Em 1947, o Boletim de Ciêntistas Atômicos estabeleceu o Relógio do Juízo Final, o qual mede a probabilidade da humanidade destruir o mundo com tecnologias da sua própria criação—uma metáfora pro holocausto nuclear. Esse Boletim já moveu o ponteiro dos minutos do relógio 25 vezes desde a sua introdução, mais recentemente colocando-o a 90 segundos para a meia-noite. Os “perigos crescentes da guerra na Ucrânia”, declarou o Boletim, colocam o relógio “o mais perto que ele já esteve de marcar uma catástrofe global”.
Na nossa 28º edição deste ano da Newsletter, avisámos sobre os perigos da nova agenda global da OTAN. Seguindo as ambições dos EUA de conter a ascensão da China e de deter o processo de integração na Eurásia, a OTAN está buscando um papel maior no Pacífico, além de expandir a sua presença no Norte da África e no Leste da Ásia, partes do mundo que ela agora considera sua “vizinhança”. Enquanto os países do chamado “Ocidente” avançam com uma agenda de guerra crescentemente agressiva, os povos e nações de todo o Sul Global experimentam uma crescente tensão ao quererem articular um caminho alternativo para a humanidade.
Em resposta, membros da Internacional Progressista do Sul Global lançaram uma Declaração de despertar para que os movimentos populares ao redor do mundo se comprometam a um projeto de não-alinhamento e de paz. “Nós somos a maioria neste mundo, a voz dos vulneráveis, e aqueles que mantêm o consenso global”, diz a declaração. “A nossa posição é pela paz, pela soberania, e pelo princípio de não-alinhamento.”
Ecoando os apelos à paz que ressoaram do Sul Global no ano passado, a declaração propõe o abandono da lógica do antagonismo em favor de uma política de cooperação:
“O Sul Global representa mais do que 80% da população total do mundo e mais que 70% do crescimento econômico global. Ainda assim, nós somos vítimas de implacáveis explorações econômicas, de exclusão política e de apagamento cultural.
Do Saara à Sierra Maestra, de Bandung a Yan’an, nossos povos travaram uma longa luta pela libertação das indignidades impostas por essa política.
Por ousar buscar nosso próprio caminho, nós também enfrentamos sanções, intervenções e invasões – e a demanda por nos envolvermos em conflitos que não são da nossa autoria.
A nossa história exige que escolhamos um caminho diferente—um que seja pragmático, que traga prosperidade para as nossas sociedades, e que ajude a recuperar a paz ao invés de aumentar as fricções e os antagonismos geopolíticos.”
Nós convidamos o nosso leitor a ler e a compartilhar a nossa declaração e, se for representante dum movimento do Sul Global, convidamo-lo também a adicionar o seu nome ao nosso apelo e a juntar-se à mobilização em curso para resgatar a humanidade da catástrofe à beira da qual nos encontramos.
Solidariamente,
O Secretariado da Internacional Progressista
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