O sistema educacional continua atento e muito preocupado com a aprendizagem cognitiva de meninas, meninos e jovens em tempos de pandemia. Como podemos continuar procurando os mesmos resultados quando temos aulas remotas sem os recursos tecnológicos adequados, com professores estressados e famílias sobrecarregadas pela superlotação, pela falta de trabalho e incertezas? Seria muito mais produtivo procurar novos paradigmas na educação e um deles é ensinar como perguntar.

Na era da internet, praticamente todo o conhecimento está disponível e armazenado em algum lugar do planeta em milhares de data centers, basta saber fazer a pergunta de maneira adequada, após alguns “cliques” no teclado, acessá-la. Saber perguntar equivale, que no mundo dos contos de fadas, saber esfregar a lâmpada mágica para deixar sair o gênio que vai realizar seus sonhos.

Cada dia é mais importante aprender a perguntar. Infelizmente, questionar os alunos muitas vezes é considerado um incômodo e, ao invés de encorajar esse comportamento, eles ficam isolados e com isso atrofiam a curiosidade que só é satisfeita e retroalimentada perguntando e experimentando.

As primeiras perguntas das meninas e meninos buscam entender a realidade e não são fáceis de responder porque não estamos preparados. Muitas vezes, a consulta pela internet passa a ser nossa tábua de salvação. Mas a realidade escolar é muito diferente. Não há muito espaço para perguntar e muito menos para buscar respostas coletivamente. Acontece o mesmo no mundo adulto quando alguém participa de uma conferência e dificilmente há tempo para perguntas.

Para nós da Fundación Semilla, as perguntas fazem parte da nossa metodologia. Recentemente ao finalizar uma oficina sobre Não Violência com foco no gênero, da qual participaram 52 responsáveis pela convivência da região Bío-Bío, destacaram que um dos aspectos mais valiosos foi a possibilidade de perguntar e receber respostas de seus pares baseados em suas experiências e realidades.

Nossa experiência reafirma para nós a importância de perguntar e de fazer boas perguntas, porque quando a pergunta está bem formulada, não nos garante ter a resposta certa de imediato, mas nos mostra o caminho certo para a solução.

A situação da pandemia, as dezenas de mortes diárias pelo Covid-19, a ocupação dos leitos de UTI, a exaustão, a incerteza, a alegria de uma recuperação e a dor de uma perda e tantas outras situações que mudaram as nossas vidas, são terrenos férteis para incentivar meninas, meninos e jovens se fazerem perguntas. Não tenhamos medo de não ter as respostas, vamos procurá-las juntos, vamos desenvolver a capacidade de diálogo, recuperemos os espaços de diálogo.

Estamos em tempo de mudança e necessitamos de novos paradigmas na educação. Em vez de lamentar que os alunos estão ficando atrasados em leitura e matemática, colocamos todas nossas forças em ensinar a perguntar por que o futuro sempre pertencerá àqueles que têm a ousadia de questionar e questionar a si mesmo.  


Traduzido do espanhol para o português por Ivy Miravalles / Revisado por Tatiana Elizabeth