuita

Rua Redentor, 241, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP 22421-030

Segunda a sexta, das 10h às 19h

Sábado, das 11h às 15h

Telefone: 21 3591 0052

info@nararoesler.art

Comunicação: Paula Plee – com.sp@nararoesler.com

Canais digitais: https://nararoesler.art;

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