TEATRO
Por Alessandra Costa
Caranguejo Overdrive realizará temporada no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, em Humaitá, entre os dias 12 e 29 de outubro.
Caranguejo Overdrive realizará temporada no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, em Humaitá, entre os dias 12 e 29 de outubro. A peça conta a história da região de mangue na cidade do Rio de Janeiro e narra a trajetória do ex-combatente da Guerra do Paraguai, Cosme. Ao voltar ao Rio de Janeiro, encontra a cidade modificada e o mangue, no Rocio Pequeno, onde é a praça 11 atualmente, onde o protagonista fora criado e no qual buscava sua sobrevivência, foi aterrado e não existe mais.
Cosme, depois de várias intercorrências de saúde, consegue um emprego na construção do Canal do Mangue e tenta recomeçar a vida, porém, é acometido por uma crise de loucura, abandona o emprego e passa a frequentar a boemia do Mangue, onde relaciona-se com prostitutas e poetas românticos, envolve-se em brigas e disputas políticas, mas, sobretudo, faz do delírio e da poesia, os principais termos para compor sua estética da existência.
“É nesta nova fase que Cosme se torna uma espécie de entidade espiritual, que representa a cultura e o imaginário do Mangue, no Rio de Janeiro. Em uma noite de uma tempestade tropical, com ruas alagadas, Cosme sofre sua última metamorfose e terá que se adaptar às novas condições pelo resto de sua vida: Cosme torna-se um caranguejo”, explica Marco André Nunes, diretor da peça.
O espetáculo da Aquela Cia de Teatro não é um peça-documentário, mesmo utilizando de uma importante pesquisa histórica feita em jornais e documentos de época, explica o musical. “É uma obra que se utiliza de uma base documental para compor uma ficção que atualiza nossa reflexão sobre o Rio de Janeiro de hoje. Essa atualização da narrativa histórica apoia-se em uma cena que dialoga diretamente com a estética e a sonoridade do movimento artístico manguebeat, de Chico Science, e também tem como referência o pensamento de Josué de Castro, em obras como ‘Geografia da Fome’ e ‘Homens e Caranguejos’”, conclui Marco André.
Sobre Aquela Cia de Teatro
Aquela Cia. nasceu da reunião de artistas vindos das várias escolas de teatro do Rio. Em 2005, montou o Projeto K. (a partir da vida e obra de Franz Kafka); vieram em seguida Sub: Werther (interpretação do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, a partir dos intertextos do livro Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes), Lobo nº1 [ A Estepe] (baseado no romance de Herman Hesse), Do Artista Quando Jovem (em torno do universo literário de James Joyce).
Em 2011, a linha de trabalho passou a investigar a relação entre teatro, música e espetacularidade, com Outside, um musical noir (a partir do encarte do álbum homônimo de David Bowie), Cara de Cavalo (que narra a trajetória trágica do inimigo público nº 1 do Rio de Janeiro em 1964, e suas interlocuções com a obra do artista Hélio Oiticica) e Edypop (explorando o encontro imaginário entre o mais pop dos herói gregos, Édipo, e o mais trágico dos artistas pop, John Lennon).
Desde o primeiro momento, a linguagem singular da companhia se definiu. “Somos movidos pela ideia de construir um espetáculo através de um processo aberto, que se renova a cada ensaio, onde atores e músicos são também criadores”, diz Marco André. “As contribuições de toda a equipe estão presentes na dramaturgia e na elaboração final da cena feita pela direção”.
A música, sempre com banda em cena, em trilha e canções originais ou arranjos novos, “desde sempre, desempenha uma função quase narrativa”, explica Pedro Kosovski. “É uma dramaturgia musical no atravessamento entre teatro e música”.
SERVIÇO
De 12 a 29 de outubro
Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto – Entrada bilheteria pela Rua Visconde e Silva, ao lado do num 292 – Humaitá
Classificação: 16 anos
Lotação: 120 lugares
Duração: 75 minutos
Ingressos: R$70 inteira / R$35 meia – Rio Cultura
FICHA TÉCNICA
Direção: Marco André Nunes
Texto: Pedro Kosovski
Atores: Carol Virguez, Eduardo Speroni, Matheus Correia, Fellipe Marques, Alex Nader
Músicos em cena: Felipe Storino e Maurício Chiari e Pedro Kosovski
Direção Musical: Felipe Storino
Iluminação: Renato Machado
Realização: Aquela Cia de Teatro