POEMA
Por Valéria Soares
Os pelos eriçam quando o morango brinca de azedar a saliva sabor chocolate.
A tarde despede-se sob um véu.
Tudo brinca: o doce e o ácido, o dia e a quase-noite, a chuva fria e o calor do verão, a música instrumental ouvida no tom e o heavy metal surdo na alma.
Alma barroca no limbo, fada entorpecida de luz, cigarra de peito aberto.
O morango dá sabor,
arrepia a pele cansada
saliva a boca seca.
Entre a tarde-noite
Chocolate
Morango
E desejo
Heavy metal elegia profunda
Dissonância em tom afinado
Entre a tarde-noite
Inaudível
Morango
Chocolate
Desejo
Vão
Insensível som
a ouvidos surdos.