CURSO
Por Marrom Glacê
Com inscrições abertas entre 04 e 15 de julho, o curso “Sementes – Caminhos para uma produção mais diversa” ainda oferece bolsa-auxílio de R$ 600 por aluno.
Voltado para agentes culturais não brancos acima dos 18 anos, o curso “Sementes – Caminhos para uma produção mais diversa” está com inscrições abertas entre 04 e 15 de julho por meio de formulário do https://bit.ly/Sementes23 Contemplada pelo edital FOCA, da Prefeitura do Rio de Janeiro, a iniciativa é totalmente gratuita e oferecerá uma bolsa-auxílio de R$ 600 aos alunos que preencherem cada uma das 60 vagas – sendo 12 delas direcionadas à pessoas trans e travestis, pessoas com deficiência e mães solo, como vagas de ação afirmativa. Realizado de 22 de julho a 20 de agosto no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, na Tijuca, o curso acontecerá sempre aos sábados e domingos das 9h30 às 12h30, contemplando oito aulas e dois debates, que abarcarão temas tão diversos quanto necessários aos profissionais que atuam na área de produção cultural.
“Muitas empresas e instituições abrem vagas afirmativas, mas com exigências de conhecimento e experiência que, em grande parte das vezes, pessoas não brancas nunca tiveram acesso e, portanto, não cumprem os requisitos para ocupar a vaga. E entendemos que, para que as pessoas consigam aproveitar as oportunidades, precisam estar preparadas. A partir deste tipo de iniciativa, buscamos equilibrar um pouco mais essa balança e estimular esses alunos, alunas e alunes a buscarem seu lugar no mercado, oferecendo uma base de conhecimento sólida, pensada estrategicamente por pessoas que não só detêm o conhecimento, como o aplicam diariamente nas suas atividades”, pondera Felipe Valle, idealizador do projeto ao lado de sua sócia na Fomenta Soluções Culturais, Mariana Sobreira.
Na edição de 2023, o curso terá aulas ministradas por professores com práticas de mercado, como Leila Maria Moreno, Cíntia Barreto, Paula Salles, Michelly Mury, Daniel Barboza e Natalia Simonete. A proposta nasceu do desejo de democratizar o mercado de produção cultural e torná-lo um ambiente que abrace a diversidade dos seus agentes. Todo o processo de inscrição é feito online, através de um formulário eletrônico e o critério de seleção será por ordem de inscrição, de forma que não haja nenhum juízo de valor sobre a realidade apresentada por cada inscrito.
A iniciativa, que agora acontece presencialmente, teve sua primeira edição realizada no formato online em janeiro de 2021, em meio à pandemia de Covid-19. A ideia se deu a partir de um caso de homicídio cometido pelos seguranças do Carrefour em novembro de 2020. “Esse caso nos comoveu de maneira significativa e nos motivou a tentar, de alguma maneira, plantar uma semente (daí a ideia do nome) para uma sociedade menos absurda e racista, dentro das nossas vivências e experiências, do mercado que conhecemos e do qual fazemos parte – onde temos o real poder de transformação”, pontua Mariana Sobreira.
Além de evitar a evasão de alunos, a bolsa-auxílio de R$ 600 vai ao encontro do que os idealizadores do curso acreditam. “A gente busca sempre subverter aquela máxima ‘não adianta dar o peixe, tem que ensinar a pescar’. Para pescar precisa estar vivo, precisa comer o peixe para poder ter forças para buscá-lo. Neste sentido, a gente acredita que um curso como esse não pode gerar custos para os participantes. Isso, inevitavelmente, geraria um recorte social, de renda, de território. E a gente quer abrir espaço para quem quiser vir. Então, oferecemos essa ajuda de custo como forma de minimizar ao máximo as despesas e dar a possibilidade de os participantes estarem lá independente de sua condição financeira ou geográfica dentro da cidade”, reflete Felipe.
A proposta é que todos saiam, de alguma maneira, provocados, motivados, mais dispostos e seguros a abraçar as oportunidades que surgem no mercado. Que criem redes e sejam um canal de difusão de conhecimento de maneira a abrir horizontes e plantar coletividade. “Já aconteceram coisas muito bacanas com os alunos de 2021, como o primeiro projeto aprovado em um edital, a primeira direção de produção, enfim… muitas emoções e conquistas divididas ali naquele espaço”, relembra Mariana, que optou em abrir espaço em seus projetos para esses alunos e alunas.
Assim, nesta edição presencial, além de ter uma das alunas realizando a produção executiva, o curso receberá três alunas do primeiro curso como debatedoras. “Se conseguirmos que os alunos e alunas saiam desse curso com o senso de coletividade e colaboração que acreditamos ser o cerne do trabalho na cultura, nossa missão terá sido cumprida de alguma forma. Tem uma frase que ficou marcada na nossa primeira edição, que surgiu na aula da Paula Salles, que achamos que define nosso propósito: ‘sonhem alto, e lá de cima, distribuam asas’, finaliza Mariana.
SERVIÇO:
QUANDO: 22 de julho a 20 de agosto (Sábados e Domingos)
HORÁRIO: 9h30 às 12h30
ONDE: Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro
ENDEREÇO: Rua José Higino, 115 – Tijuca
NÚMERO DE VAGAS: 60
INCRIÇÕES GRATUITAS:
bit.ly/Sementes2023
PROGRAMAÇÃO COMPLETA:
22/07 – sábado
Debate: Diversidade e inclusão no mercado cultural – Kirce Lima, Mayra Alves, Jussara Salles
Mediação: Gabriela Mendonça
23/07 – Domingo
Aula inaugural: O agente da cultura e o papel de transformar – Felipe Valle
Aula: Elaboração de projetos para editais – Mariana Sobreira
29/07 – sábado:
Aula: A cultura como patrimônio – Paula Salles
30/07 – domingo:
Aula: Captação de recursos – Mariana Sobreira
Aula: Técnicas de Pitch – Cintia Barreto
05/08 – Sábado:
Aula: Introdução à lei de incentivo à cultura – Natalia Simonete
06/08 – domingo:
Aula: Gestão e prestação de contas em projetos culturais – Felipe Valle
12/08 – sábado
Aula: Estratégias de lançamento digitais – Michelly Mury e Rayana Brum
13/08 – domingo
Aula: Comunicar cultura – Vitor Maria e Daniel Barboza
19/08 – sábado
Aula: Desafios da produção teatral – Leila Maria Moreno e Rafael Lydio
20/08 – domingo
Curadoria: um olhar para a diversidade – Marco dos Anjos e Fabiana Vilar
Mediação: Felipe Valle e Mariana Sobreira