POEMA
Por Guilherme Maia
“And that is the name you never will guess;
The name that no human research can discover –
But THE CAT HIMSELF KNOWS
And will never confess”
T.S.Eliot.
(The naming of cats)
Era efeito de névoas aquele olhar. Não havia fim ao que o GATO almejava ver e entender. Pulando de laje em laje, indiferente aos espocos que afligem a população da Fazendinha, pouco lhe importava disparos de 556 resvalando casas e esperanças – o Alemão era insignificante para ele. Era um GATO proveniente da alta linhagem, felinos os únicos que podiam satisfazer o SOL e a LUA, pois eram exclusivamente a sagrada oferenda de Bastet – a provedora da fertilidade e da arte aos reles humanos. A bala pode chupar a todos ao redor, projéteis não alcançam o GATO, este possui seu corpo fechado envolvido que era pela aura do grande felino – a proteção divina. Palmilha o zinco dos tetos precários com suas patas suaves, movimentos como dança diante dos astros, pára frente o horizonte, o fervor da pólvora até mesmo queima seus bigodes; “Tanto faz!”, pensa. Ergue sua face e transubstancia a LUA: sente que Bastet sorri para ele e é em resposta à sua devoção.