NOTA PRETA

 

 

Por Mauro Viana

 

 

Carioca, raízes fincadas na Unidos da Tijuca, Elaine Machado faz parte da recente história do samba carioca. Ela representa a geração que protagonizou a renovação do samba, nos anos 1980.

Nesta década, a quadra do Bloco Cacique de Ramos- Zona Norte do Rio de Janeiro – educava o mundo com suas reuniões contra hegemônicas cujos professores eram também poetas. Eram também militantes. Eram:  Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão, Deni de Lima, Arlindo Cruz, Beto Sem Braço e Jovelina Pérola Negra. No centro desta constelação fulgura a estrela ELAINE MACHADO:

“EU SOU BARRO

EU SOU CHÃO

EU SOU PÓ

EU SOU POEIRA

SOU FILHA DESTE TORRÃO

SOU A RAÇÃO BRASILEIRA”

Estamos no ano de 1985 e Elaine Machado nos brinda com este belo e poderoso hino intitulado: RAÇA BRASILEIRA

Gravado pela própria compositora, o  samba Raça Brasileira  foi o carro-chefe do vinil de mesmo nome. O disco Raça Brasileira  reúne, entre outros “novatos”, nomes como: Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho, Pedrinho da Flor. Tem mais: Raça Brasileira (Elaine Machado) antecipa, em mais de 30 anos, a discussão étnico-racial, na cena musical brasileira. Não bastasse isso, a cantora e compositora Elaine Machado pertence à aristocracia do samba.

Afinal, sua família, entre outras, é uma das fundadoras da Unidos da Tijuca.

OBRA

Por esta razão, a obra da compositora e cantora Elaine Machado desfila uma diversidade de estilos de sambas. Esta “diversidade de raiz” é fonte, referência e matriz para todas as gerações. O cantor e compositor, Xande de Pilares, por exemplo, em parceria Gilson Benini e Dinne da Vila a retribuíram com o samba:

DONA DA CASA / SOU EU

TÁ PENSANDO / O Quê?

PEGO NO BATENTE / DENTRO DO MEU LAR

NÃO FICO DE BOBEIRA / DE PERNAS PRO AR

 

A interpretação de Elaine Machado para o samba Dona de Casa é poética, vigorosa e, ao mesmo tempo, sensível. Não por acaso, há 35 anos, ela ostenta o título de renovadora do samba.