Bombas, sangues, corpos de civis deitados no alcatrão, edifícios transformados em cinzas e gritos de terror. Isto são apenas algumas das milhares de coisas que imaginamos quando pensamos em guerra. Infelizmente, a realidade é pior, já que as ações se tornam cada vez mais macabras, e o que está a acontecer na Ucrânia é um exemplo.
Em fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, iniciando uma guerra que já estava a acontecer (embora mais silenciosamente) desde 2014 e as consequências começaram em massa. Escassez de alimentos, aumento dos preços de produtos de primeira necessidade em todo do mundo e a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial começaram a avassalar as notícias.
Com a maior parte dos esposos enviados para lutar pela segurança do país, as mulheres e crianças ucranianas foram deixadas para trás, e rapidamente se tornaram vulneráveis. Estas são constantemente exploradas e, de acordo com a Representante Especial sobre Violência Sexual em Conflito das Nações Unidas, Pramila Patten, existe uma necessidade urgente de resolver esta “crise dentro de uma crise”.
Patten abordou o assunto de violência sexual ser utilizada como arma de guerra durante um evento com a USIP (United States Institute of Peace), durante o qual declarou que “todos os sinais de aviso de crimes atrozes, incluindo conflito relacionado com violência sexual, estão bem visíveis”.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, também expôs a sua preocupação no Twitter. “Para predadores e traficantes de humanos, a guerra na Ucrânia não é uma tragédia, é uma oportunidade- e mulheres e crianças são os alvos.
“Eles precisam urgentemente de ajuda e apoio a cada passo”, Guterres concluiu a publicação.
Não é segredo que a Ucrânia tem sido um destino e fonte de tráfico humano desde o início dos anos 90. Alguns fins são exploração sexual, trabalho forçado, colheita de órgãos e casamento forçado. Este problema começou a aumentar rapidamente durante a pandemia de COVID-19, e a guerra somente o agravou.
Hoje em dia os números estão mais altos que nunca. Por busca de uma vida melhor, ou iludidas com falsas oportunidades de trabalho, milhares de mulheres fazem parte das estatísticas anuais de tráfico humano.
A polícia ucraniana expôs um gangue nacional que forçava mulheres a trabalho sexual depois de as atraírem com falsas oportunidades de emprego. Um homem de 31 anos foi preso sob suspeita de ser o líder do gangue com base em Kiev.
Este é apenas um exemplo, já os verdadeiros números permanecem uma incógnita. O último relatório da ONU sobre violência sexual explora cinco elementos-chave que podem ajudar a reduzir estes crimes. São estes: “ação diplomática concertada para garantir que a violência sexual seja abordada em cessar-fogo e acordos de paz; usar indicadores de alerta precoce de violência sexual para informar o monitoramento, avaliação de risco e resposta precoce; usar a ameaça de sanções para aumentar o custo da violência sexual; justiça sensível ao gênero e reforma do setor de segurança; e amplificação das vozes dos sobreviventes.”