POEMA
Voa a nota constante
verás que a paisagem muda
e tu corres pelo ar
sentirás que ali na fonte
te derramas
e as cores fundem as paredes
Vibrarás o ouro puro em tuas entranhas
junto ao rio que te traz ondas prateadas
e darás sabor às ondas com tal graça
E renascerás a terra em seus caminhos
Da papoula colherás um apanhado de talos
e saltando chegarás
perfumando o lírio oculto nas montanhas
no recinto mais íntimo
Deixa-te emergir, das estrelas consteladas
beija a noite inflamada em que os signos
voe para os diamantes das manhãs
entrega-te à várzea iluminada
e, assim, que o vento sopra e muda o mundo
Pois aceitar de antemão a derrota
é pensamento e sentir duplo e torpe
olha a rede de sombras
que na caverna projeta seu esboço
Não é uma troça pesada do destino
nem uma prova das horas em méritos adquiridos
É maior! É um sentido radiante
que avançando te constrói
na consistência elétrica do ar
e no fogo que à estrela dá seu brilho
Experimenta a perda daquilo que mais amaste
e verás como se marcha por veredas de esperança
como renasce em um tempo de caminhos
E de novo toca o ouro
no qual forjando-te vibras
não há mais modo
que o olhar profundo do enigma.
Traduzido do espanhol por Nathália Cardoso / Revisado por Tatiana Elizabeth