O Jacarezinho, na Zona Norte do RJ, – conhecida por ter sofrido a maior chacina da história do Rio que vitimou 28 pessoas no ano passado -, foi escolhida para ser a favela modelo do novo programa de militarização intitulado de Cidade Integrada, do governo do Estado. Segundo o governador Claudio Castro, este é um projeto de policiamento espelhado nas UPPs e, infelizmente, outras favelas também vão ser ocupadas ainda este ano.
Esse novo processo de militarização e controle se iniciou no dia 19 de março no Jacarezinho. O território amanheceu cercado por 1.200 policiais militares e civis, além da presença de caveirões terrestres. A menos de uma semana da ocupação, são inúmeros os relatos de abuso policial, de invasão às casas e roubos. Os moradores, inclusive, têm colocado nos portões mensagens para que os policiais não invadam as suas casas.
No sábado, dia 23, os moradores ocuparam as ruas com faixas e cartazes pedindo que os seus devidos direitos sejam garantidos. Importante destacar que cenas como estas de invasões, roubos, tiroteios constantes e moradores com medo de terem as casas arrombadas, foram e ainda são recorrentes nas 44 favelas que durante 14 anos foram ocupadas pelas UPPs.
Não se pode esquecer que essas práticas são seculares e que o Estado brasileiro se fundou em uma ação militar-comercial de invasão, expropriação e exploração do trabalho de pessoas que foram racializadas. Seus locais de moradia passaram a ser alvo de diversas políticas que são seletivamente implementadas para gerar controle e morte. Além destes espaços serem historicamente usadas como laboratório de uma política militarizada. Afinal, as técnicas utilizadas nelas, são reproduzidas em territórios empobrecidos no Brasil e mundo.
A Justiça Global mais uma vez refuta esse modelo de militarização e controle da vida e do território. Integração para nós, significa, em primeiro lugar, a garantia do direito à vida e de políticas sociais de saúde, educação, saneamento, habitação, trabalho e geração de renda. Estamos falando de mais uma ocupação militar dentro de territórios empobrecidos e de uma das polícias que mais mata no mundo. Não é de polícia a favela precisa!