Aliviando a fome e a pobreza, superando a desnutrição na Zâmbia e na África.
Por Miniver Chalwe
Miniver está desenvolvendo uma plataforma em que a mandioca, as safras abandonadas e as frutas possam ser processadas e cultivadas. Apresentado a fazendeiros e famílias, o projeto os ensina a preparar refeições melhores e mais saudáveis, gerando renda e criando empregos. Também incentiva a mudança de hábitos, ao reduzir a dependência da farinha de trigo (utilizada na preparação de Nsima, prato típico da Zâmbia) e, em geral, ajuda a melhorar a economia do país.
“Camaproza é um empreendimento criado pela comunidade local para atuar no processamento e na desidratação de mandioca (nome científico: Manihot esculenta), e outras safras e frutas regionais. Foi desenvolvido com a finalidade de ensinar fazendeiros, grupos e indivíduos sobre os produtos da mandioca e seu cultivo local, tanto para a venda quanto para o consumo.”
“No momento, trabalho com mais de 75 fazendeiros, nas zonas rural e urbana, mas a intenção é ampliar esse número, já que a produção está acontecendo em larga escala. Os produtos da mandioca devem ser baratos, acessíveis e estar disponíveis dentro e fora do país, já que atendem aos padrões internacionais”, explica Miniver.
Conheça o projeto de Miniver descrito com suas próprias palavras:
“Tive a sorte de ser escolhida pela minha comunidade para participar do grupo internacional de tecnologia e inovação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, que recebe sem discriminação pessoas de origens diversas, profissionais e não profissionais, interessadas em alcançar o mesmo objetivo. Como humanista, fiquei feliz por fazer parte desse grupo. Aproveitei a oportunidade participando ativamente de todos os projetos de 2008 a 2017. Fui treinada para a formação de treinadores, junto com outros zambianos, enquanto me deslocava dentro e fora da África. Aprendi muitas habilidades para a vida e projetos, como o processamento da mandioca, desidratação de frutas e higiene pessoal, apenas para citar alguns.
A colaboração International Development Design Summit (IDDS) me ajudou a explorar áreas urbanas e rurais de 2014 a 2017. Todos os anos pude acompanhar estudantes dos Estados Unidos – nossa instituição fundadora é o MIT D-Lab – indo a vilas para trabalhar nos projetos. Embora tenha sido um trabalho voluntário, eu me diverti nas viagens, não só por ter ido a vários lugares, mas porque aprendi tantas coisas que agora posso compartilhar com as comunidades que ensino, aonde quer que eu vá.
No momento, espero a conclusão do registro da minha pequena empresa para que ela possa ser utilizada como ferramenta e exemplo para todos. O processamento de alimentos já foi testado pela nossa instituição governamental, a Zambia Bureau of Standards (ZABS). Também contamos com a participação da Christian Entrepreneurs Women Network (CEWN), organização voltada para mulheres empreendedoras na Zâmbia. O nome da empresa será: Mandioca Produzida em Massa na Zâmbia (Camaproza).
Pretendo apresentá-la a agricultores, grupos, ONGs, organizações comunitárias e indivíduos, ensinando a preparar e processar alimentos, além de como agregar valor aos negócios e ao consumo. Juntos contribuiremos para reduzir a pobreza e a fome, eliminando a desnutrição em nosso país e na África como um todo. Esses modelos de negócios serão estabelecidos em todas as províncias do país, com pelo menos dois projetos por distrito, que aumentarão depois que as pessoas reconhecerem o impacto do projeto em suas vidas.”
Essa é a vida que eu quero viver.
Miniver Chalwe, mãe de três, é uma ativista dedicada na comunidade local, em Lusaca. Como humanista, trabalhou por muitos anos em voluntariado para diversos projetos de educação, saúde e qualidade de vida.
Traduzido do inglês por Gardenia G. Souza / Revisado por Graça Pinheiro