CRÔNICA

 

 

Por Luiza Machado 

 

 

As pessoas seguem um curso ininterrupto na nossa vida. A sua presença ou ausência, o quanto nós somos afetados por quem nos rodeia, não são os rótulos – amigo, namorada, ex-namorado – que definem uma relação, mas o sentimento. Antes convivia, via todo dia, queria por perto, amava. Agora não se vê mais, talvez nem queira, não faz questão ou tomou pavor… enfim, existem múltiplas possibilidades passíveis de serem equacionadas nas relações humanas. O interessante é que, perceba, por mais que nós sejamos os protagonistas das nossas vidas, os outros personagens, não importa qual seja o papel, também tem as próprias histórias e, se um dia não estiverem mais na sua, vão estar na de alguém. Talvez você não fique sabendo como as coisas se seguem, mas a vida continua. O que vivemos com as pessoas não pode ser apagado nem modificado. Com as amizades, algumas acabam com a distância, outras se estreitam ainda mais e, para algumas pessoas, o fator geográfico não importa muito. Posso não ver o meu melhor amigo por muito tempo, podemos até ficar sem nos falar, mas o momento quando nos reencontramos é sempre como se nunca tivéssemos estado separados, ou seja, o sentimento por ele não se modifica e então o “rótulo” também não. Nos relacionamentos amorosos, se nós resolvemos chamar alguém de “ex”, isso se trata muito mais de uma conduta burocrática da organização de memórias, de uma relocação de dados na sua cabeça sobre a sua conduta, do que propriamente de um estado real daquela pessoa. É um rótulo que você usa para demonstrar o que sente Até porque, todo mundo é muita coisa ao mesmo tempo para muita gente, depende de quem pergunta.