ARTES VISUAIS
Por CWeA Comunicação
Após cinco anos, o artista faz uma grande individual na cidade, mostrando trabalhos recentes e inéditos, em que discute o ponto de não retorno em que se encontra a humanidade, diante dos problemas ambientais, e as possibilidades de mudança
Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio
Abertura: 23 de agosto de 2023, das 19h às 21h
Até 21 de outubro de 2023
Entrada gratuita
Anita Schwartz Galeria de Arte tem o prazer de convidar para a abertura, em 23 de agosto de 2023, das 19h às 21h, da exposição “Pedra Latente”, com obras inéditas e recentes de Rodrigo Braga, entre desenhos e fotografias, que aprofundam e radicalizam sua pesquisa iniciada em 2017, no Cariri cearense e nas regiões de pedras calcárias na França, onde vive desde 2018.
A exposição “Pedra Latente” – que tem texto crítico de Bianca Bernardo – ocorre exatos cinco anos após “Os olhos cheios de terra”, em que Rodrigo Braga apresentava os trabalhos com terra e pedra que trouxeram a ideia seminal de sua produção atual. Em 2019, participou, pela Anita Schwartz Galeria de Arte, do Projeto Solo da ArtRio, com “Serra Salobra”. Individuais recentes em Paris foram, em 2021: “Corpo poroso, Sorbonne Artgallery, em Paris; em 2019: “O ovo que vê”, na Galeria Le Salon H, e “Biomimesis”, ANNE+ Art Contemporain. Também em 2019, expôs na Galeria Lisboa, Macau, China, “Horizontes deslizantes”, e, no Museu Arqueológico Municipal José Monteiro, Fundão, em Portugal, “Agricultura da Imagem”. Em 2016, ele havia feito no Palais de Tokyo, em Paris, a monumental instalação “Mar Interior”, a céu aberto, composta por toneladas de pedras brutas e fósseis marinhos.
As dicotomias – preto e o branco, direita e esquerda, positivo e negativo – são questionadas pelo artista, que busca uma saída para além disso. “Ciente da contradição que também sou, tento lidar com os extremos opostos. Nessa terra não só de surdos mas também de cegos, tento apenas enxergar onde estou, para ver onde colocarei meus pés no passo seguinte”.
As pedras, que aparecem roladas, ovaladas, com intervenções de pintura feitas por Rodrigo Braga – presentes tanto nas fotografias como nos desenhos –, sugerem que em sua rigidez e aparente imutabilidade estão, na verdade, plenas de energia, prestes a eclodir, como na lei da entropia. “Este ‘estado estacionário’, de um sistema, em uma condição de energia quase nula, é onde tudo está por acontecer, quando qualquer e mínima entropia alcança seu êxito. Sair do estado neutro, dócil e de senso comum, é justamente onde se impõe a criação, onde a provocação da arte pode acontecer, ainda que para alguns soe apenas como desordem”, explica. “Este estado latente aponta para novas possibilidades, e é isso o que espero para a humanidade”, afirma. “Me aproveito da consciência de ser artista e de alquimias que o valham. Conversar com pedras é uma ação reservada aos loucos; ou aos artistas”.
Em algumas fotografias, o artista usa seu próprio corpo para interagir com as pedras. “Recentemente venho me interessando por caminhar em terrenos mais áridos que de costume, onde meu próprio corpo, personificando uma humanidade em ruínas, é o único vivente visto nestas paisagens. Estamos nos aproximando do chamado ponto de não retorno, em que o homem pode estar protagonizando um dano tão grande contra o meio ambiente que possa levar à sua própria extinção. Agora não há mais outros animais, e a única presença vegetal tem feições áridas ou se encontra carbonizada. Como numa metáfora de tempos sombrios vividos, os recursos se exaurem e este homem transita por terras empoeiradas, e duras, em busca de outras direções possíveis”, diz Rodrigo Braga.
“Atualmente vivemos a ideia de fim de mundo, de abismo, ou a queda do céu, como alertou Davi Kopenawa Yanomami, e este pode ser o estado primordial, o princípio da criação artística, daquele que lida com o sensível, como uma espécie de alquimista de matérias e símbolos. A forma do ovo, do globo ocular, ou do crânio, pode ser o estado latente da mudança”, diz.
SOBRE RODRIGO BRAGA
Rodrigo Braga nasceu em Manaus em 1976, filho de ambientalista, e ainda na infância se mudou com a família para Recife, onde se graduou em Artes Visuais pela UFPE (2002). Atualmente vive entre Paris e Rio de Janeiro.
Seu trabalho tem se desenvolvido através de imersões em diversas paisagens rurais, suburbanas ou florestais ao redor do mundo. Com práticas bastante corporais, suas criações assemelham-se a ritualizações que ressignificam os espaços e seus elementos por meio da performance ou de construções manuais in situ. Suas mídias principais são fotografia e vídeo, gerando uma intrigante iconografia entre o real e o fantástico. Em espaços institucionais, já realizou importantes instalaçõessite specific, e em seu ateliê tem práticas voltadas para o desenho e a escrita. Suas obras possuem alto teor subjetivo e, de forma indireta, abordam questões políticas centrais das discussões socioambientais atuais, expondo as relações conflituosas entre a humanidade e sua lida utilitária da natureza. Expondo desde 1999, Braga foi nomeado para diversos prêmios internacionais e recebeu alguns dos principais prêmios para arte contemporânea do Brasil, a exemplo do Prêmio Marcantonio Vilaça Funarte 2009, do Prêmio PIPA 2012 e do Prêmio MASP Talento Emergente 2013. Em 2012 participou da 30ª Bienal Internacional de São Paulo. Um ano depois exibiu a obra Tônus no Cinema do MoMA PS1, em Nova York. Em 2016, realizou individual no Palais de Tokyo (Prêmio SAM Art Projects), Paris. Possui obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM de São Paulo, MAM do Rio de Janeiro, e Maison Européenne de La Photographie, em Paris.
Serviço: Exposição “Rodrigo Braga – Pedra Latente”
Abertura: 23 de agosto de 2023, das 19h às 21h
Até 21 de outubro de 2023
Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro
Telefones: 21.2274.3873 | 2540.6446 | 99603-0435 (whatsapp)
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h
Entrada gratuita