MÚSICA
Por Renan Simões
A saudade que ficou, de Renato Barros e Ed Wilson, é uma das criações mais belas da música brasileira, e consiste no centro espiritual do álbum que a banda Renato e Seus Blue Caps lançou em 1967, a partir do qual orbitam as demais faixas. Como uma negação aos excessos da psicodelia, o álbum apresenta canções lúcidas e diretas, imbuídas de beleza ímpar.
Renato Barros, Paulo César Barros, Cid Chaves, Tony Pinheiro e Carlinhos apresentam performances vocais e instrumentais impecáveis; o registro é o retrato de uma banda em seu auge criativo. Dentre as sete músicas originais, destaco também a obra-prima No dia em que Jesus voltar, de Paulo César, Menina feia e Um é pouco, dois é bom, três é demais, ambas de Renato Barros.
Das quatro versões realizadas por Luiz Keller, há duas muito boas (Este amor me faz sofrer e Não posso me controlar), e outras duas que não valem a pena (Vou subir bem mais alto que você e Tem que ser você). Destaco também a versão Ana, realizada por Lisna Dantas, quatro anos após a regravação dos Beatles, e bem mais legal que esta, por mais sacrílego que isso possa soar.
Renato e Seus Blue Caps, Renato e Seus Blue Caps (1967), sobriedade em plena psicodelia! Ouça, desfrute, reflita, repasse: