MÚSICA

Por Renan Simões

 

Raríssimos são os álbuns que, como este, oferecem sínteses relevantes e adoráveis de movimentos musicais. The composer of Desafinado, plays (1963), de Tom Jobim, traz doze das composições mais relevantes e geniais da bossa nova. Jobim toca piano e violão, em uma linguagem econômica – em relação à quantidade de notas -, mas na medida certa para sua sublime expressão. Os arranjos e regência são de Claus Ogerman, e participam da gravação Edison Machado na bateria, George Duvivier no baixo, Leo Wright na flauta e Jimmy Cleveland no trombone. Sete composições são de Jobim e Vinicius de Moraes, três de Jobim e Newton Mendonça, e duas apenas de Jobim.

A famosíssima The girl from Ipanema e Amor em paz desvelam o espectro sonoro que será utilizado ao longo do registro. Água de beber e Vivo sonhado são puro júbilo, quanto às composições, arranjos e interpretações. Insensatez encontra-se aqui em sua melhor expressão, fazendo jus à grandiosidade do tema. O morro não tem vez e Samba de uma nota só estão na medida certa, de tempo e elementos musicais, e com ótimo discurso geral.

Meditation e Só danço samba não vingam muito, e representam uma certa autorreferência desinteressante que em breve seria cada vez mais comum no gênero. As sempre-presentes Corcovado, Chega de saudade e Desafinado, por sua vez, são esplendorosas. Contida, sentida, ambiente, relaxante, profunda: a bossa nova instrumental apresentada por Jobim acaba se mostrando, muitas vezes, bem mais surpreendente do que a bossa cantada.

Antônio Carlos Jobim, The Composer of Desafinado, Plays o grande mestre da bossa nova! Ouça, desfrute, reflita, repasse: