POEMA
Por C. Alfredo Soares
Perto
Tão perto
Que tudo silencia
Só o coração ressoa no peito ardido
No rosto a gota de sal escorre e arde
A saliva amarga
Resseca a boca
Como um bote não dado
Depois de tanto procurar
Tudo que deveria ter sido e não foi
Em razão da beleza além da imaginação
A estupefação paralisante do ver
Capaz de congelar as pernas
E por fogo no coração
Ter e não te ter
medo estupido e infantil
Que reside calado
E que só agora admite existir
Mil perdoes
Flor do caminho
Lírio, colírio
Jasmim da meia noite
Com seu rastro do perfume
Ópio
Agora que sei
Não sei o que fazer
Tateio no escuro
Procuro palavras
Abro meu dicionário e não acho
Diacho
Ao fundo ouço a água no riacho
Nele vou me jogar
Seguirei rio abaixo
Para no mar me afogar