Conforme o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese), o Brasil está vivenciando uma redução da oferta dos serviços públicos. De acordo com o documento intitulado “Síntese especial: subsídios para o debate” (que pode ser acessado aqui: https://www.dieese.org.br/outraspublicacoes/2022/sinteseEspecial10.pdf), as políticas baseadas no “teto de gastos” e privatizações comprometeram os serviços públicos, fundamentais durante a pandemia, mas que sofrem com a escassez de recursos financeiros e de pessoal. Entre outros problemas, o documento aponta que trabalhadoras e trabalhadores do setor público da ativa têm sofrido com baixos salários e precarizações das condições de trabalho.

De acordo com o documento, embora divulgação recente dê conta de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro alcançou um crescimento no 2° trimestre deste ano e que o país acumula indicadores econômicos positivos, há indicativos que demonstram, por exemplo, que o desemprego caiu por conta da precarização das condições de trabalho e da redução nos salários. “O crescimento verificado até o 2º trimestre de 2022 é mais efeito estatístico (da retração na pandemia) do que avanço real, sustentável, e não há qualquer indicativo de longevidade desse movimento de alta”, afirma o documento.

Ainda conforme o Dieese, há uma elevação significativa nos preços dos alimentos, entre outras questões porque o governo acabou com os estoques reguladores e reduziu de modo significativo políticas de fortalecimento da agricultura familiar, a qual produz cerca de 70% dos alimentos que vão para a mesa da população brasileira. Além disso, o documento também ressalta a desvalorização da nossa moeda, o Real, sem qualquer política de defesa, fato que elevou de modo significativo o custo de vida no país.

“Viver no Brasil é caro: falta salário e os preços dos bens e serviços são altos. […] os brasileiros comprometem muito mais da renda com gastos com alimentação, por exemplo, do que a média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mesmo que a carga tributária do Brasil seja menor”, revela o documento.

Apesar de os meios de comunicação hegemônicos anunciarem o crescimento do PIB, como sinal de melhoria na realidade brasileira, observa-se, no entanto, que o país “possui mais de 33 milhões de pessoas passando fome e outras dezenas de milhões em situação de insegurança alimentar, conforme estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan)”, enfatiza o documento do Dieese.

O documento ressalta, ainda, que a diminuição da renda, aliada à subida nos preços, além de entraves na execução de programas sociais, bem como questões ligadas à vulnerabilidade de parte considerável da população mesmo antes da pandemia aprofundou ainda mais a situação. “Houve retrocesso social e, agora, a retomada da economia não ocorre de forma equilibrada. Os segmentos mais pobres continuam com extrema dificuldade para sair da fragilidade social em que se encontram”, aponta o Dieese.

A “Síntese especial: subsídios para o debate”, publicada pelo Dieese afirma, ainda, que a maioria da população brasileira que depende unicamente dos serviços públicos sofre na pele com essa escassez de recursos, por exemplo através das longas esperas nas filas de consultórios, com a diminuição da aprendizagem das crianças nas escolas, principalmente na pandemia, por conta da falta de estrutura para o ensino remoto, além das dificuldades no acesso a programas de assistência social, entre muitos outros problemas.

Como é possível notar, o Brasil não apresenta um panorama tão alentador como querem nos fazer crer os meios de comunicação hegemônicos quando divulgam os dados macroeconômicos – os quais nem são compreendidos pela maioria da população. Essa prática revela o quanto as elites dominantes manipulam os dados para manter o povo desinformado, embora convencido de que detém as principais informações.