A questão do descarte incorreto de lixo eletrônico (e-lixo) tem se tornado cada vez mais urgente nos últimos anos, representando uma ameaça crescente para o meio ambiente e um grande desafio para a sustentabilidade. Os componentes de metais pesados presentes no e-lixo causam impactos significativos à saúde humana e ao meio ambiente, como poluição tóxica do solo, água e ar.

Diante disso, é necessário tomar medidas emergenciais para prevenir os graves danos causados pelo descarte inadequado desse lixo. Além disso, a produção exagerada e descontrolada de eletrônicos, combinada com a falta de consciência e descaso das pessoas em relação ao correto destino de seus resíduos, exige reflexão e busca de soluções educativas e regulatórias para conter esse problema e alcançar um futuro sustentável.

Segundo dados coletados pela International Solid Waste Association (ISWA) nos EUA, mais de 41 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram descartadas entre 2008 e 2016. O 10th Global E-Waste Monitor, publicado em 2019, estima que cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram descartadas naquele ano, o que representa um aumento de 21% em relação à estimativa anterior.

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 97% do lixo eletrônico não é descartado corretamente na América Latina, o que representaria uma perda de US$ 1,7 bilhão com reciclagem, pois são perdidos materiais nobres e raros, como o ouro, por exemplo, presentes em diversos equipamentos. Além disso, estima-se que só no Brasil, 70% do lixo eletrônico é simplesmente descartado em lixões ou outros ambientes inadequados, o que é alarmante. É comum a falta de conhecimento das leis ambientais específicas para a destinação correta desses materiais, mas isso não pode ser uma justificativa. Por isso, é fundamental reconhecermos e nos conscientizarmos sobre a responsabilidade ambiental e destinação adequada do lixo eletrônico.

Para enfrentar esse problema, é necessário, então, promover boas práticas de destinação de lixo eletrônico e cobrar dos fabricantes responsabilidade socioambiental, por intermédio do patrocínio de campanhas de conscientização, ido incentivo à reciclagem e da recuperação de materiais e, claro, estabelecendo regulamentações e punições para o descarte incorreto. A conta é simples: quanto mais consumimos, mais poluímos. Devemos agir agora para garantir um futuro sustentável e proteger o meio ambiente.

Algumas medidas que podem ser tomadas incluem:

  • Campanhas de conscientização para incentivar a reciclagem e destinação correta do e-lixo;
  • Sistemas de coleta seletiva e reciclagem de eletrônicos, com a participação das empresas fabricantes e comércio eletrônico;
  • Regulamentações e leis para obrigar as empresas a serem responsáveis pela destinação final de seus produtos e incentivar o desenvolvimento de tecnologias de reciclagem mais avançadas;
  • Investimento em pesquisas para desenvolver novas tecnologias e processos de reciclagem mais eficientes e menos poluentes.

Além disso, é importante que as empresas e indústrias obtenham certificações como ISO 14001 , EMAS , PGA e EPEAT , que avaliam e classificam a gestão ambiental e a sustentabilidade dos produtos. Essas certificações fornecem às empresas, governos e indivíduos consumidores a garantia de que os procedimentos relacionados ao descarte de lixo eletrônico estão sendo conduzidos da forma mais sustentável possível. Isso significa que os procedimentos foram experimentados e aprovados para seguir os princípios de responsabilidade ambiental e proteção ao meio ambiente. Possuir essas certificações oferece importantes vantagens comerciais, como aumento da confiança e credibilidade da empresa, além de ser benéfico para a criação de iniciativas a favor da sustentabilidade.

Segundo o Acordo de Paris – conhecido como o maior e mais ambicioso pacto estabelecido para mitigar os efeitos da mudança climática – é necessário que os países signatários assumam a responsabilização dos fabricantes quanto à questão da destinação correta do e-lixo, pois a reciclagem e o descarte correto de eletrônicos ajudariam também na redução das emissões de gases de efeito estufa. E tais esforços, em escala global, parecem ter surtido efeito.

Algumas empresas, como a Microsoft, Samsung e LG, têm tomado medidas para enfrentar o problema do e-lixo. A Microsoft, por exemplo, tem programas de reciclagem para seus produtos e iniciativas para aumentar a eficiência energética de seus data centers. A Samsung tem programas de reciclagem e de recuperação de materiais para seus produtos e investe em pesquisas para desenvolver tecnologias de reaproveitamento mais avançadas. Diversos fabricantes e comerciantes também têm seus próprios programas de descarte eletrônico, ao estilo take-back, que permitem ao usuário entregar seu aparelho velho para reciclagem e, em troca, receber descontos na compra de novo equipamento, diminuindo o impacto de diversos componentes eletrônicos no meio ambiente.

Assim, fica óbvio que não podemos mais fechar os olhos para o descarte inapropriado de lixo eletrônico. Está na hora de nos envolvermos e entendermos as consequências de nossas decisões. As ações irresponsáveis que tomamos têm um efeito direto sobre o meio ambiente, e é essencial que líderes e indivíduos assumam a sua parte de responsabilidade, para que possamos criar uma balança cada vez mais equilibrada nas questões de preservação ambiental. Ao nos responsabilizarmos e agirmos, podemos assegurar um futuro mais sustentável e saudável para todos. Mas temos que focar nisso agora. Aliás, já deveríamos ter começado.