MEIO AMBIENTE

Por Alessandra Costa

 

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Clima (SMAC), lançou (10/06) no Parque Madureira, o programa AlimentaRio, que une a produção orgânica de alimentos da cidade e o seu consumo consciente, em uma ação conjunta dos programas Hortas Cariocas e Cozinhas Sustentáveis. O objetivo é estimular a alimentação saudável e a soberania alimentar dos cariocas e a saúde do planeta.

O AlimentaRio busca unir o programa Hortas Cariocas, que já fomenta a alimentação saudável na cidade, distribuídos em 24 comunidades e 24 unidades de educação da Rede Pública, com os programas Hortas Ancestrais e Cozinhas Sustentáveis, que estão em fase de implantação. A secretária de Ambiente e Clima da Cidade, Tainá de Paula, ressalta que o objetivo da pasta é levar o AlimentaRio para, pelo menos 50 territórios em toda cidade no prazo de um ano, fazendo chegar à mesa do carioca, sobretudo os mais necessitados, alimentos de qualidade e com processo de produção que não agrida o meio ambiente.

As primeiras frentes de atuação do programa, segundo Tainá, serão implantadas no Chapéu Mangueira, Complexo da Maré, Rio das Pedras, Guadalupe e Complexo do Alemão. “Com a atuação dos programas do AlimentaRio, podemos chegar a uma capacidade de produção e processamento de alimentos de 60 toneladas, combatendo a fome de forma direta”, explica.

A insegurança alimentar e o descarte indevido de resíduos alimentares são problemas que afligem as populações de grandes cidades, uma realidade que ajuda a agravar a fome e a emissão de carbono na atmosfera. Um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), publicado em 2022, revela que 60% da população do Estado do Rio de Janeiro sofre com algum grau de insegurança alimentar, ou seja, aquelas pessoas que não sabem se terão alimentos no dia seguinte ou aquelas que já não têm alimentos em casa. Tainá ressalta que as características das pessoas que mais sofrem com a fome são as mesmas desde sempre. Pessoas negras, periféricas e, principalmente, mulheres negras.

“Há um perfil social que é vigorosamente atingido pela fome e insegurança alimentar, sendo composto por mulheres, pessoas pretas e pardas, pessoas desempregadas e trabalhadores informais. É urgente olhar para essas pessoas e mudar esse quadro”, afirma Tainá.

O lançamento do programa AlimentaRio contará com inauguração de horta, roda de capoeira, roda de conversa sobre a relação das plantas com a saúde, oficinas com agentes ambientais, roda de Jongo com o grupo Jongo da Serrinha e degustação de produtos das cozinhas sustentáveis.

SOBRE OS PROGRAMAS

HORTAS CARIOCAS: O Hortas Cariocas é um programa da Secretaria de Meio Ambiente e Clima e tem o objetivo de reduzir a insegurança alimentar de famílias que vivem em vulnerabilidade social e criar postos de trabalho, gerando renda e afastando jovens da criminalidade. Ele consiste em assistência técnica e fomento à iniciativas de agricultura urbana na cidade, podendo ser implantado em áreas públicas ou em escolas da rede municipal de ensino que possuam capacidade para a realização do projeto.

A primeira etapa consiste na visita técnica para analisar a viabilidade, vendo fatores como disponibilidade de água, insolação e condições físicas do terreno. Atualmente o Programa Hortas Cariocas possui 24 hortas na rede de ensino e 24 em regiões de comunidade. Quando está implantado em comunidades, a equipe tem a prerrogativa de comercializar 50% da produção para complemento de renda e os outros 50% são doados para famílias em situação de vulnerabilidade, dentro da própria comunidade ou algum equipamento público (abrigo, escola). Em unidades de ensino, 100% da produção é doada, tanto direcionada para complementação de alimentação escolar ou ainda para os alunos e funcionários.

HORTAS ANCESTRAIS: O programa Hortas Ancestrais tem o objetivo de resgatar o cuidado e a conexão com a natureza, que é um saber de muito tempo. Das avós, tias, das mais velhas, como se é falado. Nessas hortas ancestrais são cultivadas as plantas medicinais, como boldo, alecrim, etc. Uma associação comunitária pode requerer uma horta, ou uma igreja, uma unidade de educação também.

COZINHAS SUSTENTÁVEIS: Já as Cozinhas Sustentáveis são focadas no processamento dos alimentos orgânicos produzidos pelas Hortas Ancestrais, fazendo com que a alimentação chegue à mesa dos beneficiários de forma processada. A demanda social chega para a Secretaria que vai avaliar a viabilidade de instalação em determinada localidade.