NOTA PRETA
Por Mauro Viana
Quarteto é formado pelas filhas de Zé Keti e Candeia, pelas netas de Cartola e Clementina de Jesus
Elas trazem o samba no DNA e suas histórias familiares ajudaram a compor a história da MPB e da cultura popular. Descendentes diretas de uma ilustre linhagem de sambistas, elas decidiram se unir nos palcos e criaram o grupo Matriarcas do Samba. Inspirado na obra, nas lutas e conquistas de seus pais e avós, o grupo é formado por Nilcemar Nogueira, Geisa Ketti, Vera de Jesus e Selma Candeia, que são, respectivamente, neta de Cartola, filha de Zé Ketti, neta de Clementina de Jesus e filha de Candeia.
A estreia nos palco do quarteto acontece no próximo dia 27 no teatro Rival
No repertório, clássicos como A voz do morro, Alvorada entre outros clássicos .
“No palco vamos cantar e contar a história do samba por meio do legado de nossas famílias. Desde Tia Ciata, matriarca fundamental para o surgimento e proteção do samba carioca, aos tempos em que o gênero dialoga com o Cinema Novo, critica a ditadura e as desigualdades e se legitima no cenário cultural e musical do Brasil, de maneira sempre atual e pulsante. O Matriarcas do Samba é mais do que um grupo musical, é uma forma de levar à frente lutas que vão além da cultura e da arte – como o combate ao racismo e a valorização das mulheres”, explica Nilcemar Nogueira, 61 anos, neta de Cartola, fundadora do Museu do Samba e idealizadora do grupo.
Para Geisa Keti, 58 anos, filha do autor de Opinião e A voz do morro, o novo conjunto a entusiasma porque vai “fortalecer a presença da mulher no samba e preservar e difundir a história de nossos pais para as novas gerações”. Acostumada a cantar “sem compromisso” em rodas de samba da cidade, Geisa faz planos de incluir canções “quase inéditas” de Zé Keti nas apresentações. “Papai compôs Quero morrer na Portela e Clementina de Jesus no vale dos orixás para projetos muito específicos e, por isso, as músicas são desconhecidas do grande público; é hora de tirá-las do baú”, revela.
Quando mais jovem, Vera de Jesus, 60 anos, chegou a dar tímidas palinhas em shows de sua avó Clementina. Também participou de um grupo musical, mas achava que não seria cantora. Até que, em 2015, se lançou na carreira, interpretando sucessos da ‘rainha do partido alto’ e composições próprias. “Fiquei muito feliz com o convite para integrar o grupo; minha vó é minha musa inspiradora e fico feliz em retomar seu legado e mostrar quem foi Clementina de Jesus para o samba e a cultura do país”, conta Vera.
SERVIÇO
SHOW DE LANÇAMENTO DO GRUPO MATRIARCAS DO SAMBA
Data: 27 agosto
Horário: 19h
Local: teatro rival