MÚSICA
Por Renana Simões
Musicalmente e conceitualmente, o álbum que Ronnie Von nos apresentou em 1968 foi a maior quebra de conceito artístico que o mundo já presenciou. Príncipe da Jovem Guarda, ou seja, uma das figuras mais importantes de um gênero da grande mídia, Ronnie Von tornou-se, com este disco, um arauto da contracultura nacional, em um trabalho conectado com o que havia de mais moderno na música pop da época. Ressaltamos dois importantíssimos nomes participantes do álbum: Damiano Cozzella, responsável pelos arranjos e direção musical, e Arnaldo Saccomani, compositor de seis das doze músicas, inclusive da maior parte dos destaques.
Meu novo cantar é desconcertante, e se inicia com uma perfeita declamação. Chega de tudo é um maravilhoso convite à liberdade. Espelhos quebrados é umas das melhores faixas alucinógenas da música brasileira. Essas três são assinadas por Arnaldo Saccomani. A seguir, temos o garage rock de Sílvia 20 horas domingo, de Tom Gomes e Luiz Vagner, e a linda Menina de trança, de Flávia e Hédys.
Nada de novo e Contudo, todavia, composições de João Magalhães e Eneyda, são bem estranhas e instigantes, mas eu não gosto. A guitarra fuzz estraga bastante a faixa Esperança de cantar, de Chil Deberto e Eduardo Araújo, e as esquetes musicais ou faladas que permeiam o álbum não são tão divertidas assim, embora sirvam muito bem à proposta subversiva do artista. Anarquia e Mil novecentos e além, ambas de Saccomani, por exemplo, são belíssimas, mas atrapalhadas por esses elementos. O álbum atinge seu ápice com Tristeza num dia alegre, de Newton de Siqueira Campos e Vicente de Paula Sálvia, mas termina muito mal com as duas faixas finais.
Ronnie Von, Ronnie Von (1968), contra tudo e contra todos! Ouça, desfrute, reflita, repasse: