Há um enfrentamos confinamento, medo do contágio e incertezas sobre o futuro.
Nietzsche: afirmou que todos os acontecimentos: passado, presente e futuro, se repetirão continuamente, inevitavelmente, em um ciclo de eterno retorno. Ou seja, a Humanidade permanece atada e fiel à sua natureza e, ainda quando conseguimos avanços espetaculares na ciência e na tecnologia, tende a repetir seus erros e se apegar a um pensamento hegemônico que a impede de quebrar a tendência ao retrocesso. Por sua vez, André Gunder Frank, sociólogo germano-estadunidense que propôs a teoria da dependência desde 1960, explica como a trajetória dos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, diverge da trajetória das nações que alcançaram uma evolução notável da sua economia, portanto é incorreto extrapolar essas experiências por ter um desempenho diferente.
Pode ser necessário rever a história dos povos para entender melhor o mundo que nos rodeia e aprender mais sobre as limitações humanas. Hoje enfrentamos uma peste globalizada do qual ignoramos quase tudo. Nossa falta de conhecimento nos leva por caminhos aleatórios para explicar, de algum modo medianamente razoável, a reviravolta total que nos atingiu. Daí a diferença, entre um país e outro, nas normas impostas para fazer frente à emergência sanitária e que os povos se encontram sujeitos a regulamentações muitas vezes opostas ao sentido comum, como decorrente de um romance de Kafka.
Mas a pandemia não só atingiu a saúde pública: teve seu maior impacto na vida cotidiana, na rotina doméstica, nas relações interpessoais, e no direito às liberdades civis ao impedir, das autoridades oficiais a continuidade da vida que estamos acostumados. Hoje a saúde, além de ser uma questão de política pública, se tornou um perigoso instrumento de poder nas mãos de governantes indesejáveis. O processo de desenvolvimento e distribuição das vacinas, elemento indispensável para conter a propagação da doença, cercado de mistérios e manobras discriminatórias, a que se soma a incerteza sobre o alcance de sua cobertura e o destino que espera de países incapazes de administrá-la.
Voltando a Gunder Frank e a sua afirmação que o subdesenvolvimento das nações é uma política de dominação dos países desenvolvidos – os Estados Unidos, na cabeça -para manter a dependência de nossos Estados, a situação atual deixa claro como a sobrevivência dos povos do Terceiro Mundo está sujeito à esmola dos poderes e à fraca capacidade de reação aos governantes, que esses poderes têm apoiado e financiado para conservar sua hegemonia. Nesse sentido, embora haja países no continente, que têm conseguido avançar em políticas positivas diante a pandemia, a maioria dos países em desenvolvimento está no limbo provocado pela falta de planos de contingência, pelo desvio imoral de recursos para contas pessoais dos seus governantes ou, simplesmente, por sua absoluta incapacidade de execução.
Se o eterno retorno é algo inevitável, é necessária uma revisão de como enfrentar suas manifestações e considerar a tarefa de quebrar a tendência ao fatalismo. Não é necessário cometer os erros do passado uma e outra vez. Para isso, temos que nos educar; estudar a história e não aceitar as decisões errôneas dos oficiais com resignação, o mecanismo de dominação perfeito para quem nos quer presos e submissos; em vez disso, se preparar para participar em uma sensata volta à normalidade.
Traduzido do espanhol por Ivy Miravalles / Revisado por Tatiana Elizabeth