TEATRO

Por Alessandra Costa

 

Monólogo “As Pessoas” chega a Casa de Cultura Laura Alvim refletindo sobre nossos julgamentos em sociedade

Espetáculo traz as inquietações da personagem Zelma sobre comportamentos contemporâneos

 

Terceirizar a culpa das coisas é mais comum do que se imagina. E é com essa reflexão que o monólogo “As Pessoas” volta aos palcos para tirar o público da zona de conforto. Depois de uma temporada de sucesso no Sesc Tijuca, o espetáculo entra em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, de 24 de fevereiro a 19 de março, sextas e sábados, às 20h, e domingo, às 19h.

No palco, a atriz, produtora e autora do texto Márcia Santos vive a personagem Zelma. Com direção de Rogério Fanju, o monólogo aborda de maneira crítica e bem-humorada comportamentos contemporâneos que, em geral, são percebidos por nós na ação alheia. É um padrão coletivo analisar hábitos e condutas sociais a partir da observação do outro, não raro, julgando-o ou responsabilizando-o, como falas como: “As pessoas são egoístas”. “As pessoas não sabem votar”. “As pessoas são mal-educadas”. “As pessoas não colaboram”. E embora essas pessoas sejam os outros, elas também somos nós.

Zelma, então, traz à tona o modo como naturalizamos certos comportamentos, como reproduzimos padrões sociais de controle do outro e sobre a nossa imensa responsabilidade social na dinâmica de uma sociedade global: “Eu penso em nós, humanos, e me compadeço do diabo”, ironiza Zelma, ácida e certeira.

“AS PESSOAS” trata das pequenas ferocidades presentes em atos triviais do dia a dia. E, ainda que não seja possível controlar completamente a percepção e a reação do público, o que o texto propõe é o incômodo. Confronta o público com questões pontuais que permeiam nosso cotidiano e que denunciam diversos hábitos e condutas que passaram a ser naturalizados e que, muitas vezes, são responsáveis por inúmeros desgastes e esgarçamentos nas relações sociais.

“Propomos um teatro que, além de entretenimento, seja um provocador e inquietante estímulo à reflexão”, sinaliza Márcia Santos, que se inspirou nas relações pessoais de seu dia a dia. Relações que, muitas vezes, se vêm reproduzidas em mídias e jornais diários, chamando a atenção para como a sociedade, em seu radicalismo de pequenas guerras diárias, também pode levar à destruição.

“AS PESSOAS” é o desabafo de uma mulher instruída e cansada, que se sente inadequada, descrente e sozinha em sua forma de perceber o mundo, que ao movimentar caixas e livros, talvez na tentativa de construir uma muralha simbólica, tenta se separar e se proteger do mundo lá fora, já que o que ela deseja, é se esconder.

O espetáculo tem apoio institucional da Secretaria de Cultura, da Funarj  e da Casa de CulturaLaura Alvim, com ingressos a 40,00 inteira; 20,00 meia; e 15,00 lista-amiga, que podem ser adquiridos no site  funarj.eleventickets.com.

Serviço

“As Pessoas”

Temporada: 24 de fevereiro a 19 de março (de sexta a domingo)

Sessões: sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h

Local: Casa de Cultura Laura Alvim

Endereço: Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema

Ingressos: 40,00 inteira/ 20,00 meia / 15,00 lista-amiga

Classificação: 14 anos

Duração: 65 minutos

Capacidade: 190 lugares

FICHA TÉCNICA

Texto, atuação e produção: Márcia Santos

Direção: Rogério Fanju

Iluminação: Paulo César Medeiros

Cenografia: Daniel Leão

Trilha original e direção musical: Marcelo Alonso Neves

Figurino: Wanderley Gomes

Preparação vocal: Jorge Maia

Preparação corporal: Édio Nunes

Design gráfico e arte da janela cenográfica: Rômulo Medeiros

Assistência de Direção e Produção Executiva: Leandro Mello

Operador de Luz: Rafael Tutti

Operador de Som: Felipe Coquito

Sobre Márcia Santos

Atriz, produtora, autora, diretora teatral e cientista política formada pela Unirio, onde também se graduou em Artes Cênicas/Interpretação. Mestra em Sociologia Política pelo IUPERJ/Cândido Mendes.

Profissional multidisciplinar, com atuação nas áreas cultural, política e acadêmica. Seu monólogo “As Pessoas”, contemplado com o Prêmio Sesc Artes Cênicas, é o terceiro texto de sua autoria a entrar em cartaz em 2022. Antes dele, com sucesso de público e de crítica, Márcia realizou duas dobradinhas como autora junto com Édio Nunes na direção: “Joãosinho e Laíla – Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, que esteve em cartaz no Sesc Arena Copacabana e retorna à cena em novembro, no palco do Teatro Dulcina, e “Luíza Mahin – Eu Ainda Continuo Aqui”, que estreou em 2021, foi contemplado com os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Atriz (Márcia Santos) no Festival Nacional de Teatro de Varginha (MG), e segue carreira em 2022, atualmente circulando pelo SESI-SP, e com três indicações para o Prêmio Cenym de Teatro 2022 nas categorias Melhor Elenco, Melhor Qualidade Artística de Produção e Melhor Atriz (Cyda Moreno).

Também em 2022, Márcia Santos atuou como atriz no clipe musical CORAGEM (https://youtu.be/tRYMr_UwFL0); participou do curta-metragem “Toró”, de Clara Ferrer e Marcela De Finnis, ainda em fase de finalização, e participa da série “Cinema de enredo”, dirigida por Luiz Antonio Pilar, para o Prime Box Brazil, gravada em 2019, mas que foi lançada no último mês de outubro no Festival de Cinema do Rio.

Em 2021, Márcia Santos foi contemplada com o Prêmio Funarj com o curta “Vamos fazer uma faxina”, de Joaquim Vicente (https://www.youtube.com/watch?v=y-ehA6FXQVE) e, em 2020, com Prêmio Funarte com o vídeo “Colhe o dia” (https://www.youtube.com/watch?v=nNykAWYsOus).

Em 2011, assinou roteiro e direção de “Brasil 70 – musical”, que estreou no Teatro Café Pequeno. E, em 2013, apresentou-se no Cassino Estoril, em Portugal, a convite da Embaixada do Brasil em Lisboa, e sob o patrocínio do OI Futuro, cumprindo temporada nova no Rio de Janeiro e circulação pelo interior do estado.