OPINIÃO

Por Eduardo Alves

 

A formação social brasileira é impregnada pela ideologia da submissão, do individualismo e do narcisismo que criam o ambiente no qual exista o predomínio das práticas e ações violentas. Tal contexto se desenrola com assertividade com a imposição ou motivação da ignorância.

Majoritariamente predominam nas relações sociais o individualismo, narcisismo, intolerância e impossibilidade ou dificuldade para que as pessoas tenham condições materiais necessárias para sobreviver.

Ainda que o capitalismo seja uma realidade existente em todo o mundo a disputa imperialista cada vez mais ampla e os formatos de exploração e dominação múltiplos fazem dos países que não são considerados desenvolvidos.

Viver tal realidade com mais peso. Entre vários outros países, esse é o caso do Brasil. A inteligência coletiva que predomina está voltada para a exploração, controle, preconceito e dominação, com grande impacto trazido pelos ventos do capitalismo tardio.

Algumas características são existentes desde o escravismo colonial até o tempo no qual vivemos. No Brasil já houve a época dos coronéis e as pessoas empobrecidas que tinham sentidos de confiança para servir os coronéis em suas propriedades ou para eliminar possíveis “inimigos”… esse já foi um lugar disputado por grande parte das pessoas. Assim como a época dos escravos, nas primeiras oportunidades de dominação em um cenário de necropolítica, tais épocas se fazem mais evidentemente presentes.

Os que se apropriaram de espaços que são comuns como propriedades, como grande parte da terra, da água e do mar são os poderosos que ainda fazem que as organizações privadas ou do Estado atuem para fortalecer o poder que se apropriaram. As pessoas transformadas em mercadorias para ampliar os laços do capital e do dinheiro, que é a mercadoria universal, são fundamentais para sentirem a vida como coisas e não como sujeitos para conquistar uma nova realidade.

Os principais milionários existentes, que no Brasil não chegam a 1% da população, assim como as principais pessoas que dominam as propriedades existentes e a formação sociojurídica que organiza o país são homens brancos. Esse impacto favorece que orientações ideológicas ou políticas que se organizam na necropolitica tenha maior facilidade de se firmar ideologicamente na maioria das pessoas.

O Governo Federal passado, ainda que derrotado na última eleição presidencial, com apenas um mandato ampliou o ambiente da ignorância e dos múltiplos preconceitos. O crescimento da violência, dos preconceitos, da ignorância amplia facilmente com baixos salários, poucos empregos, muita miséria material e baixo investimento da saúde.

Passando por mais um tempo de pandemia tais aspectos só se ampliam ainda mais e as pessoas, principalmente as mais empobrecidas, negras, mulheres, pessoas que moram na periferia, sofrem as maiores consequências negativas.

Desde o ensino fundamental as pessoas no Brasil deveriam conhecer a pandemia do início do século passado para melhor atuarem na pandemia que se viveu a partir de 20 do século atual. O conhecimento que poderia salvar vidas tem este e vários outros exemplos como marca da grande importância.

Levando-se em conta que, segundo o IBGE, 85% da população possui um “smartphone”, o que possibilita a participação da multidão nas chamadas redes sociais, multiplicam-se facilmente os ambientes para mentiras e inverdades. Por outro lado, coma baixos números de vagas asseguradas e mantidas em todo o ciclo do ensino básico nas escolas o ambiente para a ignorância se mantém. Assim ações das pessoas para enganar, corromper, não respeitar e não conviver com as outras pessoas estão cultivados.

Para uma atitude diferenciada, mesmo no capitalismo, vários procedimentos precisam ser alterados nos aparelhos de Estado. Pode-se dizer que muito precisa-se aprender com ações feitas na Finlândia e que multas mudanças estruturais precisam existir no país para a democracia, tão repedida nas redes sociais e aparentemente desejada, realmente possa existir.

Com a impossibilidade e impedimento para que as pessoas tenham acesso ao conhecimento a violência se multiplica e gera barreiras que são fundamentais superar para que a humanidade seja ampliada. A inteligência coletiva da ignorância é imposta e generosamente ampliada com a ideologia. Os grupos sociais e políticos que investem em inteligência coletiva para a conquistar a dignidade humana precisam coletivamente em todos os espaços.

No Estado é possível ter conquistas com investimentos em mais escolas, mais espaços para o estudo, condições universais para aprender e ensinar os vários conhecimentos. Assim como as organizações da sociedade civil precisam se organizar para fazer da formação com o conhecimento crítico existente com todas avistas. Muito importante atuar, conhecer e trabalhar para que a diversidades existentes com as várias singularidades humanas não seja vistas como desigualdades.

As pessoas desiguais da multidão formam um percentual mínimo e não podem, mesmo sendo minoria, se formar como maioria política. A grande diversidade da maioria social precisa ser compreendida e aprendida em todos os espaços do Estado no Brasil e esta é uma conquista fundamental da multidão para fazer da convivência o ambiente das pessoas sem violência.

É necessário ter em consideração que conhecer o suficiente para saber como um país capitalista, como a Finlândia, possa ter grandes índices favoráveis em educação, conhecimento e procedimentos de rejeição de fake news não pode ser repetido apenas em um país como o Brasil. Acumular forças para que a ignorância e a inverdade sejam superadas, criando condições para que as pessoas não sejam facilmente convencidas por mentiras, exige superações mais profundas. E é justamente ações do Estado, não apenas restritas aos governos, parlamentos ou judiciários, que precisam ser conquistados.

Para isso se faz necessário uma ampliação da organização da sociedade civil e de todas as organizações de movimentos sociais que possam cumular forças para superar limites impostos e praticados pelo Estado com impacto para toda a sociedade. Este desafio exige das pessoas ações coletivas e solidárias superiores das que foram acumuladas até agora.

Mas quando se pensar no que governos podem fazer a tendência de pensamento e ações em formas de punições predominam. Quando ocorrem ondas que ampliam as violências físicas, principalmente em espaços sociais nos quais a violência física possui ideias de condenação das pessoas, há um fácil senso comum para rejeitar. Principalmente em espaços que a ideologia possui um grande impacto religioso, do amor romântico e das várias formas de apropriação e manifestação dos sentidos.

O sentido do poder, criado abundantemente na ideologia dominante, traz laços que podem levar facilmente para práticas violentas. É muito presente as vozes que dizem que mataram ou bateram por amor, principalmente de homens para mulheres, quando sabemos que com amor não há espaço para a violência, principalmente a violência física.

Em espaços religiosos ou de aprendizagem, como as escolas, várias formas de violência existem, mas o pensamento predominante sobre esses locais precisa transformar a existências de violência física em necessidades de punição. Mas precisamos ter certeza que punições são insuficientes para superar as violências e que é necessário conhecimento, investimento e saberes e em melhores qualidades de vida.

Comunicações não violentas, honestas, assertivas e verdadeiras, demandam, para existir, conhecimento, com predomínio do pensamento crítico e condições de vida satisfatórias. A grande maioria das pessoas sobrevivem com o medo constante do desemprego, da fome, da

falta de saneamento, da ausência de água potável, da falta de moradia, da impossibilidade da mobilidade do corpo e da impossibilidade de saúde.

Para além dos medos predominantes (doenças, velhice e morte – existente mesmo com a expectativa de vida aos 75 anos como é segundo os sensos no Brasil), os outros medos recorrentes na vida da maioria, como colocado acima, levam a fortalecer a ideologia do individualismo e da disputa entre as pessoas com condições similares.

O senso comum predominante faz com que disputas e violências sejam alternativas mais fácil na vida das pessoas. Assim como se torna predominante, em lugares com pessoas que possuem a vida com o empobrecimento imposto pelo poder, buscar qualquer forma para ter acesso ao dinheiro. no lugar do senso comum que é hegemônico entre as pessoas no Brasil.

As violências nas escolas que tomaram o cenário do país no tempo atual precisam ser superada completamente. Tal superação, por sua vez, exige mais que as punições que os aparelhos repressivos do Estado podem fazer.

Precisa-se ampliar presença das pessoas nas escolas, garantindo a permanência e criando as condições para que o conhecimento seja cada vez mais coletivo e permita germinar o melhor para a vida.

Os vários conhecimentos – seja a ciência, a filosofia, a arte, as religiões, a ancestralidade e outros mais – precisam ser conhecidos, organizados com afeto, amor e ótimas relações entre diferentes. Para além de prender, proibir fake News, se faz necessário investir para que as pessoas conheçam a verdade e atuem em favor da vida, o que levaria ampliar o número dos seres vivos contrários a qualquer tipo de genocídio.

Avançar em conhecimento e em direitos que melhorem as condições de viver são ações fundamentais para que as pessoas sejam ganhas a favor da vida e contrárias a qualquer violência. Essa é uma das conquistas fundamentais para o novo período.