MÚSICA
Por Renan Simões
Após O inimitável (1968), Roberto Carlos só teria um álbum de originais com título específico em 2000 – e nesse meio tempo, foram quase trinta lançamentos. Neste memorável registro, Roberto conta com o acompanhamento de Renato e Seus Blue Caps, do RC-7 e de Lafayette. O artista demonstra, aqui, um passo importante em seu competente processo de migração artística, da Jovem Guarda para a música romântica.
Eu não vou mais deixar você tão só (de Antônio Marcos) é uma declaração imponente e dramática, e mostra que Roberto, outrora navegando majoritariamente na superfície emocional da Jovem Guarda, agora se encontrava diante de si mesmo, expondo todas as suas mágoas e pequenas conquistas. A levada da Jovem Guarda também se fará presente de forma muito orgânica em todo o registro, mas em contextos muito mais épicos, como em Ninguém vai tirar você de mim (de Edson Ribeiro e Hélio Justo). Cabe ressaltar algumas novidades musicais no repertório: as levadas funkeadas de Se você pensa (de Roberto e Erasmo Carlos) e Ciúmes de você (de Luiz Ayrão) são felizes incursões na música negra estadunidense.
A rasteira nos vem com a péssima É meu, é meu, é meu, que é logo salva pela graciosidade de Quase fui lhe procurar (de Getúlio Côrtes), e a emblemática Eu te amo, te amo, te amo (Roberto e Erasmo). A sentida balada de As canções eu você fez pra mim, também da dupla, preenche nosso coração com solidão. O artista se mostra à vontade na composição de Helena dos Santos (Nem mesmo você) e na aristocrática parceria entre Renato Teixeira e Beto Ruschel (Madrasta). Entretanto, sua máxima expressão é alcançada na musicalmente malvada Não há dinheiro que pague (Renato Barros) e na terna O tempo vai apagar (parceria de Paulo César Barros e Getúlio Côrtes).
Roberto Carlos, O Inimitável, amolecendo corações! Ouça, desfrute, reflita, repasse: