MÚSICA

Por Renan Simões

 

Este registro da banda Chuck Norris é, sem dúvida, o mais intenso e direto de toda a lista. O grupo é de Vila Velha (ES), minha cidade de origem, e representa o que há de mais intenso e caótico no hardcore/grindcore. Embora sempre impecável nos splits que lançou – Vila Velha noise beach e Jäzzus/Chuck Norris –, é em seu único trabalho solo que a banda transcende: um EP de 2004, lançado pela alemã Throw Into Disorder Records.

Ao darmos o play, ouvimos a alarmante fala: “Pare! O demônio se faz presente neste bonde malévolo; a desgraça é trazida a nós pelo cabrito satânico”. Este é o convite para entrarmos no inferno de Poder jovem, com toda sua veemência rítmica e choque de seções contrastantes em curtíssimo espaço de tempo. Constatamos, já em Poluição, a incrível organicidade e unidade do grupo. Em O preço da nossa dívida externa e Boicote às grandes corporações da música (esta com um título sempre atual e necessário), identificamos elementos mais tradicionais do gênero, porém com texturas surpreendentes. Etnocídio tem apenas dez segundos com a banda efetivamente tocando; Alta velocidade é potente, mas o caos total só se consolida em A ameaça está em nossa forma de pensar.

Respiramos por breves momentos em Doenças que andam sobre o corpo (não listada entre as faixas), com um sample de rádio ou TV sobre “os perigos da macumba”. Em Matar ou morrer, a banda se aproxima do que há de mais padrão no gênero, o que é compensado pela agressividade máxima de Certo ou errado?. Esta, por fim, abre espaço para as cinco brilhantes e impetuosas faixas finais.

Chuck Norris, Chuck Norris EP, o extremo da intensidade e do caos em música! Ouça, desfrute, reflita, repasse: