MÚSICA
Por Renan Simões
Em 1996, já haviam passado 30 anos do auge da Jovem Guarda, movimento musical do qual Renato e Seus Blue Caps fizeram parte. Em 1996, a banda havia lançado, 20 anos antes, a nostálgica canção Como há dez anos atrás, que aludia a um passado distante que não voltaria mais. Em 1996, o grupo estava perto de completar 10 anos do seu último álbum de inéditas, que atestou que a fonte de criatividade havia secado. É então que surge a ideia de produzir um disco com regravações de sucessos antigos, o que poderia ser tanto uma grande cartada, quanto uma grande furada musical.
Muitos artistas antigos, quando em projetos de regravação de sucessos, não obtêm resultados felizes do ponto de vista musical. A sonoridade, quase sempre muito genérica, somada a arranjos sem graça e a maneirismos interpretativos já muito deslocados no tempo, acabam gerando uma indesejável autocaricatura do artista.
Entretanto, em seu álbum de 96 e último em estúdio, Renato e Seus Blue Caps foram extremamente bem-sucedidos. A energia é tão boa e natural, que nos dá a impressão de que a Jovem Guarda faz parte do “aqui e agora” dos anos 90. O repertório é primoroso: são 14 faixas, dentre as quais dois pot-pourris e duas novas composições. A única e óbvia bola fora é a absolutamente dispensável O escândalo. As versões de Beatles são numerosas.
Por mais brega que possa parecer, ouvir Primeira lágrima, Se você soubesse, Não te esquecerei, Playboy e Eva faz muito bem para o meu coração. Sobre as novas músicas, temos a emocionante e transcendental Amor sem fim e Amar você, uma ótima canção dos anos 60, só que composta nos 90.
Renato e Seus Blue Caps, Renato e Seus Blue Caps (1996), para muito além da Jovem Guarda! Ouça, desfrute, reflita, repasse: