ARTES VISUAIS
Por CWeA Comunicação
Feitos sobre grandes folhas de papel, completamente cobertas por intrincadas formas, os desenhos do artista nascido em 1984, em Natal, e morando em São Roque, São Paulo, serão vistos nesta sua primeira individual no Rio de Janeiro. Thiago Barbalho tem mostrado suas obras em exposições em Londres e Portugal, e um trabalho seu está no acervo da Pinacoteca de São Paulo. Ele foi o único artista brasileiro a integrar o prestigioso compêndio de desenho contemporâneo “Vitamin D3 – Today’s Best in Contemporary Drawing” (Phaidon, 2021), um conceituado indicador das futuras estrelas da arte.
Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro
Abertura: 10 de novembro de 2022, das 18h às 21h
Visita guiada com o artista às 19h
Até: 28 de janeiro de 2023
Curadoria: Raphael Fonseca
Entrada gratuita
Nara Roesler tem o prazer de apresentar a partir de 10 de novembro de 2022, a exposição “Depois que entra ninguém sai”, com obras recentes do artista Thiago Barbalho, que faz sua primeira individual no Rio de Janeiro. Com curadoria de Raphael Fonseca, a mostra reúne desenhos sobre papel em grande formato e sobre tela, e ainda a escultura “Gônadas” (2022), com cerca de 2 metros de altura, feita em isopor estrutural, fibra de vidro, impressão 3D, resina cristal, pigmento e pintura automotiva. Na abertura da exposição, o artista fará uma visita guiada às 19h.
Thiago Barbalho tem despontado no cenário nacional e internacional – fez uma individual em 2018, no Kupfer Project Space, em Londres – com seus desenhos em grandes folhas de papel completamente cobertas por intrincadas formas, feitas com lápis de cor, grafite, pastel, caneta esferográfica, marcador permanente, acrílica, tinta óleo, bastão oleoso, spray e resina. A trama de suas histórias é composta pelo olhar do público.
No final do ano passado a Pinacoteca do Estado de São Paulo adquiriu uma obra sua, e também no circuito internacional o artista tem sido reconhecido: ele foi o único artista brasileiro a integrar o compêndio de desenho contemporâneo “Vitamin D3 – Today’s Best in Contemporary Drawing” (Phaidon, 2021), um conceituado indicador das futuras estrelas da arte.
“Depois que entra ninguém sai” mostra o resultado da pesquisa desenvolvida por Thiago Barbalho nos últimos dois anos, em que dá prosseguimento ao seu interesse pelas relações entre desenho, pintura e cor, em trabalhos que se caracterizam pelo horror vacuum – “horror ao vazio” – conceito que atravessa a história da humanidade, percorrendo filosofia, arte, religião e até psicanálise. Thiago Barbalho nos convida a contemplar imagens cheias de detalhes. O uso de cores intensas e contrastantes, e as formas estranhas, frutos da fusão entre o familiar e o onírico, permeiam o trabalho do artista.
“Sobre as superfícies de diferentes folhas de papel, ele cria aglutinações de situações, figuras, manchas e traços que se acoplam umas às outras. Vistas de longe, essas imagens se destacam pela presença vibrante da cor, ao passo que, vistas de perto, são como uma trama onde prazer, humor, violência e nonsense se irmanam na justaposição de imagens ricas em possíveis interpretações”, escreve o curador Raphael Fonseca no texto que acompanha a mostra.
DESENHOS SOBRE TELA
Esse período mais recente da produção de Thiago Barbalho é marcado pela sua mudança de São Paulo – cidade em que viveu por uma década após deixar Natal, em 2010 – para o interior do estado, onde está em maior contato com a natureza. É nesse momento que surgem os desenhos em tela que compõem a exposição. Apesar do suporte, esses trabalhos não são pinturas. Thiago Barbalho segue utilizando os mesmos materiais empregados nas obras sobre papel, por vezes acrescentando à tela tecido tingido com pigmento natural. Significativamente menores do que estes últimos, os trabalhos sobre tela mantêm a noção de intimidade do gesto de desenhar.
Ainda sobre este conjunto de desenhos, Raphael Fonseca afirma: “Vemos figuras individuais que, por meio de formas orgânicas e um expressivo uso da cor, se apresentam como retratos ou estudos anatômicos de seres fantásticos. Como em toda a sua pesquisa, os limites fictícios entre figuração e abstração, representação e exploração formal se bagunçam e se plasmam em uma coisa só”.
ESCULTURA “GÓNADAS”
Na exposição, Thiago Barbalho apresenta ainda a escultura inédita “Gônadas”, em que traz para o campo tridimensional elementos fundamentais de seu desenho do, como a preocupação com diferentes texturas, “transparências, degradês, num jogo de sentido e mistério”. Também na escultura estão elementos de interesse do artista presente em seus trabalhos atuais: a ideia de fertilidade e dos desejos sexuais.
“Em dois globos que podem ser vistos como olhos se sustentando, a obra parece incorporar a cultura do excesso de vigilância e de absoluta sedução visual. Quer sejam testículos, ovários ou olhos, esses objetos dão sustento um ao outro sobre escadas feitas em impressão 3D e cobertas com pintura automotiva. Escadas que, sozinhas, não ficariam de pé, mas ao se darem suporte, escalam uma transcendência e emanam um degradê típico de estampas de pôr do sol. Tudo isso saindo de uma nuvem de pelúcia sintética. Como um enorme emoji sagrado”, comenta.
“Gônadas” é um desdobramento de “Leite derramado”, obra que o artista expôs na mostra “Rocambole” – no Pivô, em São Paulo, em 2018, com trabalhos seus em diálogo com os das artistas Yuli Yamagata e Flora Rebollo, e que ganhou nova edição em 2019, no Kunsthalle Lissabon, em Lisboa.
A exposição “Depois que entra ninguém sai” é um convite ao público para entrar em contato com o universo visual de Thiago Barbalho. Para Raphael Fonseca, o próprio título da mostra é uma metáfora não apenas do processo de criação do artista, mas também para sua recepção. “Depois que o artista insere algumas formas sobre a amálgama de elementos de suas composições, lá estão elas se relacionando com outros elementos e abertas para o deleite de nossos olhos. De forma semelhante, depois que nosso olhar e corpo adentram o universo proposto por Thiago Barbalho, fica difícil nos esquecermos dele.”
SOBRE THIAGO BARBALHO
Thiago Barbalho nasceu em 1984, em Natal, e vive e trabalha em São Roque, São Paulo. Estudou filosofia e direito e fez mestrado em filosofia. Em 2007 e 2008, morou em Amsterdã, e três anos depois mudou-se para São Paulo, onde trabalhou nas editoras Biblioteca Azul/Globo, Publifolha e Scipione, e foi assistente dos artistas Alexandre da Cunha e AVAF.
Publicou os livros “Um homem bom” (contos, Iluminuras, 2017), “Doritos” (poesia, Vira-Lata, 2013) e “Thiago Barbalho vai para o fundo do poço” (romance, Edith, 2012). Criou o selo editorial Edições Vira-Lata, pelo qual lançou zines em colaboração com artistas visuais, entre eles “Clichês” (2014), “Doritos” (2013) e “Pré-história” (2013), e participou das feiras Plana e Tijuana. Tem textos no zine “SILVA” (org. por Ricardo Lísias), na “VICE”, na coluna de Glauco Mattoso e na revista “Pesquisa Fapesp”, Thiago Barbalho também criou e editou a “Revista Rosa”, publicação virtual de arte e literatura queer. De abril a novembro de 2017, fez residência de arte no espaço Pivô, em São Paulo. No mesmo ano, participou da exposição “Voyage”, na galeria Bergamin & Gomide, com curadoria de Alexandre da Cunha, e expôs em coletiva “Shadows & Monsters”, no Gasworks, em Londres. Em 2018 participou da exposição “Rocambole” em parceria com as artistas Yuli Yamagata e Flora Rebollo no Pivô – com nova edição no Kunsthalle Lissabon, em Portugal, em fevereiro de 2019. Em julho de 2018 fez exposição individual no Kupfer Project Space, em Londres, com curadoria de Kiki Mazzucchelli. Nesta ocasião, teve o conto “O homem sem limites” traduzido para o inglês pela curadora, e publicado na ocasião. Em julho do mesmo ano participou da exposição “Hecatombe”, na galeria Sancovsky, em São Paulo. Em setembro de 2018 participou da exposição “Aquele Vestígio Assim… Feérico”, de AVAF, na Casa Triângulo, São Paulo. Em agosto de 2019, fez a individual “Correspondência”, na galeria Marilia Razuk. E em 2021 participou da coletiva “Electric Dreams” (2021), na Nara Roesler Rio de Janeiro. Fez cinco videopoemas, entre 2014 e 2016. Suas obras integram coleções privadas e pública Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Escritor e artista visual, Thiago Barbalho encontrou no desenho um modo de expressão que suplantou sua prática com a palavra. Trabalhando em diferentes dimensões e com diversos materiais – lápis de cor, grafite, spray, óleo, pastel oleoso e marcador sobre papel – suas composições trazem aos olhos do público universos intrincados, em que formas e cores se entrelaçam e embaralham em narrativas psicodélicas capazes de abolir a relação entre figura e fundo. Thiago Barbalho entende o desenho como uma tecnologia ancestral, que atravessa eras e culturas. Sua pesquisa visual vê no desenho o rastro de uma presença e da relação entre a mente – a imaginação–, e o corpo – o gesto –, entre a consciência e a realidade.
O aparente caos de suas imagens surge do vagar do gesto que traceja, recusando a submeter-se às lógicas formais ditadas pela racionalidade. De fato, deparamo-nos em seu trabalho com fragmentos diversos, uma profusão de referências de diferentes esferas, conjugando cultura popular nordestina, personagens de desenhos animados, assim como signos e símbolos advindos do universo do comércio e da cultura de massa. Somadas às leituras e pesquisas de Barbalho no campo da filosofia, da antropologia e da mística a partir de seu interesse pelas relações entre matéria e pensamento, seus desenhos instauram um universo visual cuja maior constante é a própria revolução.
SOBRE NARA ROESLER
Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea, representando artistas brasileiros e internacionais fundamentais, que iniciaram suas carreiras na década de 1950, bem como artistas consolidados e emergentes cujas produções dialogam com as correntes apresentadas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria tem consistentemente fomentado a prática curatorial, sem deixar de lado a mais elevada qualidade da produção artística apresentada. Isso tem sido ativamente colocado em prática por meio de um programa de exposições criterioso, criado em estreita colaboração com seus artistas; a implantação e estímulo do Roesler Curatorial Project, plataforma de iniciativas curatoriais; assim como o contínuo apoio aos artistas em mostras para além dos espaços da galeria, trabalhando com instituições e curadores. Em 2012, a galeria ampliou sua sede em São Paulo; em 2014 expandiu para o Rio de Janeiro e, em 2015, inaugurou um espaço em Nova York, dando continuidade à sua missão de oferecer a melhor plataforma para seus artistas apresentarem seus trabalhos.
Serviço: Exposição “Thiago Barbalho – Depois que entra ninguém sai”
Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro
Abertura: 10 de novembro de 2022, das 18h às 21h
Visita guiada com o artista, às 19h
Até: 28 de janeiro de 2023
Curadoria: Raphael Fonseca
Entrada gratuita
Nara Roesler
Rua Redentor, 241, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP 22421-030
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h
Entrada gratuita