Apesar de todas as barreiras racistas daquela época, ele graduou-se em Medicina aos 18 anos, em 1891, com a tese “Sifilis maligna precoce”. Me refiro a Juliano Moreira, nascido em Salvador, na Bahia, em 1873. Era filho de Galdina Joaquina do Amaral, uma descendente de escravizados que trabalhava como empregada em casa de família. Essas e outras histórias podem ser conhecidas através do Projeto Ciência Gera Desenvolvimento, da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O referido projeto tem o objetivo principal de conscientizar a população em geral acerca do valor da ciência e ressaltar que o investimento no setor gera benefícios à sociedade como um todo. Através dessa iniciativa, é possível conhecer parte da história de cientistas importantes do país.
Criado há 4 anos, o Projeto Ciência Gera Desenvolvimento veicula uma série de vídeos curtos que mostram como a ciência pode ser traduzida em benefícios. Entre esses vídeos é possível encontrar histórias interessantes sobre diversas personalidades da ciência nacional, tais como a agrônoma Veridiana Rossetti, o geógrafo Milton Santos, o psiquiatra Juliano Moreira, entre outros.
Moreira e sua abordagem humanizadora
Em 1896, Juliano Moreira foi aprovado em concurso que o conduziu ao cargo de professor na Faculdade de Medicina da Bahia. Na cerimônia de posse, aproveitou para externar sua indignação com o racismo, quando advertiu: “[…] a quem se arreceie de que a pigmentação seja nuvem capaz de marear o brilho desta faculdade[…] Ver-se-á, então, que só o vício, a subserviência e a ignorância são que tisnam a pasta humana quando a ela se misturam […]”.
Juliano Moreira dirigiu o primeiro Hospital Psiquiátrico do Brasil, o Hospital Nacional de Alienados (entre 1903 a 1930), instituição onde aboliu o uso da camisa de força, assim como mandou retirar todas as grades das janelas e separar adultos de crianças, convertendo-se, assim, em pioneiro na concepção humanizadora do paciente psiquiátrico em nosso país.
O pasiquiatra foi um dos criadores da Academia Brasileira de Ciências (ABC), entidade que presidiu no período de 1927 a 1929. Integrou, ainda, várias sociedades médicas ao redor do mundo, como, por exemplo, a Sociedade de Medicina Legal, nos Estados Unidos.
Para acessar informações acerca da história desse e de outros/outras cientistas importantes do Brasil, basta acompanhar o Projeto Ciência Gera Desenvolvimento, da ABC, através do link http://www.abc.org.br/nacional/divulgacao-cientifica/ciencia-gera-desenvolvimento/