Em Guwahati, cidade do estado de Assam, na Índia, a organização Bharat Tibbat Sahyog Manch, apoiadores do Movimento pela Liberdade Tibetana (Tibet Mukti Sadhana), decidiu protestar, no dia 20 de outubro deste ano, contra o regime comunista em Pequim. Nesta mesma data, no ano de 1962, o Exército de Libertação Popular da China havia atacado, simultaneamente, Ladakh e Arunachal Pradesh, regiões do norte da Índia. 

 O Fórum de Cooperação Índia-Tibete, junto com outros grupos de apoio Índia-Tibete, decidiu organizar um protesto com o intuito de transmitir uma forte mensagem para Pequim, afirmando que a Índia protegerá seu território a qualquer custo. Já ao governo em Nova Délhi, os apoiadores Índia-Tibete pretendem informar que não haverá progresso na relação sino-indiana a menos que a questão do Tibete seja resolvida amigavelmente e que o Palácio de Potala seja devolvido de maneira digna à Sua Santidade, o 14.º Dalai Lama.

O principal protesto está programado para ocorrer na cidade de Tawang, estado de Arunachal Pradesh, que Pequim frequentemente afirma ser a parte sul do Tibete ocupado. Essa manifestação será organizada pelos grupos de apoio Índia-Tibete e provavelmente será agraciada por Penpa Tsering, recém-eleito Presidente ou Sikyong da Administração Central do Tibete, com sede em Dharamshala, na Índia.  Tsering é reconhecido como o mais alto líder político dos exilados tibetanos em todo o mundo.

Para o Presidente Penpa Tsering, estão programados encontros com representantes de grupos da sociedade civil e personalidades da mídia em Guwahati, discursos para a imprensa em Tezpur e visitas a assentamentos tibetanos em Shillong, Tezu, Miao, Tenzingang, Bomdila, Tuting; ele também prestará homenagens à deusa mãe Kamakhya e ao poderoso rio Brahmaputra, que se origina no Tibete.

Outra visita programada para o Presidente é prestar tributos a todos os soldados indianos que se sacrificaram durante a agressão chinesa em 1962 e também para comemorar o Bharat Ratna (mais alta condecoração civil fornecida pela Índia) do músico e poeta Dr. Bhupen Hazarika, que criou algumas músicas extraordinárias sobre o rio Burha Luit (ou Brahmaputra) junto com o povo no vale, após a guerra de 1962, quando ousou denominar a China como uma nação inimiga por meio de sua canção imortal. 

Em 30 de julho de 2021, Rinchen Khandu Khrimey, organizador nacional do grupo central da causa tibetana, discursou aos cidadãos nacionalistas sobre o motivo do protesto, dizendo que a administração de Pequim atacava a confiança da Índia: “As agressivas forças chinesas mostraram total desrespeito às regras estabelecidas pelo Tratado de Panchsheel, firmado entre China e Índia em 29 de abril de 1954”.

Khrimey, originário de Arunachal Pradesh e ex-membro do parlamento indiano, disse que o Tibete é, na verdade, vizinho da Índia, não da China, e que sua independência beneficiaria tremendamente a maior democracia do planeta. Ele também afirmou que o Tibete tem compromisso com a verdade e logo quebraria as garras da China, emergindo como nação soberana. Também insinuou que os recentes votos de aniversário que o primeiro-ministro Narendra Modi enviou à S.S. Dalai Lama trouxeram novas esperanças para milhões de tibetanos. Porém, Khrimey esperava mais do energético líder Modi para que os exilados tibetanos pudessem retornar ao Himalaia e viver pacificamente sob um governo democrático progressista que deixaria Dharamshala e voltaria a Lhasa, capital do Tibete.

Dirigindo-se à assembléia, o organizador regional do grupo central, Soumyadeep Datta, afirmou que a China estava travando uma guerra ecológica contra a Índia, uma vez que estava explorando o enorme recurso que é a água doce no planalto tibetano e também desviando um grande volume de água do rio Yarlung Tsangpo, com isso, prejudicando a civilização do vale de Brahmaputra.

Um livreto documentando o movimento tibetano escrito em assamês também foi lançado. Conduzido por Jigmey Tsultrim, do escritório de coordenação do Tibete na Índia, a reunião também foi dirigida por dedicados líderes de grupos de apoio ao Tibete: Surendra Kumar, SK Chandravanshi, Ruby Mukherjee, Wangdi Dorjee Khrimey, Urvashi Mahanta, juntamente com os membros do Tibete Livre – Uma voz do Assam, nomeadamente Rupam Barua, Jagadindra Raichoudhury, Pramod Kalita, Nayan Bhuyan, Novanita Sarma, Kankana Das, entre outros.  


Traduzido do inglês por Marcela Pedroso / Revisado por Graça Pinheiro