Por Camila Aguiar
Os meios de comunicação são concessões públicas e, por isso, devem abrir espaços para as diversas opiniões, diferentemente do que acontece atualmente. É assim que Sofia Manzano, pré-candidata à Presidência da República pelo Partido Comunista Brasileiro (PDB), encara a comunicação midiática. Conforme ela, é preciso haver uma regulação pública; e ressalta que um dos maiores erros dos governos petistas foi não tocar nessas mídias. “Eles ficaram com medo de enfrentar os meios de comunicação, e depois os meios de comunicação foram pra cima deles, porque quem criou toda a narrativa da Lava-jato foi a Rede Globo”. Nesta terceira e última parte da entrevista concedida a Pressenza, a candidata do PCB fala, também, da necessidade de integração entre o Brasil e os demais países latino-americanos. Para ela, temos muitas coisas em comum e precisamos trabalhar para nos fortalecermos mutuamente. Manzano afirma, ainda, neste parte da entrevista, que se não houver possibilidade de formar uma frente de esquerda, “não significa uma desunião” entre os partidos esquerdistas. E ressalta ser positivo haver várias alternativas.
Na visão da candidata do Partido Comunista Brasileiro (PCB) à Presidência da República, Sofi Manzano, há uma necessidade premente de se estabelecer parâmetros no sentido de oportunizar que múltiplas vozes possam ser ouvidas através dos meios de comunicação tradicionais, como o rádio e a televisão. De acordo com ela, a sociedade precisa ter acesso a múltiplas opiniões, mas em vez disso, existe a predominância de um discurso monolítico, que, por vezes, é mentiroso, o que dificulta a formulação de uma visão crítica por parte da maioria das pessoas, acerca das mais diversas questões.
“Hoje, se fala muito de fake news, mas, na verdade, o povo brasileiro aceita tanto as fakes news que chegam pelo WhatsApp porque já está há 50 anos recebendo fakes que vêm da Rede Globo”, ressalta. Para Sofia Manzano, a democratização da mídia tende a ser um debate internacional, sobretudo no atual contexto político. Segundo ela, os governos de Lula e de Dilma Rousseff cometeram um grande erro ao não enfrentarem a mídia hegemônica, e acabaram sofrendo as consequências. “Eles ficaram com medo de enfrentar os meios de comunicação, e depois os meios de comunicação foram pra cima deles, porque quem criou toda a narrativa da Lava-jato foi a Rede Globo”. Na visão da pré-candidata, “aquilo não é a propriedade da família Marinho, mas uma concessão pública e, por isso, deve transmitir as diversas opiniões”.
Ao abordar sobre a América Latina, Sofia Manzano diz que o Brasil perde muito devido à falta de integração com os demais países latino-americanos. Ela ressalta que esse distanciamento tem razões históricas, as quais remontam ao período de colonização. “Houve fomento à disputa e não à integração”, afirma, salientando que, primeiramente isso ocorreu impulsionado pelo imperialismo britânico e, posteriormente, pelos Estados Unidos, que sempre buscaram fomentar a discórdia entre as nações em nossa região.
Conforme a pré-candidata comunista, diferentemente do que ocorre entre os europeus, que trabalham pela integração, inclusive, através dos idiomas, na América Latina nos distanciamos, porque é conveniente que isso aconteça. “Por que não falamos espanhol…?”, questiona. De acordo com ela, “houve todo um processo de isolamento armado para que a gente não possa se tornar um polo de desenvolvimento”.
Sofia destaca que todas as vezes que governos latino-americanos tentam estabelecer autonomia, são atropelados por golpes de Estado fomentados pelos Estados Unidos. “Temos que ter uma política de integração”, afirma, salientando que esta traria vantagens culturais, políticas e econômicas para todos os países da região.
Sofia Manzano falou, ainda, acerca da disputa eleitoral propriamente dita. Afirmou que seria interessante a construção de uma frente de esquerda, como já feita no passado. Mas, de acordo com ela, mesmo que nessas eleições não seja possível formar essa frente, não significa uma “desunião da esquerda”. Ela lembra que a esquerda se une em diversas ocasiões, lutando em prol dos interesses da classe trabalhadora. Manzano salienta, inclusive, a riqueza de haver opções distintas de esquerda. “Seria bom estarmos juntos. Mas, por que não estarmos os três debatendo com a direita?”, questiona.
Perguntada se apoiaria a candidatura petista, caso não chegasse ao segundo turno e Lula, sim, Manzano afima que seu partido ainda não sentou para discutir este assunto. De acordo com ela, a intenção do PCB é chegar ao segundo turno. Diz, também, que, caso isso não aconteça, o partido fará uma reunião para definir qual postura adotará. “Mas, neste momento, o que posso pronunciar é que espero que todas e todos que estão me ouvindo, votem na gente, para que a gente chegue ao segundo turno”, ressalta.