MÚSICA
Por Renan Simões
Na capa, a mais bela foto do mais belo rosto masculino da música. Na contracapa, uma ilustração arrepiante de Pepe. Minha máquina voadora (1970, intitulado A máquina voadora nos relançamentos), é o último álbum da trilogia psicodélica de Ronnie Von, e fecha esse ciclo com louvor. A expressão artística encontra-se perfeitamente canalizada em doze músicas gloriosas, as quais parecem carregar em si misticismos das diversas linhas espiritualistas que existem. A direção da produção é de Arnaldo Saccomani, e os arranjos, de Francisco de Moraes e Djalma Mellin; oito composições são assinadas por San Martin e Ronnie Von.
A imponente quase-faixa-título, Máquina voadora (de Martin e Von), é um sinal de que o artista está aqui em seu auge: massa sonora volumosa, intensidade emocional e delírios de liberdade consubstanciados em uma canção breve e eterna. Baby de tal (de Arnaldo Saccomani) é outra pedra preciosa, em seu drama amoroso inconsolável. Verão nos chama, Viva o chopp escuro e Você de azul (IIº tema de Alessandra) são definitivamente escorregadas inconvenientes, mas em contexto altamente fecundo, no qual até o indigno efeito de vibrato de Seu olhar no meu funciona.
Imagem e Águas de sempre (ambas de Martin e Von) são recados dos anjos para a humanidade, sem quaisquer filtros. O místico texto e música de Continentes e civilizações (Tom Gomes e Jean Pierre) são fabulosos, e contrastam com as declarações de amor, cada qual à sua maneira, de Enseada (Renato Teixeira) e Tema de Alessandra (Martin e Von). Por fim, Cidade (Eustáquio Sena e Paulinho Tapajós) é deslumbrante.
Ronnie Von, Minha máquina voadora, música do céu para a Terra! Ouça, desfrute, reflita, repasse: