A cultura patriarcal exalta a masculinidade e legitima seu poder sobre as mulheres. Ela entende a masculinidade como se fosse algo natural inerente ao sexo. Entre as características que mais revela estão ser imprudente, corajoso, ter força física, ser ambicioso, agressivo, competitivo e exercer controle sobre seus sentimentos e emoções. Será que o comportamento imprudente e violento visto esta semana pelos jovens faz parte de um processo de reafirmação de sua masculinidade?
A masculinidade não existe objetivamente. É um estereótipo que responde à cultura predominante. São particularidades e características atribuídas aos homens supostamente por causa de sua biologia, mas na realidade são construções culturais baseadas no estereótipo do gênero masculino. Em nossa cultura, homem masculino é aquele que não é dependente, deixou a infância para trás e se assume como provedor, não é “efeminado”, é forte e durão e não é homossexual.
Ao longo do tempo, os homens sofreram grande pressão para responder às expectativas dominantes que caracterizam o estereótipo de masculinidade. Para muitos grupos humanos ao longo da história, o desafio foi resolvido por meio de ritos de iniciação que foram marcos que marcaram a passagem da adolescência para a vida adulta. Desta forma, o menino tornou-se um homem e foi assim reconhecido por toda a sua comunidade.
Exceto em organizações criminosas, na cultura ocidental da qual fazemos parte, não há rituais relevantes de masculinidade. Cada um cresce e assume comportamentos baseados na tentativa e erro com o feedback de reforço ou punição de seus grupos de referência e as características que eles propagam, por exemplo, a publicidade.
Os estabelecimentos de ensino “para homens” transmitiram uma cultura patriarcal que premia aqueles que melhor representam a masculinidade e deixa para trás aqueles que não se aproximam do estereótipo. É por isso que eles têm sido um terreno fértil para perpetuar uma cultura machista.
O fenômeno das pessoas que escondem sua identidade com macacões ou capuzes brancos é multifatorial, no entanto, na Fundação Semente, sustentamos que a masculinidade hegemônica é um dos fatores a serem considerados para explicar uma realidade que sempre foi evitada e deve ser enfrentada de maneira decisiva.
Com esperança caminhamos para uma educação feminista que deixe para trás o velho e tóxico modelo de masculinidade, abrindo caminho para novas masculinidades. Por isso, estamos convencidos de que novos ares entrarão nas salas de aula para uma formação melhor e mais equânime de meninas, meninos e jovens.
Tradução de Verbena Córdula