MÚSICA
Por Renan Simões
Em seu álbum ao vivo de estreia, Mantras indianos (1989), Homem de Bem é um grupo composto por Tomaz Lima, Lui Coimbra e Antonio Quintella, com a participação de diversos outros músicos de excelência; posteriormente, Homem de Bem passou a se referir a um projeto solo de Tomaz Lima. Com direção musical, arranjos de base e adaptações de Lima, e arranjos de corda e regência de Waltel Branco, os processos de ocidentalização e abrasileiramento dos mantras indianos fluem perfeitamente.
A fenomenal Madana mohana murari, um grande hit, apresenta organicidade e beleza genuínas, nos permitindo adentrar com total entrega ao universo apresentado pelo grupo. Baja shri Krishna nos transporta para algo mais melancólico, com arranjos instrumentais e vocais que revelam toda uma gama de emoções; algumas rítmicas mais mundanas, por sua vez, nos lembram que essa experiência de transe é apenas passageira.
A alentadora Bolo hare, com seu quê de maracatu, massageia nosso espírito, mas é cercada por Hari om tat sat e Maha mantra, que funcionam muito bem como epifanias coletivas, mas não muito como música para ouvir. A seguir, a ameaçadora Shiva shankara me remete a elementos musicais que seriam utilizados, alguns anos depois e de forma muito feliz, pelo Radiohead. A melodia direta e imponente de Govinda jaya jaya nos pega de jeito, mas não salva nossa má impressão do final do registro. A bossa andina Hare Krishna hare rama não funciona, e a diminuição gradativa dos instrumentos e integrantes a cada faixa, falha muito em seu intento de introspecção, com apenas um momento bom em Gopala.
Homem de Bem, Mantras Indianos, aproximando o divino do humano através da música! Ouça, desfrute, reflita, repasse: