A liderança indígena Sônia Guajajara foi incluída na lista das 100 pessoas mais influentes da revista Time, publicada nos EUA e divulgada nesta segunda-feira (23). Ela é uma das duas pessoas brasileiras na lista, ao lado do cientista Túlio de Oliveira, que atua na África do Sul e foi um dos responsáveis pela identificação da variante ômicron do vírus da covid-19.
Nascida na Terra Indígena de Araribóia, no Maranhão, Sônia dedicou a vida para combater a invisibilidade dos povos indígenas. Em cerca de duas décadas de atuação na luta pelos direitos das populações originárias, atuou em diferentes organizações e movimentos, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), da qual é coordenadora executiva.
Pré-candidata a deputada federal pelo PSOL em São Paulo, Guajajara entrou para a história da política brasileira em 2018, quando foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL). Foi a primeira indígena a concorrer ao cargo.
Foi Boulos, aliás, quem escreveu o perfil de Guajajara na Time. Convidado pela revista para apresentar a colega de partido, Boulos destacou o fato de ela ter saído de casa aos 10 anos para trabalhar e, contrariando as estatísticas, ter chegado ao ensino superior. Ela é professora e auxiliar de enfermagem.
“Sônia é uma inspiração, não só para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um país que quita suas dívidas com o passado e finalmente acolhe o futuro”, destacou Boulos.
Tulio de Oliveira
Vivendo na África do Sul há mais de vinte anos, o cientista brasileiro Tulio de Oliveira foi um dos primeiros pesquisadores a alertar sobre a gravidade da variante ômicron. Ele é diretor do Centro para Respostas e Inovação sobre Epidemias do país africano. Oliveira foi nomeado junto de Sikhulile Moyo, diretor de laboratório do Laboratório de Referência de HIV de Botswana-Harvard, que também trabalhou na identificação da variante.
Elaborada anualmente desde 2004, a lista da Time reúne pessoas que contribuem para mudanças no mundo – sejam boas ou ruins. Em 2020, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi incluído na lista e duramente criticado pela condução da resposta à pandemia, pela recessão econômica e pelo desmatamento na Amazônia. Em 2022, os líderes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, estão entre as personalidades listadas.