MÚSICA

Por Renan Simões

 

Somos crianças, com cerca de 6 ou 7 anos de idade. Nossos pais vão para um show em um teatro, assentos marcados, coisa bem organizada e introspectiva. Somos também levados para esse show, mas dormimos logo no início. Ouvimos todo o show, mas naquele estágio entre o sono e a vigília. O resultado do que acontece em nossa mente é o álbum Solo, ao vivo, de Lô Borges. Tenho pavor por álbuns ao vivo, mas esse realmente vale a escuta.

A identidade sonora do Clube da Esquina, movimento musical capitaneado por Lô Borges e outros grandes nomes, remete tanto a algo profundamente humano como a uma eternidade ainda a nós inacessível; e o repertório escolhido para este álbum representa as diversas facetas do movimento.

Há aqui grandes destaques lançados pelo Clube da Esquina enquanto coletivo, como Trem de doido, Clube da esquina nº 2, O trem azul, Paisagem na janela e Um girassol da cor do seu cabelo. Há também pérolas da carreira solo de Lô Borges, como Faça seu jogo, Canção postal, Equatorial, Caçador e Sonho Real.

Os instrumentistas são apenas Lô Borges, na guitarra e violão, e Marilton Borges nos teclados; Marilton preenche os espaços possíveis com timbres que, exatamente por serem datados, dão um nostálgico ar empoeirado que aumenta ainda mais a magia do álbum. Além do vocal de Lô Borges, há duas brilhantes participações: Milton Nascimento em Sonho na correnteza e Paulo Ricardo em Para Lennon e McCartney. Por fim, uma questão raríssima: as participações do público são muito boas.

Lô Borges, Solo, entre a realidade e a ilusão! Ouça, desfrute, reflita, repasse: