MÚSICA

Por Guilherme Maia

 

Existe algo melhor do que a popular música brasileira? Aquela que brotou dos becos boêmios do Mangue, da casa de Tia Ciata? Que envolveu corpos pujantes na dança do maxixe – fruto da síncope de Sinhô – ou enlevou sentimentos pela sensibilidade de Pixinguinha?

Tudo isso e mais: Maracatus de Chico Rei, emboladas, sambas de breque do grande Morengueira; a Bossa Nova; Tropicáplia; as músicas da época do chumbo grosso e a sublimidade poética de nosso Rock: Tudo isso se reúne nesses caras quem apesar do nome, são grandes como um enorme balão à deriva sobre ares de sonoridade sentida à flor da pele: LA PETITE FAROFA!

Eles misturam tudo: Bacon; Cebola; Banana da terra frita na manteiga; Farinha de biju ralado e torrado; Passas e Salsinha – a farofa africana. Por isso, quando arrancam com Feira de Magaio, do eterno Sivuca, balançam todos os expectadores e. por isso mesmo, gestam um ambiente de malemolência com todas as etnias formadoras desse país e seu povo.

Começa com a fritura do bacon, a base de tudo, ao que todos os ingredientes recebem a bênção do gosto: esse é o mestre ALEXANDRE GUICHARD, violão, maestro da sonoridade sinfônica. De sua calma de monge surge o liame, a ligação para a grande pequena farofa.

Daí doura-se a cebola, que traz a força ácida e doce da vitalidade das cordas vocais femininas, ela e única ELVIRA HELENA, musa das noites e canções; presente à frente como a estrela resplendente que é.

Voltando à Feira de Magaio e à nossa farofa: acrescenta-se farofa ao bacon e cebola, aí é que vem o grande João Fernando empunhando seu bandolim, dinâmico, pujante, trás de volta sentimentos provocados por mestres como Jacob do Bandolim. De perder de vista suas mãos enquanto embrenha por solos. Gênio!

Por fim, brandindo suas baquetas o baterista Hélio Ratis; é com ele que a farofa toma sua forma definitiva: as bananas da terra na manteiga e aí junta tudo para podermos desfrutar da grande delícia, La Grande Bouffe, a comilança antropofágica da musicalidade brasileira que junta tudo, deglute tudo, assimila tudo; aí surpreende-nos La Pettite Farofa.

Vão fazer homenagem ao gênio de Waldir Azevedo, afinal não é todo dia que se perpetua a arte por cem anos (nasceu em 27-01-1923) e sua arte o revive sempre que se ouve suas composições.

Será mais uma delícia culinária o canto de Azevedo relido por esses grandes caras!

Salve a Música Popular brasileira!

Salve La Petite Farofa!

Elvira Helena – vocal;

Hélio Ratis – bateria;

João Fernando – bandolim;

Alexandre Guichard – violão.